Manhã VS. Noite

9 0 0
                                    


Doce ou Salgado / Capítulo 11 – Manhã VS. Noite

Sthella caminhou nas pontas do pé, literalmente, as próprias roupas unidas contra o peito, sabendo que tinha acordado cedo demais como sempre. Se colocou no corredor e soltou o ar talvez pela primeira vez, com medo de fazer qualquer barulho excessivo.

- Bom dia – A voz sonolenta e rouca de Bruno a fez pular do outro lado do corredor, duas portas depois.

-Meu Deus Bruno, você quase me matou do coração – Sthella levou a mão ao peito quando viu o viu. Sebastian dormia em um sono pesado, mas que ainda assim podia acordar com facilidade.

Sorriu consigo mesma, não tinham dormido muito. Ainda podia ouvir a risada baixa dele no pé da orelha sobre provavelmente estarem sendo muito barulhentos. Por instinto, cobriu o pescoço dolorido.

- Carlos está desconfiado.

Sthella fechou os olhos. Carlos era um tolo, constantemente ligado no automático e dificilmente atento as coisas que se passavam a sua volta, mas não podia subestima-lo, Carlos sabia ser briguento e causar verdadeiras confusões as vezes e duvidava que Sebastian fosse de engolir desaforos, era melhor deixa-lo sempre dormindo quanto as coisas a sua volta.

- Acha melhor eu contar?

- Não – Deu de ombros – É muito cedo, só seja mais cautelosa.

- Como acha que ele acordou?

- Victor deve ter dito algo ontem à noite depois que você saiu, Guilherme não confirmou nada o que acho que foi bom.

Suspirou aliviada. Não era de costume que ela fosse a primeira a sair do quarto, muito pelo contrario. Em todos os seus breves relacionamentos fracassados era ela quem acordava sozinha na manhã seguinte.

O problema era que não queria pressionar Bastian, sabia que tinha se envolvido demais, se arriscado demais. Precisava ir com calma, como lhe fora dito na decepção anterior, ou acabaria colocando tudo a perder. Já tivera o coração partido uma vez, não seria capaz de suportar uma segunda.

- Encontrei metade do pudim na minha geladeira, foi você que o colocou lá?

- Não – Se preocupar com a sobremesa era o ultimo de seus problemas.

Ele deu dois passos a frente, ficando cara a cara.

- É melhor que não minta pra mim.

- Eu juro, não fui eu.

Bruno inspirou fundo.

- Eu devolvi na geladeira sem que ninguém visse, mas torce pra mamãe não nos fazer descer no Lamacer.

- Certo – Fez uma advertência mental sobre explicar o que era o Lamacer para Bastian.

- Certo.

Ele estendeu a outra caneca fumegante que tinha nas mãos.

- E talvez seria bom se você colocasse uma calça e uma camisa de preferência sua.

Sthella encarou as próprias pernas nuas, semi cobertas pelo moletom pesado e masculino que roubara.

- Está bem.

-Não acha que está indo muito rápido? – Ele fez uma careta enquanto cruzava os braços.

- O que quer dizer? – Franziu o cenho na defensiva.

- Você sabe o que eu quero dizer – Bruno travou o maxilar.

Sthella o empurrou para que se afastasse.

- Estou cansada de me dizerem que eu sei de tudo.

A risada contida de alguém fizeram com que parassem de falar. Carlos ria quando finalmente conseguiu se soltar da esposa grávida e fechar a porta.

Doce ou Salgado?Onde histórias criam vida. Descubra agora