Dear, Madrugada

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Madrugada, o momento do dia que ficamos vulneráveis e indefesos, nossos sentimentos aproveitam a calada da noite e o início da manhã para gritarem, para ensurdecer os nossos ouvidos, os sentimentos mais puros brotam junto com o entardecer, o amor fala mais alto, o medo nos encara, nós estamos de olhos abertos, não conseguimos fechá-los, o clarão das sombras nos atacam, estamos desprotegidos, voltamos a ser apenas crianças, esperando por proteção. Junto com o orvalho vem as lágrimas, quando as corujas fazem barulho nós choramos, nós gritamos em silêncio, somos criaturas da noite, vivemos sofrendo em silêncio junto com tantas outras criaturas. Pessoas e momentos tomam conta de nossos pensamentos, alegrias e tristezas invadem nosso espaço, sentimentos queimam nossa alma, estamos tontos, tontos porque estamos girando assim como a Terra, estamos mudando de dia, para vivermos mais uma vez as mesmas alegrias e decepções, assim como as plantas e alguns animais a lua nos afeta, mexe conosco, assim como a lua agita as marés ela agita nosso ser, nossa visão do mundo, nosso pensar. É nesse momento entre o fim de um dia e o começo de outro que pensamos, é extremamente igual ao dia, ele está acabando, nós estamos mais uma vez acabando, para começar de novo ao nascer do dia, choramos como recém nascidos pois é isso que somos, estamos nascendo de novo, estamos chorando, estamos enxergando pela primeira vez. Ah, madrugada, quão linda e triste você é.

Identificação: Eu SozinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora