Capítulo XII - Salazar

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    Finalmente chegamos a Houston. Confusos, cansados e atordoados, mas felizmente vivos.

   Meus amigos ficaram muito quietos o resto do caminho inteiro, então resolvi ficar quieta também. Graças ao lanche que Joe havia me dado consegui aguentar todo o caminho sem sentir fome.

   Toquei  a mordida em meu pescoço, lembrando da sensação. Totalmente desagradável.

   Caramba!

    Houston é incrível! Eu não reclamaria se tivesse que ficar aqui o resto da vida. Os prédios eram encantadores, a arquitetura do lugar era sensacional e ainda estava escuro, fiquei imaginando como seria a luz do sol.

    Paramos em frente a um posto de gasolina, onde mais adiante era possível avistar uma lanchonete 24 horas.

-Meninas, - chamei - Vamos comer alguma coisa.

-Para onde agora? - perguntou Joe á Ursulla, que já havia se recuperado totalmente do ferimento no braço. Sua habilidade de regeneração tardou, mas não falhou. Já haviamos comido.

-Vamos para a clinica psiquiátrica WestSide para loucos. - disse Ursulla, olhando algo no celular.

-Acho que devemos esperar anoitecer. - Elisa disse - Todos precisamos de uma cama decente e não vai demorar para amanhecer.

-Já começou a dar palpites? - Andrew perguntou.

-Andrew. - o repreendi - Elisa está certa. Precisamos recuperar as forças.

    Ninguém disse mais nada e partimos. Não foi difícil encontrar um hotel. Nós meninas dividimos um quarto e os meninos outro.

  Estava tão exausta que nem percebi quando peguei no sono.

  Era noite quando senti alguém acariciando meu braço, me assustei e bati na mão de quem quer que fosse.

-Ei. - Daniel reclamou, rindo - Calma, sou eu.

  Abri os olhos e encontrei os seus, me encarando.

-Desculpe. - eu disse

-Tudo bem. - ele disse - Assustei você. Como está?

-Viva. - eu disse, ele riu e me beijou.

-Eu tava pensando sobre o que aconteceu com aquele vampiro. - ele começou - Será que...

-Vai acontecer a mesma coisa comigo? - completei, ele assentiu - Se tivesse que acontecer, já teria acontecido, não acha? Não se preocupe, estou bem.

   Sim. Eu havia pensado a mesma coisa que ele horas atrás, mas mesmo que nossas suspeitas fossem as mesmas, eu não queria que ficasse preocupado.

-Vamos dar um jeito nisso. - ele disse e me beijou.

-Temos que ir. - disse Milly, abrindo a porta do quarto. Só então percebi que nenhuma delas estava lá.

  Na recepção, Ursulla pareceu confusa.

-No mapa não consta uma clinica psiquiátrica com esse nome. - ela disse. - É como se não existisse.

  A moça da recepção nos olhou, confusa.

-O que estão procurando? - ela perguntou.

-Uma clínica psiquiátrica chamada WestSide. - Joe respondeu.

  Ela pensou um pouco e então disse:

-Eu moro aqui minha vida inteira e nunca ouvi falar dessa clínica. -ela fez uma pausa - A única que temos fica aqui no centro e não tem esse nome. Vocês tem certeza que esse é o lugar?

-Na verdade, não. - Ursulla respondeu - Obrigada pela ajuda. Vamos.

   Saímos do hotel, totalmente perdidos.

-Não tem o endereço no site não? - Andrew perguntou.

-Não - Ursulla respondeu - Onde colocariam uma clínica psiquiátrica de vampiros loucos em Houston, um lugar tão grande?

-Não faz sentido. - Elisa pediu o celular de Usulla, que lhe entregou. - Vejamos, e se a clínica estiver disfarçada com outro nome?- ela mexia no celular sem nos olhar - West... - uma pausa - Não. Side... - outra pausa - Encontrei um lugar chamado Streamside Dr. Fica a poucas horas daqui. O que acham? - então entregou o celular a Ursulla.

-Esse lugar não parece uma clínica de loucos. - disse Ursulla.

-É a melhor pista que temos o dia todo. - disse Daniel.

-Podemos dar uma olhada. - disse Milly.

   Poucas horas depois, paramos em frente a um casarão laranja rodeado de outras casas menores.

-Desculpa, gente. - lamentou Elisa - Não parece que é aqui.

-Não seriam burros o bastante de colocar um clínica psiquiátrica de vampiros loucos em um lugar assim. - disse Daniel, descendo do carro. - Então, e se além do nome, o lugar também estivesse disfarçado?

  Todos o acompanhamos e ele parou na entrada. Um homem de meia idade saiu de dentro do lugar e andou lentamente até nós.

-O que querem? - ele perguntou e então pousou os olhos em mim - Você é Rosalie, não é?

-Bem conhecida, garota. - disse Milly baixinho.

-Como sabe? - perguntei

-Todo mundo sabe quem é a vampira guardiã. - ele respondeu, abrindo o pequeno portão para nos dar passagem. - A que devo o prazer de sua visita?

-Estamos procurando a clínica psiquiátrica WestSide. - respondi - Viemos visitar Mark Salazar. Sabe me dizer onde fica?

-Claro. - ele riu - Vocês já estão nela. Me chamo Charles e bem vindos a nossa clínica de loucos.

   Nos olhamos confusos e ele abriu a porta para que entrássemos, pareceu uma casa normal para mim. Até ele puxar um livro de uma estante cheia deles e uma passagem na parede se abrir.

   Demos de cara com dois potões de ferro, três grades e uma escada que nos levava para baixo.

-Tem algo estranho. - Charles disse - Seu cheiro está diferente e tem uma humana com vocês?

  Elisa saiu de trás de Ursulla, onde esteve escondida.

-É meu perfume de humana novo. - eu disse - E ela está com a gente.

-Uma humana que sabe sobre nós? - Charles perguntou - Isso não pode ser boa coisa.

-Não se preocupe com nada. - eu disse - Ela é não é um perigo.

   Ele apenas assentiu e descemos as escadas. Longas escadas, devo dizer.

Lá em baixo havia uma porta branca que se abriu quando Charles se identificou. Um segurança estava nos observando, atento.

-Parece mais um presídio de segurança máxima. - Joe comentou atrás de mim.

   Então chegamos em uma espécie de sala de espera com cadeiras confortáveis, uma parede impecavelmente branca e uma recepcionista muito bonita, sem dúvidas uma vampira.

    Charles andou até ela enquanto sentávamos, eles cochicharam baixo;

-Só pode entrar uma pessoa por vez. - disse ele ao voltar para perto de nós.

-Eu vou. - eu disse, levantando.

-Tem certeza que é seguro? - Daniel sussurrou para mim.

-Qualquer coisa eu grito.

  Então ele me beijou e acompanhei Charles por mais três portas, a última me levou a uma espécie de sala de visitas onde uma pessoa me esperava.

  Um homem que aparentava ser mais velho do que realmente era.

  Eu estava de frente com Mark Salazar.

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