Capítulo XIX - Mensagens

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Se alguém me falasse que eu correria por mais de cinco minutos em uma velocidade absurda sem tropeçar, eu riria bastante, ao ponto de ficar com a barriga doendo. Desastrada, do jeito que sou? Impossível!

Porém, o desespero e a adrenalina existentes em meu corpo por conta da situação atual discordam da impossibilidade e me tornam parecida com uma corredora profissional. Meus pensamentos normalmente tenderiam para a dúvida, e milhares de perguntas se formariam em minha mente sobre a possibilidade de Elias realmente querer me ouvir.

Afinal, eu beijei Ian, mesmo sendo por apenas um segundo.

Será que ele se sente da mesma maneira que eu, quando achei que o mesmo tinha beijado Nara?

Porém, minha emoção e razão parecem ter se unido desta vez. Ambas gritam que devo sim correr atrás dele, e prendê-lo com as próprias algemas que guarda em sua casa se este for o único método de fazê-lo me ouvir. Assim, continuo repetindo as mesmas frases mentalmente.

Corra.

Alcance Elias.

Pare de ser idiota.

Infelizmente, estou concorrendo com um garoto jogador de basquete profissional, e é óbvio que ele está a alguns metros em minha frente. Possivelmente, seus pensamentos também devem gritar algo para o mesmo.

Engulo em seco ao pensar que as frases repetidas em sua mente envolvem se distanciar de mim para sempre.

Logo, ele adentra no prédio, diminuindo a velocidade ao aproximar-se do elevador.

Não entra, não entra, por favor.

Se ele entrar, tudo se tornará mais difícil.

- Corra. - Repito para mim mesma, enquanto desvio das pedrinhas que enfeitam os arredores do jardim. Agora não é hora de tropeçar.

Ele para subitamente, e soca o botão do elevador. Pelo visto, o mesmo não está no térreo. Por uma vez na vida, estou com sorte.

- Alcance Elias. - Sussurro, cruzando a porta de entrada do prédio com cuidado para não me bater de frente com ela. Estou quase lá.

Porém, no exato segundo, ele arregala os olhos, como se tivesse uma ideia. E agora está andando para as escadas. Droga, ele vai subir!

- E não seja idiota! - Ralho comigo mesma, mandando meu raciocínio lógico para o mais longe possível. Nesse momento, sou cem por cento emoção. Tenho que chegar até ele antes que seja tarde demais.

Antes que possa perceber, já estou saltando no ar e pairando poucos centímetros acima dele, até que a gravidade cumpre seu papel. Elias se assusta e deixa ser levado por mim, caindo de costas no chão. E eu caio sentada bem em cima do mesmo.

Oh, céus.

Se eu for pensar agora, vai dar tudo errado. Não posso pensar em sua respiração rápida junta com a minha própria, nem no local onde estou sentada, nem em quanto ele está atraente e muito menos no quanto quero apenas encostar minha cabeça em seu ombro e chorar, implorando por perdão.

Então, apenas continuo seguindo meus instintos, e agarro com força as mãos dele, prendendo-as em cima de sua cabeça com as minhas próprias. Ele não vai sair daqui antes de me ouvir.

- E-Elias... - Arfo, tentando recuperar o ar. - M-me escuta...

- Sai de cima de mim! - Exclama, fazendo força para soltar-se. Mas, por algum milagre, consigo contê-lo. Provavelmente, a adrenalina está me dando forças, e preciso utilizá-las bem antes que desapareçam.

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