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A aula passou lentamente, mas eu pouco prestei atenção nela. Eu estava apreensiva pelo que fizera e ainda, havia me comprometido a ajudar alguém que eu só conhecia há pouco tempo e nada sabia a respeito.
Haviam poucos na aula. Victória voltara mas, como sempre, nos ignorava. Ela só mantinha a atenção ao professor. Emerson estava calado, estava mais ausente do que de costume, sendo totalmente compreensível. Jadir implicava com Adriel, que, por sua vez, não desviava o seu olhar de mim - o que me fez sentir-me mais culpada. O olhar de Adriel era indescritível, mas sua expressão era séria, mais do que de costume. O que ele estava pensando? Ele poderia saber de algo? Não, não acreditava nisso. Mas, por via das dúvidas era melhor voltar ao meu modo taciturno e tentar me concentrar no que restava da aula. Eu não podia enlouquecer naquele momento.
Assim que terminamos, apressei-me ao vestiário, sem nem olhar para trás. Talvez Jadir pudesse esquecer do encontro e deixar que eu passasse por essa livremente. De qualquer forma, fui até a cafeteria da academia a fim de espera-lo. Ao lá chegar, porém, ele já estava. As minhas esperanças se desvaneceram. Fui, lentamente, até onde ele estava e me dispus a falar, assim que cheguei:
- Qual é o crime que você quer que eu cometa ou encubra?
Jadir olhou-me de forma confusa e se pôs a rir ou chorar, não sei bem. Eu fiquei parada, em pé, esperando que a rajada de "felicidade forçada" passasse e ele ficasse tão sério quanto eu estava. Mas, para a minha tripla surpresa daquele dia, ele aliviou um pouco a expressão, na verdade, aliviou muito a expressão, ficando sério e gesticulava para que eu me sentasse. Esperei que ele dissesse algo, o que levou dois minutos inteiros:
- Desista do Adriel, Esté... – ele falou, enxugando as lágrimas do canto dos olhos. Naquele dia, parecia mesmo que Jadir estava disposto a me surpreender, mas ainda esperei que ele continuasse. – Ele não é, nem nunca foi, do tipo... ânh... sociável.
- Você fala como se o conhecesse há tempos... Sei que o atende há algum tempo, mas...– falei, por fim. E ele bufando um riso respondeu:
- Se falo é porque o conheço.
Ficamos nos encarando, ele com uma expressão séria e eu, com uma que a qualquer momento poderia esganá-lo. O que ele tinha a ver com tudo aquilo? Depois de 30 segundos – voltei a me concentrar no tempo – falei, mantendo a seriedade:
- O que você quer de mim?
- Preciso de ajuda para uma investigação...- Jadir desviou o olhar, parecia até entristecido. Isso seria normal para qualquer outra pessoa, não para ele. O que, obviamente, me deixou confusa.
- Não sou detetive... – apressei em lhe dizer. – Além do mais, não quero me meter em mais encrenca.
Jadir não me encarou nem disse nada por um tempo considerável de 45 segundos. Para ele tratava-se de um recorde. Até que, finalmente, ele ergueu a cabeça, fitando algo que parecia ir além de mim e falou, quase em sussurro:
- Eu estive ausente por uma semana inteira por um motivo... Foi mais de um grave acidente ocorrido... aqui! – Voltou a me fitar e enfatizou a última palavra a destoando das demais da frase. Eu não sabia ao certo do que ele estava falando, seria algo a ver com Mikaela? Mas, ele falou "mais de um crime"!
O clima havia mudado, a atmosfera tenebrosa me fez arrepiar e a única coisa que me dispus a fazer foi fita-lo e esperar que continuasse... E ele continuou.
***
Aproveitei a folga naquele dia para colocar o meu plano em prática. Digitei o que pude fotografar do caderno de Adriel, disposta a imprimi-lo. Se ele descobrisse, eu estaria encrencada. Ele já havia me alertado, certo? Além do mais eu já o conhecia o suficiente para saber que suas anotações eram sagradas. Ninguém podia vê-las, o que aumentava o meu status de criminosa, mas a culpa a respeito já não me incomodava tanto. Eu sabia que tinha que fazer aquilo. Desde que eu ouvira alguns trechos do que ele escrevia, percebi que seriam úteis e que eu poderia usar como projeto na faculdade e, até mesmo, apresentar a direção de onde estagio, isso poderia ajudá-lo muito. Adriel era um poeta fantástico.
Eu não havia conseguido ler nada enquanto fotografava. Na verdade, estava tão nervosa que algumas fotos saíram bem tremidas e tive que deduzir algumas coisas. O bom é que a letra de quem escreveu era perfeita. Muito melhor que a minha, por sinal. Adriel era seguro na escrita...
Enquanto digitava eu tentava manter a atenção, a fim de não cometer alguns erros, foi quando me deparei com algo totalmente inusitado e, até mesmo, perturbador.
Eu havia acabado de digitar dois poemas, o terceiro era um soneto. Estava mais difícil de visualizar a foto, mas, se meus olhos não estivessem me enganando, tinha por título o nome.... Estela.
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Agora estamos ficando sem chão... O que acham que dará daqui pra frente? Confesso que nem eu sei ao certo. Semana que vem saberemos e contarei a novidade pra v6. Muito obrigada por ler, vocês são demais!!!
Ah, eu vim divulgar uma entrevista que fiz pelo perfil do "divulgobooks" - Entrevistas: J.E. - Foi muito legal. Confiram lá (link no link externo e comentários.)
<3
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DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos Amâncio
RomanceBASEADO EM FATOS REAIS Trata-se do primeiro livro da "Trilogia dos irmãos Amâncio". Três irmãos compartilham de uma mesma vida devido a uma doença genética, uma distrofia muscular, que debilitará e ceifará a vida de dois deles. Destaque ini...