Descemos do ônibus e andamos pelas pequenas montanhas próximas a pista. O caminho não era tão longo, não pelo o que eu me lembrava.
Helena não dizia uma palavra, o que me assustava bastante já que ela sempre foi de falar muito.
Flashes de quando eu batia em Josh passavam pela minha cabeça. Essa não foi a primeira vez..
Eu realmente achei que ele tinha aprendido a lição. Depois do que ele fez..e anos fazendo terapia, não achei que poderia acontecer algo parecido de novo.
O sol já surgia no céu, estava um pouco nublado ainda. Frio e triste.
"Já estamos chegando?" Pergunta Helena, que até então não me dirigia a palavra.
"Já estamos chegando"
Faz tantos anos que não venho até aqui. Pra falar a verdade sempre fui covarde, o que faltava mesmo era coragem de encarar as lembranças de meu pai. As boas e as ruins.
Descemos uma ladeira. Avisto a cabana próxima ao pequeno lago. Instantaneamente me veio a primeira lembrança, que eu sabia que não seria a última.
"Lucca vai ser ali" Ele aponta para uma árvore ao lado do laguinho "embaixo na árvore"
"Mas por que pai?"
"É escondido, se a polícia vir atrás de mim algum dia terei um lugar para ficar" Seu rosto rígido me encara e eu entendo que não era para fazer mais perguntas.
Mas por que meu pai precisaria fugir da polícia?
"Tudo bem, por onde começamos?"
"Vamos na cidade arrumar uns materiais e ver se a puta da sua mãe já arrumou mais dinheiro" Seu hálito de álcool chega ao meu nariz.
"Vai me ignorar agora?" Helena diz e eu afasto as lembranças.
"Desculpa, estava vendo o lugar. Vamos?"
Andamos até a cabana, que de longe parecia estar em bom estado.
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Uma cafajeste
Literatura KobiecaEla sai com pessoas que ela não conhece só para esquecer. Ela é assim, pertence só a quem quer pertencer. Mas talvez ela só quisesse alguém que aquecesse seu coração, não sua cama.