20 - NO HOSPITAL - Primeira Parte

3.8K 386 29
                                    

Adquira "Debilitado" na Amazon.com.br – com a versão estendida!

~~~~

Eu havia perdido a noção do tempo, sabia apenas que era noite pois o céu assim denunciava. A outrora quase tempestade virara uma garoa fina, permitindo meu percorrer pelas ruas daquele bairro de maneira mais facilitada. No entanto, eu mal a reparei. Eu não sentia mais frio, apenas uma angústia muito forte dentro de mim. Se eu pudesse, eu me ajoelharia ali mesmo nas calçadas e gritaria com todas as minhas forças, mas eu não o faria. Eu tinha uma ânsia maior.

Passei por algumas estradas alagadas e levei muito mais tempo para chegar ao meu destino do que imaginava. Vando me dera uma ideia do endereço do lugar e, não sei bem como, fui sendo guiada para lá sem grandes problemas.

Eu não reparava no que estava a minha volta, olhava apenas a minha frente em busca de minha premiação. Ainda assim, eu ouvia de modo longínquo buzinas de automóveis, sirenes, pessoas farfalhando. O trânsito estava ruim, não apenas pelo horário, mas pela torrente de mais cedo. Isso, obviamente, não me importava ou desanuviava. Eu estava a pé e firme.

Andando no mais rápido possível - não me sentia exausta, mas tinha dificuldades em me locomover apressadamente por meio de terrenos acidentados e alagados, porém, enfim cheguei ao porto do meu desespero.

Apressei-me para entrar no hospital. A luz que emanava de seus corredores quase me cegou por alguns instantes, levando em consideração a luz precária das ruas e o breu da noite. Apertei minhas pálpebras e forcei minhas pupilas a fim de enxergar a moça da recepção.

Aproximei-me cambaleante e estava disposta a perguntar, porém algo de anormal me aconteceu... Minha voz não saía. A profissional que estava na recepção me fitava curiosa e eu pressionava minha garganta – ela estava obstruída. Percebi que a moça que tentava me atender se comunicava comigo, mas eu não conseguia distinguir-lhe. O som estava distante, muito distante... Reparei que ela me fitava preocupada e então percebi que estava em farrapos. A chuva deve ter sido bem mais intensa do que me pareceu.

Eu me sentia sufocar e tentei gesticular de forma desesperada para a moça, foi quando eu deixei de sentir minhas pernas e tudo escureceu... Seria o meu fim?

***

Tomei consciência ao sentir que algo havia acertado minha cabeça... Parecia... Uma bolinha de papel?

Abri os olhos lentamente e a luz me inoculou. Levei alguns minutos para perceber que estava em um hospital. Mas o que eu estava fazendo ali?

Em meu braço estava um acesso que, na certa, estava recebendo soro e algum medicamento qualquer.

Olhei a minha frente, minha vista opaca aos poucos foi se adaptando e identificando o ser que ali estava.

- Jadir?! – Questionei, surpresa, quase em sussurro. Minha voz não saía ao todo.

- Que susto você deu na sua tia, hein? – Ele me olhava com desaprovação debochada, eu sabia.

- Mas o quê...? – Interrompi meu próprio questionamento e me lembrei. Como pude esquecer? Mesmo que por poucos segundos? – Adriel! Como está o Adriel? – Interpelei-o no tom mais alto que consegui.

Jadir pareceu me estudar por alguns instantes de modo sisudo e nada respondeu.

- E então? – Insisti impacientemente.

O sem vergonha suspirou e falou se levantando da poltrona que estava assentando:

- Eu preciso ir. Sua tia já está voltando...

- Espera! – Esforcei-me, sentando sobre a cama e sentindo uma vertigem imediata. Levei uma das mãos para amparar minha cabeça que muito pesava, para conseguir fita-lo de modo suplicante.

Jadir olhou apiedado para mim e, antes de sair e encostar a porta, falou cabisbaixo:

- Não sei quanto tempo ele vai durar...

Eu não podia acreditar! O que ele estava dizendo com aquilo? Era tudo tão grave assim?

De ímpeto retirei meu acesso e coloquei minhas pernas para fora da cama. Senti a tontura avançar e abaixei a cabeça por alguns instantes. Eu trajava uma camisola de hospital e estava sem calçado. Minha bolsa estava ali do lado. Também havia mais dois leitos ali, mas estavam vazios. Isso me era bem oportuno.

Desvencilhei-me da cama, tentando acostumar-me com o ambiente e quando estava quase avançando...

- O que você está fazendo Estela? – Minha tia assustada. O que ela estava fazendo ali?

- Você não pode sair daqui – continuou bronqueando e me amparando. – Vou ter que chamar a enfermeira novamente...

Eu nada disse. Para minha infelicidade, ela não saiu do quarto para chamar suporte, apenas apertou a campainha e me retornou para a cama.

- O que você estava pensando? Sair assim, tão doente? – Continuou a bronca.

E agora? Como saberia de Adriel?

- Eu estou bem, tia... – Falei em sussurro, ainda pela garganta.

- Não, não está! Podia ter contraído uma pneumonia, sabia?

Abstraí suas broncas e me pus a pensar... Como eu poderia saber de Adriel? Melhor ainda: como eu o veria?

***

Estela já está no hospital, mas não parece nada bem... Torçamos para que ela logo avance em seus objetivos e nos alivie quanto ao querido Adriel. 

Obrigada pela leitura! <3

DEBILITADO - Livro 1 [COMPLETO] - Trilogia dos irmãos AmâncioOnde histórias criam vida. Descubra agora