Capítulo IV - Surpresa

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     Andrew voltou.

    Sim, eu estava muito feliz.

    Era meu aniversário.

    Daniel insistiu em esconder o que estava tramando e eu estava ficando cada vez mais ansiosa e nervosa.

     Eu havia acabado de acordar quando ouvi leves batidas na porta, disse um sonoro "entre" e sentei na cama. Daniel entrou carregando uma bandeja cheia das minhas comidas preferidas.

-Feliz aniversário, meu amor. - disse ele logo após colocar a bandeja em cima da cama e me dar um beijo.

-Esse é meu presente? - perguntei, aliviada - É maravilhoso.

Ele riu.

-Na verdade, é o primeiro do dia. - ele colocou café na xícara - O primeiro de muitos. Mas posso adiantar que você não vai precisar fazer nada hoje.

-Daniel, eu estou ficando mais velha, não inválida.

-Estamos treinando.

Dei um leve tapa nele que riu, mas parou de repente ao notar a seringa em cima da mesinha.

-Eu... - comecei

-Ainda não se livrou disso? - perguntou

-Eu vou. - respondi. - Não agora.

-Quando, Rosy? - ele perguntou olhando para mim novamente, sério. - Vou jogar isso fora.

-Não. - eu disse, segurando sua mão que já estava quase na seringa - Eu faço isso. Agora esquece.

-Não está pensando em aplicar isso em você, está?

-Claro que não. - eu disse e beijei sua mão - Me diga quais são os outros presentes. - tentei distraí-lo mudando para o assunto que eu menos queria falar no mundo, ele hesitou por um instante, olhando a seringa, mas logo riu.

-O próximo deve estar chegando em 3... 2... 1.

   Assim que ele fechou a boca, Milly, Andrew, Joe, Ursulla e a diretora Helena entraram no quarto com balões e cada um segurando uma caixa com laço em cima. Não acreditei no que vi.

-SURPRESA. - disseram juntos.

   Daniel foi rápido o suficiente para tirar a bandeja de cima da cama como se antecipasse o ataque de Milly e Ursulla, que pularam quase em cima de mim e me abraçaram.

-Gente. - comecei - O que eu falei sobre presentes e surpresas?

-Entrou por um ouvido e saiu por outro. - disse Milly

-Acha mesmo que deixaríamos seu aniversário passar em branco? - disse Ursulla

-Você teve sorte. - Andrew andou até a cama e me entregou uma caixa, dando um leve beijo no topo da minha cabeça - Feliz aniversário. - sussurrou, mas em seguida falou mais alto - Milly queria chamar toda a escola pra fazer essa mesma surpresa, só que lá fora.

Arregalei os olhos.

-Me digam que não fizeram isso.

  Todos riram.

-Minha mãe não deixou. - disse Daniel, que havia se livrado da bandeja.

-Claro que não. - disse a diretora andando até mim - Além da bagunça que seria, eu sabia que Rosy não iria gostar. Feliz aniversario, querida.

-Obrigada. - eu disse e ri. - Por tudo.

-Parabéns, menina importante e sem graça. - disse Joe, se aproximando. - É só uma lembrancinha.

-Não precisava. - eu disse - Mas obrigada.

-Tenho que cuidar dos afazeres. - disse a diretora andando até a porta - Tenham um bom dia, ou noite, você vai precisar, Rosy. - e então saiu.

-O que estão tramando? - perguntei, receosa.

  Todos riram.

-O dia é seu. - disse Milly - O que vai querer fazer?

-Primeiro, trocar de roupa. - respondi - E tomar um banho, tomar meu maravilhoso café também. O resto decido depois.

  Milly olhou para Ursulla.

-Ela está nos expulsando?

-Sim, ela está. - E então as duas riram.

-Não. - eu disse e ri também. - Vamos passar o dia juntas.

   Elas me abraçaram de novo e se levantaram.

-Estávamos brincando com você. - falou Ursulla.

    E então após me darem um abraço, os meninos também saíram do quarto, me deixando sozinha com todos aqueles presentes.

   Tomei um banho, encontrei a badeja na escrivaninha do outro lado do quarto e não comi metade do que tinha. Só então olhei para a seringa. Estava na hora de jogar ela fora.

   Andei até ela, mas antes de pegá-la, Daniel abriu a porta.

-Está arrumada? - perguntou

-Eu poderia estar nua. - respondi - Enlouqueceu?

-Eu não teria reclamado. - então ele me agarrou e começou a me beijar, me segurando firme e desesperado. Um sentimento ruim passou por mim, mas ignorei. Nada de ruim poderia acontecer naquele dia.

   Foi quando aconteceu.

  Daniel estava me apertando tanto que dei um passo para trás e não percebi quando a seringa se infiltrou  por trás da minha coxa. Não sei como, mas Daniel se desequilibrou e caiu por cima de mim fazendo todo o conteúdo transparente entrar na minha corrente sanguínea. Foi quando senti uma picada e gritei.

   Daniel se levantou e me ajudou a levantar, seu olhar estava alarmado.

   Só consegui pensar que algo havia acontecido, só não sabia o que.

 -Você está... - ele começou, mas se conteve quando tirei a seringa do meu corpo.

E então tudo ficou escuro.

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