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Cheguei ao andar que me indicaram e diminuí o passo. Ainda assim andava com firmeza sentindo que meu coração batia tão alto quanto cada pé meu ao tocar o solo. Poderia parecer impressionante que ninguém mais percebesse tamanha vibração, mas era assim que funcionava. Ninguém mais importava.
Eu finalmente veria Adriel e lutaria com o tempo mais uma vez e quantas vezes fosse preciso.
O enfermeiro, auxiliar, ou sei lá quem que havia me informado a respeito do quarto, estava certo.
O ambiente estava mal iluminado. A janela era ampla e estava entreaberta. Devido a breve tormenta, embora ainda fosse dia, a noite chegara mais cedo.
Eu não conseguia enxergar direito... Ainda assim, eu sabia que era Adriel quem estava ali. Eu podia senti-lo. Ouvia sua respiração e quase que podia tocar seus pensamentos... Eu não precisava mais agir pela lógica!
Minha visão começou a se acostumar com a pouca claridade. Eu podia ver uma grande árvore com suas folhagens "dançando" no ritmo do vento. Inspirei profundamente enquanto fechava os olhos. Consegui sentir o aroma da chuva que estava chegando e me adiantei.
– Adriel? – Chamei.
Não obtive resposta. Aproximei-me do leito e insisti:
– Adriel? Pode me ouvir?
– Estela?! – O ouvi, com a voz não muito elevada, parecendo surpreso. – O que faz aqui?
Parecia que ele não podia prever tudo o que eu faria, afinal.
Já conseguia ver um pouco de suas feições. Ele não estava mais utilizando de nenhum equipamento como ventiladores e eletrodos. Era para a cirurgia... A breve cirurgia! Logo viriam buscá-lo.
Podia ver os olhos de Adriel surpresos. Senti a sua ansiedade! Estava esperando por mim, pelo que eu pudesse dizer ou fazer. Inclinei-me para mais próximo dele e sussurrei em seu ouvido:
– Eu estou aqui, querido, e não mais sairei.
Ergui-me devagar e retirei o colar que levava, o colar que a Adriel pertencia com um pouco de mim nele. Debrucei-me e coloquei nele, mesmo sabendo que não poderia entrar com aquele objeto no centro cirúrgico, e o beijei. Apaixonadamente e desesperadamente o beijei. Ansiava por senti-lo, por vive-lo, por tocá-lo... Eu não podia suportar mais.
Com minhas mãos ainda presas em seu pescoço o envolvi e o apertei contra o meu peito. Sentia que o desespero não era exclusivo meu. Ele estava tão ansioso quanto e me prendeu pela cintura. E não havia mais nada, não havia mais ninguém, não havia o sacolejar da tempestade, o ruído dos ventos, o tilintar das gotas de chuva ou o arranhar dos galhos das árvores nas janelas. Não havia mais o hospital, nem enfermeiros, médicos, anestesistas, enfermos e seus acompanhantes. Naquele instante só havíamos nós dois prontos para nos tornarmos um.
Sentia o seu ofegar se confundindo com o meu e eu já estava delirando.
– Adriel... – Sussurrei.
– Estela... – O ouvi dizer. – Eu te amo.
Senti que estava queimando. Eu o amava mais do que tudo... Mais do que a minha própria vida.
***
Oh meu maior vilão! Percebe que não me venceu nem o pode mais? Finalmente se convenceu de que não preciso mais de você?
Eu não estava ciente do tempo e estava ainda desnorteada. A minha volta não existia, somente ele. Eu precisava dele! Não podia mais continuar sem ele! Ele tinha que lutar por nós! E foi quando me lembrei... Adriel faria a cirurgia em breve e, golpeando os meus tímpanos, eu podia ouvir os pesados passos que, sem dúvida, eram dos que o tirariam de mim.
Deitando ao seu lado, ainda abraçada a ele comecei a chorar. Ele me abraçou mais, me beijou a testa e, com voz rouca, fez um pedido:
– Cante para mim.
Apesar de minha súbita surpresa, eu não conseguiria nada lhe negar. Não mais! Mas, eu não sabia cantar... Além do mais, eu não conseguia controlar as lágrimas que ainda jorravam de meus olhos. Eu não estava muito atenta para me lembrar de uma música específica, mas logo me surgiu a lembrança de uma internacional que me embalava na infância, me apaixonava na adolescência e me inebria neste instante. Sabia que não conseguiria manter a afinação, mas tentei cantar, com alguns engasgos e soluços:
"You raise... me up... so I ..can stand on... mountains... You ..raise me.. up... to walk ...on stormy seas. I am ..strong... when I.. am on... your shoulders.., You raise.. me up... to more.. than.. I.. can.. be..."
Tivemos que nos separar. Era hora da cirurgia.
Ainda chorava, sua ausência me era muito dolorosa. Sentia-me com frio, inquieta, desprotegida... desolada. Tiraram parte de mim! Mas, meu coração afirmava que aquilo não seria por muito tempo. Ele iria voltar! Para mim, ele iria voltar!!! Mas, o que eu faria até lá?
Percebi, em desespero, que não conseguia andar... Naquele momento eu não conseguia sair do lugar e uma imensa dor tomou conta de mim.
"Volta Adriel! Meu amado..." – Em pensamentos eu me desesperava e prostrada ao chão daquele quarto de hospital, agora solitário, finalmente gritei com tudo o que eu ainda tinha de forças.
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Queridos - despeçam-se de Estela! Os capítulos finais (epílogo dividido em 3 partes) serão narrados por Adriel.
Quem aqui está apaixonado? \o/
Mais novidades virão, até porque, uma história de amor verdadeiro nunca tem fim... Em nossas cabeças e coração elas podem começar com um final feliz... e assim continuar com uma felicidade eterna!!!
Até breve seus lindos!!! <3
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DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos Amâncio
RomansaBASEADO EM FATOS REAIS Trata-se do primeiro livro da "Trilogia dos irmãos Amâncio". Três irmãos compartilham de uma mesma vida devido a uma doença genética, uma distrofia muscular, que debilitará e ceifará a vida de dois deles. Destaque ini...