Penúltimo capítulo, meu povo!
Hoje a neve já não era tão forte como ontem. Porém, os seus flocos ainda coloriam a floresta quase por inteira. Eu já estava completamente preparada para o que vinha essa noite.
Orion seguia na minha frente, trajando um grosso sobretudo preto, com calça e camisa de lã tudo da mesma cor. Nós pés, as suas botas afundavam, nos lugares em que a neve estava mais concentrada. Seus fios ruivos já possuíam uma fina camada branca e suas bochechas estavam rosadas. Ele estava lindo, perfeito.
- Escutou isso? – Perguntou, quando parou abruptamente.
Estaquei no lugar e me concentrei nos sons a minha volta. Escutava apenas o som das nossas respirações.
- Não, o que você ouviu?
- Acho que...
Ele não teve tempo de concluir a frase, pois um grande vulto negro surgiu de um dos refúgios da floresta, e se chocou contra Orion, fazendo este literalmente voar contra uma grande árvore.
Abri muitos os olhos, quando observei a enorme besta de olhos verdes brilhantes. A boca estava aberta, revelando enormes presas. Era o lobisomem que encontrei naquela primeira noite.
A criatura ficou em posição de ataque e se aproximou de mim, peguei as pistolas no meu coldre e quando estava preparada para atirar, observei outro lobisomem de pelugem escura se aproximar. Olhos dourados...Orion.
Ele aproveitou que o outro lobisomem estava distraído, e cravou seus dentes afiados no ombro do mesmo, fazendo o seu oponente soltar um uivo.
Mas, o lobisomem não demorou a atacar Orion e ambos começaram a lutar entre si. A todo momentos ouvia grunhidos e som de carne rasgando. Não podia ficar ali somente olhando! Eu tinha que fazer algo!
- Vai atrás dos livros, Daphne! – Exigiu Orion.
- Não irei deixar você aqui! – Retruquei.
- Vai agora! Não estrague tudo, Daph! Deixe que dele, cuido eu! – Gritou e empurrou o lobisomem de olhos verdes.
Permaneci completamente estática no meu lugar, e então comecei a correr. Precisava ir atrás daqueles livros para Orion. Ele iria ficar bem, eu sei que iria.
Corri durante vários quilômetros, pouco me importando com os arranhões provocados pelos galhos, ou pela friagem que fazia as minhas sobrancelhas congelarem.
Quando cheguei no esconderijo da irmandade, a guarda prontamente liberou a minha entrada, eles me reconheciam.
- Srta. Underwood. – Ambos disseram.
- Boa noite. – Disse rapidamente e entrei.
Quando cheguei na primeira porta, depositei a minha digital. Atravessei o impessoal corredor e cheguei na segunda porta, lá pus o meu olho direito, para a identificação. Em instantes, minha entrada foi liberada, e cheguei na biblioteca secreta da Irmandade.
Tentando ao máximo passar sem ser despercebida, atravessei o lugar e fui até o elevador subterrâneo, cliquei no andar mais baixo e esperei. A todo momento, a imagem de Orion vinha na minha cabeça e eu começava a entrar em desespero.
Bati a testa no metal frio da parede do elevador, e deixei uma lágrima sair. Fazia anos que eu não chorava por outra pessoa, e nem imaginava que Orion me faria entrar nesse estado de melancolia.
O som da cabine soou e as portas se abriram, saí apressadamente do elevador e caminhei até a porta selada a senha. Digitei o número e fiz o reconhecimento facial.
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Red
Short StoryNem todo conto de fadas é do jeito que imaginamos... Há muitas releituras de uma mesma história, mas sempre vendo só um lado da situação: a da mocinha e do mocinho. Os vilões sempre são vistos como os únicos errados da situação, mas será que se...