País de Gales
- Anda, Diana, nós vamos nos atrasar! – Minha colega de apartamento gritou do outro lado do parque em que estávamos fazendo um piquenique com amigos.
- Vai na frente, quero terminar esse livro, e aqui está muito agradável. – Retruquei e me aconcheguei mais no lugar em que estava sentada, em baixo de uma árvore.
- Como você é teimosa! Tudo bem! Fique com os seus livros! – Falou irritada e saiu andando com o namorado.
Os livros sempre foram o meu refúgio. Eles preenchiam o vazio do meu coração, que parece que nunca será preenchido. Por mais que eu tente sair e namorar, esse buraco parece cada vez mais distante de ser preenchido.
Meneei a cabeça, para tentar assim afastar esses pensamentos estranhos, e voltei a ler o meu livro. Então, aconteceu o inevitável, comecei a falar sozinha e xingar a personagem.
- Você é encantadora, quando faz isso. – Quase deixei o livro cair no meu rosto, quando escutei a voz profunda de um homem.
Deixei a leitura de lado e olhei para cima, para logo perder o ar e senti o meu coração sofrer uma pancada. O olhar âmbar do desconhecido me olhava com interesse, enquanto os seus fios ruivos eram despenteados pelos ventos furiosos.
- É falta de educação ficar observando os outros em silencio, sem nem ao menos se apresentar. – Retruquei, com o coração ainda aquecido.
- Claro que não! Caso contrário, o mundo inteiro seria composto por pessoas sem educação.
- Mesmo não sendo uma regra de etiqueta, esse comportamento ainda é...ainda é...
- Ainda é... – O ruivo incentivou, com um sorriso pícaro no rosto.
- Constrangedor. – Completei.
- Não há nada de constrangedor em ser observado, quando nem ao menos sabe que se é.
- Claro que é! – Ele riu.
- Você sempre faz caretas quando ler? – Perguntou.
- Acho que sim. – Dei de ombros. – Qual é o seu nome?
- Oliver, eu estou numa casa aqui perto, então costumo correr aqui todas as manhãs. – Explicou. – Estava fazendo isso, quando a vi. Sei que pode soar estranho, mas eu fui atraído para cá, e quando vi, estava aqui vendo o seu monologo. – Acrescentou. – Qual o seu nome?
- Diana. – Murmurei.
- O nome de deusa combina muito com você. Ele é lindo, você também.
- Ah. – Eu não sabia o que falar. – Mora há muito tempo aqui?
- Estou apenas de passagem, vim visitar a minha tia. Sou oriundo da Escócia.
- Eu também. – Falei com um sorrisinho e então falamos ao mesmo tempo:
- Sou de Walterwood.
Rimos pelo coro e pela enorme coincidência. Oliver se recuperou primeiro e indagou:
- Acredita em segunda vida?
- Não. – Respondi.
- Uma pena, pois sinto como se já tivéssemos nos conhecido em uma vida passada. Você não sente isso? É quase como se tivéssemos um laço muito forte. Sei que isso tudo é meio doido, acabamos de nos conhecer, porém é isso que estou sentindo nesse exato instante, e ficaria muito contente em saber que não sou o único a senti isso.
- Não, você não é o único a sentir isso. – Respondi. – Na verdade, há pouco tempo eu achava que o buraco que sinto em meu coração, jamais seria preenchido.
- E agora?
- Sinto que encontrei o que precisava. – Disse e abri os lábios num sorriso.
- Estará ocupada essa noite, Diana? – Perguntou, após retribuir o sorriso.
- Não, por que?
- Gostaria de jantar comigo e depois escutar algumas músicas da The Neighbourhood?
- Claro que sim. – Concordei.
E após o nossoprimeiro encontro, sentia o laço que nos unia cada vez mais forte. Era como serealmente tivéssemos sido amantes apaixonados em uma outra vida. Sinto como seesse amor que sentimos um pelo outro, seja tão forte que ultrapassa a barreirado tempo, pois uma vida não é o bastante para vivê-lo. ZHb.
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Red
Short StoryNem todo conto de fadas é do jeito que imaginamos... Há muitas releituras de uma mesma história, mas sempre vendo só um lado da situação: a da mocinha e do mocinho. Os vilões sempre são vistos como os únicos errados da situação, mas será que se...