Capítulo III - Acordo

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Continuo correndo, em uma tentativa inútil de entrar na multidão de alunos escandalosos no corredor, quando sinto alguém puxar meu braço de forma brusca. Tento me afastar, mas sou puxada novamente e paro de resistir, assumindo que é apenas Ian.

- Ian? - Me viro para verificar, e minha boca se abre em um 'O' perfeito.

- Só fique quieta - Elias resmunga, com uma expressão fechada, enquanto praticamente me arrasta pelo braço na direção oposta a qual a avalanche de alunos se encontra.

- Mas nós temos que sair daqui! - Falo, começando a estalar os dedos por conta da tensão do momento.

Ele apenas resmunga e continua em seu caminho, até chegar em um corredor relativamente menor que os outros. Antes que possa questioná-lo novamente, me empurra contra a parede, calando qualquer argumento que antes poderia utilizar.

Sinto o impacto nas costas, ao mesmo tempo que ele coloca os dois braços na parede, um em cada lado da minha cabeça, criando uma espécie de barreira.

Sinto meu coração aumentar consideravelmente seu ritmo e meu rosto ficar vermelho, resultado de uma combinação de raiva por ele estar agindo de forma tão grossa e por vergonha de nossa inesperada posição.

Ele sabe que a explosão foi minha culpa?

Observo, corada, o garoto olhar para os cantos, verificando se mais alguém nos observa, mas estamos completamente sozinhos. Suspirando, se volta para mim e franze a testa. Vejo seus olhos praticamente queimarem de ódio quase tanto quanto meu rosto de vergonha. Suas íris, quando observadas tão atentamente, até parecem escurecer.

A posição nos encontramos é bem comprometedora, para dizer o mínimo. Qualquer pessoa que a ver poderá interpretá-la de maneira errada. Eu estou encostada na parede, o uniforme e o cabelo bagunçados, além do rosto vermelho, encarando Elias. E ele...bem... Me odeio por pensar nisso, mas está atraente como sempre. Seus cabelos estão bagunçados e levemente arrepiados, e por sua testa escorrem pequenas gotas de suor. Sua camisa branca do uniforme evidencia seus músculos. E eu me recuso a olhar mais do que isso.

Mas eu sinto que a cena não é nem um pouco romântica. Muito pelo contrário, ele aparenta querer socar em meu rosto desde o momento em que chegamos aqui. Mas, já que estamos sozinhos, não sou obrigada a me curvar dessa vez. E isso me preenche de uma coragem tentadora.

- Você explodiu a sala! - Ele afirma, esmurrando a parede ao lado de meu rosto.

- Você sabe? - Murmuro, tentando não o encarar diretamente. Não pira, Sam. Não agora.

- Claro que sim! Primeiro, sua mesa é a única atrás da minha. Depois, você não fala baixo quando conversa, você grita. - Me fuzila com o olhar. - Sua conversinha já excluía a culpa dos outros participantes do grupo, aliás.

- Pare de ser bruto! - Tento o empurrar, comprimindo os lábios por conta de seu tom acusador, mas ele coloca mais força.

- Você é muito idiota. - Ele respira fundo, rangendo os dentes em seguida. - Como alguém é capaz de provocar uma explosão daquelas e ainda jogar a culpa sobre mim, sendo tão insignificante para o colégio? - Ele resmunga, provavelmente para si mesmo, mas me sinto ofendida.

- Eu não fiz de propósito. - Falo, franzindo a testa após desistir de tentar empurrá-lo. - E além disso, o mundo não gira ao seu redor. Ok, você é um Ídolo, mas isso não significa que todo mundo sempre vai se curvar para você.

Ele me encara incrédulo, para depois rir irônico.

- Claro, porque você nunca se curvaria para mim por vontade própria, não é mesmo? É uma pena que vai ser obrigada... - Debocha.

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