Capítulo 3

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Ainda tinha o pequeno mapa que as meninas tinham feito para mim nas mãos. Nele elas desenharam a faculdade, não detalhadamente claro, mas os lugares em que deveria passar hoje.

Era cedo, apenas sete horas da manhã, mas eu tinha muitas coisas a fazer aqui. Precisava pegar meus horários, saber as salas em que faria aula e entregar alguns papeis na coordenação do curso. Acabei gastando boa parte da manhã nisso.

Já era quase meio dia e estava esperando sentada em uma das mesas da lanchonete que as meninas tinham indicado. Elas me encontrariam ali para voltarmos para casa juntas, pois não conhecia nada da cidade ainda e com certeza me perderia facilmente.

— Vem sempre aqui linda? — Ouvi uma voz atrás de mim.

Virei encontrando com as duas. Nataly piscou para mim e percebi que a cantada tinha vindo dela. Elas se sentaram e nós acabamos almoçando por ali mesmo.

Aprendi que ônibus devia pegar para ir até a faculdade e depois para voltar em casa. Era o trajeto que faria todos os dias, por enquanto, já que além disso queria e precisava arrumar um emprego para ajudar nas despesas. Por enquanto meus pais me ajudavam, mas não queria depender deles.

Como prometi, assim que cheguei em casa liguei para minha mãe e contei como tinha sido tudo. Nós conversamos por algum tempo até ela ter que desligar, pois iria preparar o jantar, meu pai chegaria em casa daqui a pouco. Nem tinha percebido que já era tão tarde.

As meninas tinham saído. Nataly trabalhava em uma loja de roupas e Jessica fazia estagio em um consultório de advocacia. Então resolvi preparar o jantar hoje, afinal não queria ser uma encostada.

— Nossa que cheiro bom. — Jessica comentou enquanto entrava na cozinha.

— Espero que estejam com fome. — Sorri olhando para elas.

— Faminta. — Nataly confessou colocando a mão sobre sua barriga.

Dei risada e terminei o carreteiro, enquanto elas tomavam banho e se arrumavam. Arrumei a mesa e peguei o suco na geladeira, colocando sobre a mesa também.

— Prendada, gosto assim... — Nataly brincou me fazendo revirar os olhos.

— Não ligue, a Nat dorme com o Bozzo as vezes. —Jessica desdenhou e ganhou da amiga um tapa no braço.

Nos sentamos a mesa e começamos a comer. Elas elogiaram meus dotes culinários e eu agradeci. Tinha aprendido a cozinhar com minha mãe e confesso que era como um hobby, me acalmava.

As duas se dispuseram a lavar a louça e agradeci novamente enquanto ia tomar banho. Vesti o pijama e peguei meu livro, sentando na cama para ler um pouco. Alguns minutos depois Jessica entrou e sentou na cama dela, pegando alguns livros da faculdade.

As aulas não tinham começado ainda, mas ela estava fazendo um intensivo durante as duas semanas de férias. Segundo ela era uma matéria extra que contaria no seu currículo depois.

Eu ainda estava me acostumando com essa coisa toda. Era bem diferente da escola, mas Jessica e Nataly tiravam minhas dúvidas sempre que tinha alguma pergunta.

Nossas aulas só começariam na segunda, ou seja, ainda tínhamos três dias de férias. Nestes dias eu e as meninas aproveitamos para que elas me apresentassem a cidade. Florianópolis era linda e as praias uma beleza.

No nosso último dia de liberdade, como Nataly intitulou o dia de hoje, mais precisamente domingo, nós planejamos de ir a um barzinho a noite, para beber e conversar um pouco. Nunca fui de beber muito, mas como elas estavam sendo tão legais comigo não quis negar.

— Pronta? — Jessica questionou entrando no quarto.

— Sim. — Sorri guardando meu batom.

Foi inevitável não me olhar no espelho e lembrar de alguns meses atrás, quando simplesmente deixei de ser quem era, para ser quem outra pessoa queria que eu fosse. Era a primeira vez que estava usando batom vermelho em muito tempo, muito mesmo, além dos meus saltos, já que aparentemente essas coisas não eram para garotas comprometidas. Quanta besteira!

Afastei esses pensamentos e sai com as meninas. Nós chamamos um táxi e Nat deu o endereço do bar.

No final nem acabou sendo tão ruim assim. Nós encontramos com um casal de amigos delas e nos sentamos na mesma mesa, conversamos, bebemos e comemos. Foi divertido. Admito. Tinha muito tempo que não fazia um programa assim, além de que era sempre bom conhecer pessoas novas.

Eu era uma pessoa comunicativa, sempre fui, mas com o tempo e as circunstâncias acabei perdendo um pouco isso. O que não era nada legal. Nada mesmo, mas era bom esvaziar a cabeça e esquecer um pouco as coisas.

Sempre fui um pouco fraca para bebidas, então no terceiro copo de cerveja já estava sentindo minha cabeça mais leve. As meninas davam risada e eu as acompanhava com facilidade, mas hoje me permitiria. Merecia ser feliz. Nem que isso resultasse em uma daquelas dores de cabeça chatas, mais conhecidas como porre, na manhã seguinte.

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