Eu tenho transtorno obsessivo-compulsivo. Eu não sou um germefóbico ou um daqueles caras que fica verificando várias e várias vezes se uma porta está trancada ou não; é que eu realmente odeio números ímpares. É difícil de explicar - eu só não me sinto bem, como se algo me dissesse que devo corrigir isso. Se vejo um sapato no chão, tenho que encontrar o outro antes que a ansiedade se torne insuportável. Eu sempre compro alimentos em pares. Eu tenho dois carros, mesmo que só use um.
Fiquei tão feliz quando minhas filhas nasceram e eu descobri que eram gêmeas idênticas. Elas foram como uma luz na minha vida, e por algum tempo consegui manter o meu TOC sob controle. É incrível como o amor pelas crianças que você criou pode mudar a sua maneira de pensar nas coisas. Que bobo eu era quando pensava que algo tão arbitrário quanto números ímpares poderiam me governar.
Graças a Deus pelo milagre da vida.
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Quando a minha filha Sally adoeceu, abatida por uma pneumonia, entrei em profunda depressão. Eu aos poucos fui obrigado a assistir enquanto a minha doce filhinha perdia seu vigor e energia. Me sentei na cadeira ao lado de sua cama enquanto a enfermeira vinha e colocava um lençol sobre o seu rosto.
Olhando para o lençol deixado sobre o rosto de minha filha, minha perna começou a tremer.
Um suor frio começou a descer em minha testa.
Eu odeio números ímpares.
E agora, o que eu faço com a outra?