Capítulo 5

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Sabe quando parece que as coisas estão dando certo demais e você fica com medo, porque está tão acostumada com o contrário. Pois é, eu estava assim.

Desde que me mudei e comecei essa nova etapa da vida as coisas vinham dando certo. A faculdade, o trabalho e minha vida pessoal estavam fluindo.

Conheci algumas pessoas na faculdade, que de colegas passaram a ser amigos e isso era bom, porque tinha esquecido de como era se sentir bem perto de quem gosta mesmo de nós. No trabalho também tinha feito boas amizades. Marcus e Luiza foram legais comigo desde que cheguei a cafeteria, eles me ensinaram com paciência e dedicação tudo que teria que fazer.

Posso dizer que eu estava feliz. Depois de muito tempo sem saber o significado dessa palavra, finalmente estava sendo feliz. Podia até parar e pensar no futuro sem ter mais medos e essa sensação era maravilhosa.

— Terra chamando Ju. — Luiza chamou a atenção enquanto estralava os dedos em frente ao meu rosto.

Pisquei algumas vezes voltando a realidade. Tinha viajado completamente em meus pensamentos.

— Desculpe... — Sorri levemente.

— Volte a terra porque tem alguém lhe esperando. — Avisou indicando com a cabeça para algo atrás dela.

Olhei por sobre o seu ombro e encontrei a mesa ocupada por três pessoas, ou melhor, três homens. Mordi o lábio quando consegui identificar um deles. Era Fábio.

A uma semana eu vinha sentindo esse calor no peito todos os dias. Isso porque Fábio resolveu aparecer a semana toda no horário da tarde para tomar seu café. Em dois dias estava acompanhado de um amigo e hoje este mesmo amigo também estava, mas com outro junto.

Nesta semana foi eu quem o atendi em todas as vezes. Algumas por coincidência mesmo e outras por insistência de Luiza, que dizia saber o motivo dele vir todos os dias. Fábio sempre pedia a mesma coisa, café duplo, as vezes para tomar aqui e em outras para levar.

No final, mesmo que não quisesse, já tinha me acostumado com o fato de vê-lo todos os dias. Quando chegava perto das seis horas da noite meus olhos já iam para a porta, esperando que Fábio entrasse com seu costumeiro sorriso de canto.

— É sua mesa. — Contestei fazendo Luiza revirar os olhos em desdém.

— Como se ele quisesse mesmo olhar para a minha cara. — Debochou bufando baixo — Você sabe porque ele está aqui.

— Para beber um café. — Respondi e ela negou com a cabeça.

— Não adianta se iludir. — Insistiu em tom de repreensão — Agora saia desse balcão e vá até lá.

Luiza já me puxava para fora e colocava o bloco e a caneta em minhas mãos. Olhei feio para ela, mas suspirei baixo rendida e segui até a mesa onde os três homens estavam.

— Olá, — Chamei a atenção, engolindo meio em seco — Posso anotar o pedido de vocês?

— Pode, vou querer um café preto, sem açúcar. — Falou um deles.

— Ok. — Anotei o pedido e virei em direção ao outro.

— Um cappuccino com chantilly. — Pediu e anotei também, finalmente me virando para Fábio.

— Duplo? — Perguntei dando um pequeno sorriso.

— Isso. — Concordou.

— Mais alguma coisa? — Questionei olhando para cada um deles.

— Só. — Afirmou um dos homens.

Assenti concordando e pedi licença, voltando até o balcão. Luiza estava atrás dele e sorriu assim que viu que me aproximava.

— Então... — Incentivou movendo suas sobrancelhas sugestivamente.

— Então nada.... Pare com isso Luiza. — A encarei com seriedade fazendo com que ela bufasse e revirasse os olhos — Agora peça a Marcus que prepare esses pedidos.

Entreguei a ela o papel e sem esperar que dissesse algo mais, segui até as outras mesas. O movimento no café era constante, isso porque ficava em um ponto bom no centro, além de que os cafés, doces e salgados eram de ótima qualidade.

— Ju. — Luiza chamou e voltei ao balcão — O pedido do seu boy. — Avisou dando uma risadinha baixa.

— Não brinque com fogo. — Alertei fazendo sua risada aumentar.

Peguei a bandeja e caminhei com cuidado até a mesa, onde agora os três homens conversavam e davam risada. Vi o sorriso no rosto de Fábio e fiquei feliz por isso, afinal queria dizer que as coisas estavam melhores. Pelo menos esperava que sim.

— Com licença, — Chamei a atenção deles — O pedido de vocês.

Coloquei as xícaras na frente de cada um. Eles agradeceram e dei um pequeno sorriso antes de voltar ao balcão. Olhei no relógio da parede e suspirei baixo, faltava apenas uma hora e meia para meu horário acabar. Respirei fundo e sorri para uma senhora de meia idade, começando a atende-la.

Estava terminando de servir um homem de meia idade, quando vi Fábio e os amigos se levantarem da mesa. Luiza já tinha recebido o dinheiro e a comanda.

— Obrigado. — Agradeci ao homem que sorriu saindo com seu expresso.

Sem que conseguisse me conter olhei para a frente e acabei encontrando com Fábio, que me encarava com um pequeno sorriso nos lábios. Ele acenou discretamente com a cabeça e antes que me segurasse já estava retribuindo seu sorrindo, mais animada do que deveria e queria.

Respirei fundo e abaixei os olhos para o balcão fingindo que havia algo muito interessante nele.

— Não adianta disfarçar. — Luiza sussurrou perto do meu ouvido fazendo-me pular de susto.

— Credo menina. — Coloquei a mão no coração sentindo-o acelerado.

— Você está na dele. Assuma. — Sorriu arqueando uma sobrancelha em desafio.

— Não assumo coisas que não são verdade. — Resmunguei dando de ombros.

Vi Luiza revirar os olhos, mas a ignorei. Peguei o bloco e a caneta, já andando até uma mesa que tinha acabado de ser ocupada por três garotas. Trabalhar com certeza distrairia a mente e era o que estava precisando, ou daqui a pouco começaria a acreditar nas besteiras que Luiza falava.

Convenhamos que o que menos precisava era voltar a ser a Anaju ingênua e boba de antes. Estava muito bem assim e não queria mudar. Meu coração estava fechado para balanço e semprevisões de quando voltaria a funcionar. Pelo menos era o que repetia para eu mesma sempre, sem parar.

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