Capítulo II - Pesquisa

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   Faltavam dois dias para meu aniversário e eu esperava desesperadamente que meus amigos não estivessem aprontando nada, da última vez a festa foi maravilhosa, claro, mas eu não queria que se importassem em preparar outra festa como aquela, da qual, preciso lembrar, que escapuli com Daniel para o nosso campo perfeito que ele criara para mim. Eu nunca esqueceria aquele dia. Daniel e eu saíamos da escola sempre que podíamos, ás vezes a gente ia a cidade observar as pessoas normais e agir como elas, eu achava divertido olhar os humanos, quase me sentia como uma deles de novo.

   Ao invés de pensar no meu não tão aguardado aniversário, me preocupei em equilibrar a pilha de livros nos braços enquanto caminhava para a biblioteca. Sim, eu estava virando uma aluna exemplar, não daquelas que só pensavam em estudo, mas daquelas que se dedicavam ao máximo para tirar uma boa nota. Tenho que admitir que a história do mundo dos vampiros não era tão chata quanto parecia ser no início, eu adorava ler os livros das batalhas passadas, pareciam o tipo de história de ficção que eu tanto presava.

   Não mexi na seringa que ganhei ontem, também não tive coragem para jogar fora, eu queria saber o que era aquele líquido, não contei a mais ninguém sobre ela, Daniel e Milly pareceram esquecer o assunto, o que me deixou um pouco contente. Eu ia lidar com aquilo sozinha e descobrir quem...

-Opa. - esbarrei em alguém e os livros quase foram ao chão. - Desculpe. - eu disse

-Rosy? - era Ursulla - Quer ajuda com isso? - ela pegou 5 dos 10 livros que eu estava carregando.

-Obrigada. - eu disse, estávamos passando pelas portas da biblioteca - O que faz por aqui?

-Estava estudando sobre possíveis novos poderes de parentes de fada nos computadores da biblioteca. - ela respondeu, deixando os livros na mesa e pegando o que estava em cima, olhou para a capa e em seguida para mim. - Os contos de Salazar? Ta fazendo o que? Conhecendo o mundo vampiro?

-Exatamente. - respondi. - Conhece esse livro?

-Já ouvi histórias sobre ele e nenhuma era boa. - ela sentou e esperou que eu fizesse o mesmo, aquilo ficaria interessante. - O que você achou de Salazar?

-Um cara bem avançado no seu tempo com a tecnologia ao seu favor louco por um pouco de atenção; - eu disse buscando lembranças dos acontecimentos do  livro, afinal eu tinha lido tantos.

-Ele é isso mesmo. - Ursulla disse, folheando o livro. - Principalmente louco. Me disseram que ele era um vampiro não muito normal que acreditava que os vampiros poderiam ser curados algum dia, principalmente os parentes de fada, como se o vampirismo fosse uma doença.

-Mas isso não é possível. - eu disse - É?

-Claro que não, Rosy. - disse ela, rindo - Ele também dizia que um dia os humanos seriam um problema para todos nós. O que é ridículo considerando que eles nem sequer desconfiam da nossa existência.

-Você deve ter razão. - eu disse, mas me sentindo preocupada, com um pressentimento ruim, aquela conversa não estava no rumo animado que eu esperava e eu não gostava daquela sensação de que algo estava errado. - Mais alguma coisa que deveria saber sobre esse cara?

Ursulla riu.

-É só uma história, Rosy. - Então ela se levantou e me deixou sozinha.

   Devolvi os livros e decidi não pegar mais nenhum por um tempo. Aquilo sobre Salazar estava atormentando minha cabeça.

   Não havia como os humanos nos descobrirem. Havia?

  Fui aos computadores. Abri o site de buscas de digitei "Os contos de Salazar". Encontrei uma página falando sobre o autor do livro.

    "Mark Salazar - autor de Os contos de Salazar - foi um vampiro taxado como louco por conta de afirmar a veracidade de suas histórias relatadas no livro, tal fato nunca convenceu muitas pessoas pelo fato de uma possível cura ser considerada impossível, mesmo com a tecnologia tão avançada. Muita gente acredita que Salazar simplesmente inventou tudo que escreveu só para receber a atenção que acreditava merecer. Acabou sendo internado na clínica psiquiátrica de Houston, com o consentimento de toda a sua família onde permanece até os dias atuais alegando que o mundo vampiro entrará em colapso num futuro próximo".

  Olhei a data da matéria. Ela tinha dois anos, o que significa que Salazar ainda estava vivo. Procurei em mais páginas como aquela, mas não encontrei mais nada útil sobre sua vida nem o que fez além de escrever seus contos.

    Eu li o livro dele, lembro que fiquei um pouco espantada com os acontecimentos que ele descrevera, mas eu não estava ligando muito até Ursulla comentar sobre ele. Tenho quase certeza que não fiquei tão mexida com o que estava lendo pelo fato de eu achar que era só mais uma ficção. Minha mente me deixou acreditar que nada do que eu li realmente aconteceu.

   Talvez eu estivesse preocupada á toa. Só estava paranoica. Tinha que ser isso.

  Meu instinto guardiã estava sempre alerta, o fato de Ursulla ter comentado o livro comigo só se misturou com o mistério da seringa na minha mente que deixou tudo confuso e bagunçado.

   Estava voltando para meu quarto quando encontrei Joe, que disse algo e sorriu.

-O que? - perguntei, estava tão distraída que não o ouvi.

-Não se faça de boba. - ele disse - Temos dois dias pra preparar uma festa. O que vai ser?

-Dois dias. - busquei em minha mente o que teria em dois dias e ela logo me trouxe a realidade novamente. - Não vai ser nada, Joe. - eu disse, continuamos caminhando até meu quarto.

-Você é muito estraga prazeres, sabia disso? - ele disse.

-Eu sei. - respondi. - E obrigada. - Cheguei á porta do meu quarto e abri. - Você vai entrar?

  Ele me olhou como se eu estivesse ficando louca.

-Daniel me mataria. - ele disse e riu. - Vou encontrar Milly na praça.

-Está certo. - eu disse e ele começou a se afastar. - Nada de festas. - gritei, mas não tenho certeza de que me ouviu.

   Entrei no quarto e olhei para a seringa. Respirei fundo e fui tomar um banho. Já completamente relaxada deitei e peguei no sono sem pensar mais em nada. Sem Salazar, sem humanos, sem preocupações, apenas dormi.

Escola de Vampiros - CuradaOnde histórias criam vida. Descubra agora