Crianças são adoráveis. Sejam elas gordas ou magricelas, pálidas ou negras.
Eu amo crianças! Eu era um simples vendedor de doces, numa loja na esquina, o padeiro era meu melhor amigo e tinha o respeito de muitos moradores da região, porém, o que me dava prazer era fazer meus famosos biscoitos de chocolate, tirá-los do forno e deixá-los na bancada, o aroma suculento chamava meus preciosos clientes que eu tanto ansiava ver, crianças. Eu amo o jeito que elas me imploram por meus biscoitos, de graça, daquele jeito puro de sorrir, o jeito emburrado de estufar as bochechas.
E assim eu as amava.
Mas as crianças daquela região pareciam retribuir de uma forma tão estranha. Pareciam até rir de mim, mesmo em plenos vinte e três anos e de amigável aparência, riam de mim, como se fosse um tremendo idiota! Eu não havia dado o que elas queriam? Meus preciosos biscoitos de chocolate? Havia algo de errado com essas crianças.
E queria dar um jeito. Por isso toda noite, deixava um copo de leite e um prato de biscoitos na minha linda varanda. Não pensem que eu queria atraia-las para pegá-las e molestá-las, apenas queria ver se elas ririam de um gesto tão generoso.
Até uma semana depois.
A primeira vista, me escondi, apenas vendo por trás da cortina da minha janela a movimentação lá fora, nada de anormal, mas tudo que vi era crianças brincando em frente a minha rua, era muito maçante ficar esperando. Fui a cozinha e resolvi comer algo, tinha uma lasanha do almoço, a pôs na panela, esquentei e por fim comi aquele alimento com prazer e satisfação.
Uns minutos depois, fiquei entretido jogando um caça-palavras no meu jornal matinal, até que lembrei dos biscoitos, corri em direção a janela, o copo de leite completamente vazio e o prato com meus biscoitos havia sumido, eu perdi uma ótima oportunidade, pensei naquele momento, ao decorrer daquela ideia, alguém havia batido na porta.
Fui até ela e abri, e tudo que vi foi uma pequena garota comendo um biscoito enquanto o resto estava no prato que segurava com a outra mão.
Era diferente que tudo vi, sua pele era num tom arroxeado e seu cabelo violeta, tinha belos olhos castanhos e um simples vestido branco, seu cabelo estava solto, sua aparência lembrava uma garota de doze e tudo que fazia era sorrir em minha direção.
- Olá senhor, seus biscoitos estavam tão deliciosos que tive uma enorme vontade de falar com você e agradecer pelo ótimo trabalho! - Em todo o momento, ela foi muito cordial, senti meio constrangido com tamanha gentileza.
- Está perdida, menina?
- Não, não, você é muito apressado das ideias, até porque eu vim pra sua casa porque eu quis.
- Não entendi.
- Simples, vim aqui por negócios! - Ela deu um passo pra frente, algo ousado de sua parte, a porta fechou num golpe imediato e inesperado - Apenas mordiscando essa maravilhosa guloseima, deu pra sentir seu coração, ele anda muito abatido. Você não quer a afeição de suas crianças?
- Como você sabe?
- Ha, esses humanos, tem uma cabeça tão fechada! Como não me apresentei - ela deixou o prato de biscoitos no chão e me lançou um olhar intimidante - Espero que sejamos amigos, meu nome é Mashmellow, sou a fada confeiteira, qual é o seu?
- Lion.
Ela estendeu a mão para mim, queria que apertasse.
- Olha, se pintar e comer meus biscoitos não irá te transformar em uma fada. - Respondi de uma forma sarcástica, como uma típica criança, ela estufou as bochechas, que rapidamente se avermelharam e estreitou os olhos com tamanha fúria - É melhor você ir pra casa, seus pais vão ficar preocupados.