Capítulo 9

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Já estava quase na minha hora. Faltam apenas vinte minutos, mais precisamente vinte e dois minutos. Não que eu estivesse contando. Ok, assumo, estava contando sim e podem me chamar de louca, não ligo.

Porque toda essa ansiedade? Simples. Pelo simples fato de que hoje Fábio estava voltando de viajem. Ele tinha ido participar de um projeto da empresa em que trabalhava. Isso a seis meses, seis longos meses, diga-se de passagem. Mas a ótima notícia é que estava voltando e agora para ficar.

Durante esse tempo nós não perdemos contato, pelo contrário, nos falávamos todos os dias, mesmo com o fuso horário diferente. Além de que quando não podíamos falar, nós não deixávamos de mandar alguma mensagem, seja de bom dia ou boa noite, isso era meio sagrado entre nós.

Tínhamos nos tornado bons amigos, na verdade, eu esperava mais do que isso, mas depois de conversarmos no apartamento dele na noite em que o procurei, decidimos que iriamos com calma. Fábio estava de viajem marcada e não podia cancelar, então chegamos à conclusão de que deixaríamos as coisas irem acontecendo naturalmente. Sem pressão.

Não que eu não lembrasse do nosso beijo e de como os lábios dele eram macios e doces, mas não passamos daquilo então era a única lembrança a qual me apegava. As vezes deitava na cama a noite e ficava lembrando do toque carinhoso dele em meu rosto, e do cuidado e até zelo ao me beijar. Totalmente diferente do que já senti ou tive antes.

— Pare de sonhar acordada e trabalhe. — Luiza alertou, me assustando.

— Algum dia desses eu moro do coração e a culpa é sua. — Acusei fazendo com que ela revirasse os olhos em desdém.

— Coitada. — Debochou já seguindo até uma mesa vazia para limpa-la.

Terminei de checar as notas de alguns fornecedores e guardei na pasta, deixando na gaveta do balcão. Olhei mais uma vez no relógio e agora faltavam apenas treze minutos.

Só mais um pouco Anaju e você vai para casa. Pensei respirando fundo.

Quando finalmente chegou meu horário tirei o avental e peguei a bolsa. Me despedi de Luiza e Marcus desejando boa noite e segui para casa. Precisava de um bom banho e meu confortável pijama.

Estávamos no verão e graças a isso o dia demorava a escurecer, então enquanto seguia para o ponto de ônibus ainda conseguia aproveitar um pouco do sol.

Trinta e cinco minutos depois, graças ao transito, eu finalmente chegava. Só queria tirar os tênis e poder pisar no piso frio do apartamento, deixando meus dedos respirarem livremente.

Girei a chave na fechadura e entrei no apartamento vazio. Nat e Jess não estavam. Elas já tinham avisado que hoje aproveitariam o dia para ir à praia, pois estavam de férias.

Não me preocupei em ligar as luzes, afinal ainda vinha alguma claridade do lado de fora, já que as cortinas da varanda não estavam fechadas. Segui até o quarto e deixei a bolsa no cabideiro ao lado da porta. Chutei meus tênis em algum canto e fiquei só de meia, suspirando baixo de alívio.

Peguei duas toalhas e o pijama, indo ao banheiro para tomar meu tão esperado banho. Depois de pronta me vesti e enxuguei os cabelos com a toalha, penteando-os. A estendi e sai decidida a preparar algo para comer.

Passei antes no quarto para pegar meu celular e conferi as mensagens. Nenhuma dele, ainda. Deixei sobre a bancada da cozinha e fui até a geladeira para pegar o resto do almoço, ou seja, lasanha. Coloquei em um prato e liguei o micro-ondas.

Me escorrei na bancada enquanto esperava e aproveitei para checar os e-mails no celular. Quando tinha acabado o tempo ouvi o bip chato do micro-ondas avisando que estava pronto. Deixei o celular sobre a bancada e sentei pronta para comer, quando de repente ele começou a vibrar sobre o balcão.

Olhei o visor e sorri feito boba, na verdade, feito idiota. Sem esperar muito apertei o botão para atender e nem meio segundo depois já ouvi a sua voz.

"— Alo. — Ouvi sua voz baixa que mexia comigo."

"— Oi. — Sussurrei agradecendo por Fábio não poder ver minha cara de tola."

"— Como você está? — Perguntou."

"— Cansada e você? — Suspirei baixo."

"— Com saudades. — Confessou fazendo meu coração se aquecer imediatamente."

"— Eu também. — Afirmei."

"— Acho que tenho uma solução para isso. — Comentou me fazendo franzir a testa em confusão."

"— Solução? — Questionei — Como assim?"

"— Sim. — Concordou — Se você abrir a porta vai entender melhor."

"— A porta? — Perguntei já levantando do banco e andando até a porta do apartamento."

Meu coração estava um pouco acelerado com a possibilidade que piscava em minha cabeça. Não podia ser, ou podia? Abri a porta e arregalei um pouco os olhos enquanto minha boca formava um pequeno 'o'.

Aí meu Deus. — Sussurrei olhando como uma idiota para Fábio que estava parado a minha frente, ainda segurando o celular na orelha.

Supressa! — Exclamou sorrindo lindamente.

Neguei com a cabeça, sentindo um sorriso começar a surgir em meu rosto. Percebendo que ainda estava em um estado meio paralisado Fábio deu uma risada baixa. Depois pegou minha mão e puxou para perto de si.

Seus braços me envolveram e imediatamente fiz o mesmo, apertando-os ao seu redor. Senti os lábios em meus cabelos enquanto me espremia ainda mais contra seu peito.

— Senti sua falta. — Sussurrei com o rosto enterrado ali.

— Eu também. — Confessou cheirando meus cabelos.

Me afastei um pouco dele, mas ainda com os braços ao seu redor. Fábio afagou minha bochecha com uma das suas mãos, colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

Sorri e olhei todo seu rosto por alguns minutos antes de finalmente fazer o que tanto queria. Fiquei mais nas pontas dos pés e aproximei nossos rostos. Seu braço que ainda estava a minha volta ajudou um pouco a me levantar fazendo com que o encontro das nossas bocas fosse mais fácil.

Assim que elas finalmente se tocaram eu me arrependi imediatamente de ter ficado lembrando e imaginando nosso beijo em seu apartamento. Com certeza minhas lembranças não faziam jus ao que realmente era ser beijada por Fábio.

— Posso dizer que senti falta disso? — Sussurrou com seus lábios ainda nos meus.

Assenti concordando sorrindo. Nós nos separamos um pouco e levantei o rosto encontrando com seus olhos.

— Não mais do que eu. — Sussurrei recebendo um lindo sorriso de canto.

Fábio negou com a cabeça e beijou meus lábios rapidamente.

— Obrigada. — Agradeceu.

— Por? — Franzi a testa em confusão.

— Se deixar permitir... Comigo. — Explicou sorrindo.

Vai valer apena, eu sinto isso. — Repeti as mesmas palavras que ele disse em seu apartamento, na última noite que nós nos vimos.

Fábio sorriu e beijou minha testa, me puxando novamente para seus braços. Me aconcheguei mais a Fábio sabendo que agora estava tudo bem. Ali com ele sentia que finalmente tudo estava completo. Fábio era parte da nova vida que tinha construído para mim.

Depois de certo tempo tinha finalmente entendido que não adiantava se martirizar por certas coisas. O que aconteceu, aconteceu, está no passado e a única coisa que se pode fazer é seguir em frente. Sem medos. Porque a vida é curta demais para ficar perdendo tempo com inseguranças e 'e se'.

Apenas viva a vida da melhor maneira possível e ela te surpreenderá. Assim como me surpreendeu.

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