Capítulo XV - Experimentos

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 Ouvi barulho de portas sendo abertas, mas não consegui abrir os olhos, minha cabeça latejava, provavelmente por causa da pancada e deveria estar sangrando, saudades de quando eu podia regenerar rápido.

Eu não sabia quanto tempo tinha se passado desde que desmaiei, muito menos onde estava, mas sentia que precisava sair daqui bem rápido ou algo ruim poderia acontecer.

-Bom trabalho, Richard. - disse uma pessoa da qual não reconheci a voz.

Senti que não estava sendo carregada no braço, parecia uma cama móvel, mas desconfortável. Uma maca, talvez?

-Para onde? - Richard perguntou - Ela deu muito trabalho.

-Para a sala de experimentos. - disse o homem, parecia estar acima de Richard no quesito comando - Não precisa amarrá-la, apenas tranque bem a porta.

-Chefe, sua filha quer falar com você. - disse uma terceira pessoa, que também não reconheci a voz.

-Já tive essa conversa com ela. - o homem resmungou - Logo estarei lá, Richard.

Então fui levada para a inconsciência novamente com as palavras que insistiam em ficar na minha cabeça:

   Profecia. Fadas. Humanos. Sangue. Parentes de fada. Cura.   

Acordei atordoada. Fiquei um pouco tonta no início, mas então consegui sentar. Eu estava numa espécie de, laboratório, talvez. Tinha umas prateleiras com líquidos em vidros e paredes totalmente brancas, uma delas tinha uma janela de vidro, onde era possível ver o outro lado e tinha 3 pessoas me observando. Richard era um deles e outro tive a estranha sensação de que já tinha o visto muito antes de toda essa confusão. Quando eu ainda era vampira.

-A bela adormecida acordou. - disse Richard, não respondi sua provocação. - Ela é toda sua, chefe.

   Profecia. Fadas. Humanos. Sangue. Parentes de fada. Cura.   

-Inacreditável. - disse o tal chefe - Minha cura realmente funcionou, vou ser reconhecido no mundo todo, graças a você, minha jovem, Rosy.

-O que faremos agora? - perguntou a outra pessoa, lembrei de ter ouvido sua voz um tempo antes, só podia ser ele... Eles me olhavam como se eu fosse uma aberração de circo.

-Eu preciso saber como minha fórmula funcionou no corpo dela e se é permanente. - respondeu o chefe - Por isso vou precisar da sua ajuda, Pedro, jogue o gás na sala e Richard, mantenha minha filha longe daqui.

-Certo, sr. Petter. - disse Richard e saiu, logo sendo acompanhado por Pedro.

-Você não fala, garota? - perguntou Petter á mim, não respondi - Tenho uma filha com mais ou menos a sua idade. Ela me ajudou muito a pegar você, mas não sei o que você fez para ela mudar comigo. De repente ela não estava mais seguindo minhas ordens e não me dei ao trabalho de perguntar o motivo.

-Você não vai sair dessa. - eu disse e ele sorriu.

  Um gás começou a sair pelas tubulações da sala onde eu estava. Rapidamente levei uma das mãos ao nariz, evitando respirar.

-Quanto tempo ficará sem respirar? - ele perguntou - Muito inteligente você, mas preciso que fique desacordada durante todo o processo em que mexerei com seu sangue e ver os efeitos do meu antídoto.

   Profecia. Fadas. Humanos. Sangue. Parentes de fada. Cura.

  Eu já não estava aguentando e me deixei levar pelo gás sonífero em uma inconsciência até então desconhecida. Não era a mesma coisa de dormir por livre e espontânea vontade ou levar uma pancada na cabeça, o gás me levou a uma sensação de sono gradativa até tudo escurecer.

   Tentava acordar enquanto sentia agulhas na minha pele, mas minhas pálpebras estavam pesadas demais para que pudesse sequer levantá-las. Lembro-me de luzes bem no meu rosto nas vezes que tentei abrir os olhos e então instintivamente eles se fechavam, me levando para a escuridão novamente.

   Ouvia vozes, mas nenhuma que fosse dos meus amigos, o que me tirou a esperança de ser resgatada algum dia. Quanto tempo eu estava ali? Será que realmente me resgatariam? Onde minha mãe estava?

   Profecia. Fadas. Humanos. Sangue. Parentes de fada. Cura. 

  Aquela luz em meu rosto me lembrou de uma das fugas com Daniel. Estávamos em uma lanchonete e eu sentia que tinha alguém nos observando, olhei para os lados, mas não vi ninguém conhecido ou que pudesse saber quem realmente éramos, mas a sensação persistiu até entrarmos no carro. Um pouco.

  Enquanto Daniel dirigia na volta, eu olhava pelo retrovisor para ver se tinha algum carro nos seguindo, mas não vi nada.

   De repente Daniel freou o carro.

-O que houve? - perguntei. Estava escuro e a sensação estava ficando cada vez mais forte.

-Quase atropelei aquele cachorro. - ele disse e segui seu olhar.

  No meio da estrada deserta e escura tinha um pequeno cachorro, sozinho e possivelmente ferido.

-Vou lá, você fica aqui. - eu disse, quanto mais rápido resolvesse aquilo,mais rápidos íamos embora.

  Daniel não me questionou. Desci do carro e andei até o cachorro o pegando no colo, tentei olhar para Daniel para avisá-lo que o cachorro estava bem, mas tudo que vi foi a luz forte do farol do carro, mas o que me chamou atenção foi uma figura que estava pouco atrás do carro. Parecia um homem. Alto, loiro. Tentei vê-lo direito, mas assim que pisquei os olhos ele havia sumido.

  Um carro parou do meu lado, vindo na direção oposta a que estávamos indo.

-Eu disse que ele tinha pulado do carro quando paramos para eu fazer xixi. - dizia uma menina, descendo do carro - Obrigada por cuidar dele, moça.

  Devolvi o cachorro para a garotinha e entrei no carro. Daniel perguntou se estava tudo bem e apenas assenti.

  Eu sabia que já tinha visto Pedro antes e ele era um vampiro.

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