Beijos sinceros.

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Doce ou Salgado / Capítulo 12 – Beijos sinceros.

Ela se aproximou saltitante, o suor lhe escorrendo a testa, os cabelos teimosos presos num rabo de cavalo alto. O sorriso afetado pelo calor.

— Bom dia!

Soube quando seu corpo hesitou. Demonstrações de carinho não eram sua especialidade e não queria cometer nenhum erro. Se a abraçasse isso significaria que estava apaixonado? Ou que estava meloso pela noite anterior? Ou que só estava tentando agrada-la porque as coisas tinham seguido um caminho bom, e manter as boas aparências até que fosse embora seria o caminho certo?

— Bom dia – Respirou com calma, surpreso por nunca se sentir tão confuso.

Sabia que tinha começado errado, viu nos olhos dela mesmo que ela tivesse fingido estar tudo bem, ela explicou sobre o lugar onde estavam, e quando caminharam falou sobre o estábulo que tinha, sobre as ótimas condições que os cavalos tinham, sobre como adorava o lugar, que tinha sido uma pena ter precisado se mudar, ela lhe mostrou o Lamacer.

Um grande buraco no chão com muita, muita lama. Ficava escondido atrás de um conjunto de arvores, tinha a aparência de uma piscina, mas ela o advertiu que não era nada fácil sair dali sozinho.

Quando voltaram o almoço estava pronto e ela se ocupou em ajudar a por a mesa, enquanto Victor surgia com pelo menos três aves em uma das mãos. Houve repulsa da maioria, e ele desapareceu logo em seguida.

Sabia do olhar atento que Bruno tinha sobre si, e foi o suficiente para ter certeza de que ele sabia. Giselle, esposa de Carlos tinha uma cara melhor, e ficou mais tempo na presença de todo mundo, incrivelmente sorridente, deixando o marido vermelho mais de uma vez.

— Você está distraído. – Sthella estava seria quando se sentou do seu lado no sofá – Mais do que o comum, o que aconteceu?

Deu de ombros, estava surpreso consigo mesmo por não ter ligado para o trabalho nenhum vez desde que estivera ali, normalmente estava ciente do que se passava em três e três horas.

— Não aconteceu nada.

Ela piscou uma, duas vezes.

— Foi algo que eu fiz?

Não queria que ela se culpasse por nada, de maneira nenhuma, ele era o cabeça dura, que não sabia lidar com toda aquela situação, sem saber se expressar.

— Não, eu só estava pensando.

— Sobre ontem?

— Também.

Ela inspirou fundo, girando o corpo, não estava mais olhando pra ele.

— Certo, teríamos que conversar mais hora menos hora, eu sei, talvez tudo isso seja rápido demais, talvez você estar aqui seja rápido demais. É que não achei que fosse preciso enrolar, tipo, toda aquela burocracia de conversar durante décadas sobre nós mesmos, e marcar de sair em vários lugares. - Quis interrompê-la, mas ela não deixou. – Achei que fosse diferente, que íamos nos conhecer assim, da forma mais gostosa.

Os olhos castanhos focaram em seu rosto.

— Mas se isso é um problema pra você, você pode voltar se quiser. Não precisa ficar fazendo sala, sei que você tem coisas mais importantes com que se preocupar.

Deus, tinha tomado todas as direções erradas, seria muito mais simples ter conversado com Guilherme, ter pedido algum conselho talvez, estava numa cilada, e sua garganta tinha fechado.

— Ótimo – Ela ficou de pé como se soubesse o que se passava em sua cabeça – Não precisa se preocupar com que o pessoal vai achar, eles gostam de você, vão entender.

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