"Sou uma coleção de esquisitices, um circo de neurônios e elétrons. Meu coração é o dono do circo; minha alma o trapezista, e o mundo minha platéia. Parece estranho porque é estranho, e é estranho porque sou estranha."
- Mosquitolândia.Amo as nuvens. Elas parecem um monte de algodão que dissolve na boca junto com o açúcar. A sensação é boa. Na verdade, muito boa mesmo. Acho que o motivo de amar as nuvens é que, de um jeito não literal, tenho uma cabeça nas nuvens. Talvez seja pelo fato de que sempre me sentava na varanda de casa para contar as estrelas, ou porque me deitava na grama aos sábados e encarava por horas às nuvens. Um grande defeito? Sempre fui medrosa.
Sou apaixonada por edifícios altos de onde é possível ter visões maravilhosas.
Porém, tem um pequeno problema: tenho medo de altura.
E quando uma pessoa tem medo de altura, não é nada legal alugar um apartamento que seja no oitavo andar. Ainda mais se estiver caindo aos pedaços.Fechei a cortina de velho que ganhei da vovó Rosie. A intenção dela foi boa, mas a cortina é realmente horrível.
Quando não se tem uma segunda opção, só resta usar a primeira.
Virei de costas, tirando o olhar das nuvens lindas que me davam fome e uma sensação estranha.
Já faziam quatro dias. Quatro dias desde que me mudei e parecia que já haviam se passado semanas. Longas e tediosas semanas.Sentia falta da tia Caroline, da vovó e por incrível que pareça, da minha mãe. Mesmo ela sendo o motivo de eu estar aqui.
Ah, qual é! Eu não havia feito nada de mais. Na verdade, eu não fiz nada.
Ela simplesmente surtou. Já estava acostumada com seus surtos, mas dessa vez não aguentei. Não consegui acreditar que a mulher que eu mais amava no mundo estava dizendo todas aquelas palavras que mais pareciam facadas, e elas me acertavam bem no estômago.E aí, pela milésima vez, eu quis ser de outro mundo. Onde tudo iria dar certo mesmo quando tivesse certeza que não. Mesmo quando tudo parecesse uma bomba de problemas prestes a explodir.
Vovó me ligava umas dez vezes ao dia. E olha que eu só mudei de bairro. O que também não mudava muito, já que Refild Bell é uma cidade tão grande quanto uma casinha de gato.
Ouvi um barulho ensurdecedor vindo da porta.
- Moçaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!! - bateram na porta. Ou melhor, esmurraram a porta.
- Mas que saco - murmurei.
Essa é a senhora Azeléia. Sim, o nome dela parece uma mistura de " Amélia" com " Azeite". Estranho, eu sei. Mas fazer o que, né? Juro que essa é a coisa menos estranha nela.
Ela fede a xixi de gato, mas é um amor de pessoa.- Já vai! - gritei de volta.
Andei em direção a porta, torcendo para que ela fosse embora. Sem recentimentos, é só que hoje não estou a fim de aturar ninguém.
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Eu, Você e todas as Estações do Ano
Dla nastolatków(Ps: Antiga história com o nome: Rua Lillgston) Lia Sllen sempre foi uma cabeça nas nuvens. Desastrada então? Nem se fala. Tudo até estava indo bem, e então chega o dia da discussão mais ridícula da sua vida. Ouviu tudo o que não desejava ouvir e...