Capítulo 34 - Sua mãe e sua família

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[capítulo sem revisão]

"Achei que estaria pior" Digo ao entrar e ouvir o rangir da madeira velha.

Estava até que conservado demais para o meu gosto. Tinha uma cama de casal, alguns objetos de decoração e itens básicos.

Helena pareceu gostar do lugar, mas mesmo assim, sei o quanto ela queria voltar para casa. Para a sua vida.

Vasculho gavetas em busca de algo interessante. Nada que me interesse. Meu pai deve ter levado tudo quando fugiu.

"E então? Não vai me dizer nada sobre Josh ou o porquê de você estar evitando esse lugar?" Ela mastiga o macarrão improvisado e me encara.

"Não posso dizer nada sobre Josh" Sento-me ao seu lado na pequena mesa de madeira.

A segunda memória já vem em minha mente.

"Não pai, para por favor" Imploro ao ter a imagem do meu pai bêbado e com um cinto na mão.

Não de novo não! Isso dói de mais.

"Você é um menino muito mal criado"

Sinto o impacto do couro em minhas pernas. No mesmo instante ficou vermelho e ardido. Onde está minha mamãe? Ela sempre me protege.

Subo na mesa e sinto pela segunda vez o couro em mim perna.

"Mamãe, mamãe!"

"Aprenda a ser homem!" Ele grita e sinto os meus olhos ficarem marejados.

"Caramba Lucca, segunda vez que você me ignora hoje"

"Desculpe" Dou uma garfada no meu macarrão "Onde estávamos?"

"Você me contar qualquer coisa"

"Não posso falar sobre Josh e não tenho nada para lhe dizer sobre essa cabana" Digo enfim.

"Você mente muito mal"

"Tudo bem..se você me disser algo sobre você, eu te respondo algo sobre mim"

Seus lábios se contorcem em largo sorriso de vitória e ela se inclina sobre a mesa..provocante.

Pelo menos no meu ponto de vista.

"O que você quer saber?"

"Bom..quando nos encontramos pela primeira vez você me contou uma parte da sua história e confesso que fiquei um tanto..intrigado. Onde está sua mãe?" Pergunto de forma objetiva e direta.

Ela respira fundo.

"Minha família sempre foi bem sucedida. Meu pai e minha mãe sempre estiveram uma situação financeira estável. Minha mãe veio de uma família um pouco abaixo da média, ou classe social, como quiser chamar..Isso sempre foi um problema para a família de meu pai, afinal meu pai era um Drobeven e deveria pelas leis da natureza se casar com uma moça rica"

Eu ouvia atento a cada detalhe da história.

"Minha família, ou melhor, Suzan, minha avó, fez tanta pressão que minha mãe simplesmente sumiu no mapa e ninguém teve notícia dela desde então. Bom, por fim, os Drobeven's continuaram sendo os Drobeven's"

"Você nunca a procurou?"

"Já procurei por um tempo" Seu semblante se torna triste "Não tive sucesso"

"E a morte de seu pai, Mônica, Lexie?" Pergunto sem olhar Helena nos olhos, sei que já estou abusando de sua vontade.

Ela joga seus cobelos para atrás e empurra o prato vazio para frente.

"Você sabe que vai ter que responder minhas perguntas né?"

"Uhum" Resmungo e a encaro fixamente nos olhos.

Por que aqueles olhos tem que ser tão lindos?

"Quando minha mãe desapareceu, meu pai ficou muito mal e gastou uma verdadeira fortuna para encontra-la e bom..como você sabe ele não a encontrou. Depois de alguns anos sozinhos e solitários ele encontrou a mãe da Lexie, Carla, eles nem chegaram a se casar e ela já tinha engravidado o que foi uma afronta para a minha avó. Todos concordaram que foi um golpe do "baú", para conseguir dinheiro do meu pai, rapidamente Suzana mexeu seus pauzinhos e Carla concordou em receber uma mesada para cuidar de Lexie bem longe da família. Só fui ter conhecimento de Lexie algum tempo depois. Meu pai estava tão abalado e deprimido que se afastou completamente e só vivia para o trabalho, mal nos víamos. Por uma sorte grande ele se encantou por Mônica, que era simplesmente perfeita ao olhar da família, resumindo ela vinha de uma família rica. Eles se casaram e por muitos anos eles foram felizes, até que a bomba de "Lexie" explodiu lá em casa e você já deve imaginar o que aconteceu. Quase se separaram"

"E o que aconteceu depois?"

Aquela história era digna de um bom livro, com certeza.

"No final das contas, Lexie e Mônica se apegaram bastante, então Lexie vivia lá em casa. Pra falar a verdade ela nunca foi e nem é muito apegada a mãe dela, ela nunca me respondeu porquê. Quando o meu pai morreu.."

Seus olhos começam a ficar levemente marejados e eu segura sua mão para mostrar-lhe apoio. Era como eletricidade.

"Quando o meu pai morreu, tudo mudou completamente. Não via mais o brilho nos olhos de ninguém naquela casa e foi assim por muito tempo. Quando completei dezoito anos, Lexie foi morar lá em casa e eu fui embora em busca do meu brilho nos olhos de novo"

"Ele foi assassinado não é mesmo?" Indago sabendo que estava abusando demais da sorte.

Ela respira fundo e bufa.

"Ele foi assassinado no prédio dele. Como o meu pai era uma pessoa pública e influente, o caso rapidamente resolvido. Mas o interessante, é que eles negam por todo que é mais sagrado e isso me intriga demais"

"Eles sempre negam Helena"

"Mas eu vejo verdade nos olhos deles" Ela tira suas mãos das minhas.

"Helena, se eles foram presos, é porque tem provas"

Ela suspira.

"Lexie acha que o acidente de carro foi proposital. Que alguém tentou matar Mônica"

Agora não tinha mais argumentos para fazê-la se sentir melhor.

"Vem" Levanto e estendo-lhe a mão "Vamos dar uma volta.  Quero te mostrar uma coisa"

Uma cafajesteOnde histórias criam vida. Descubra agora