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Tento retomar o fôlego enquanto corro desesperada em direção a entrada da velha catedral. Diego vem logo atraz, me acompanhando.
--Anne! -- Ele grita -- Anne, precisamos buscar ajuda, não podemos entrar aí às segas.
Me viro para encara-lo.
--Ela é minha melhor amiga. E eu vou buscá la, você queira vir ou não.
--Mas Anne... -- Ignoro totalmente as últimas palavras de Diego e continuo meu caminho.
Ele para por alguns segundos, parecia considerar a ideia de não vir comigo, mas logo volto a ouvir seus passos me acompanhando.
--Tudo bem, eu vou com você. -- Diz ele -- Mas se alguma coisa acontecer você será a culpada.
Apesar do perigo evidente, para salvar Amy estava disposta a correr esse risco. Andamos por alguns segundos até a enorme porta de entrada por onde Amy foi arrastada, vou direto para a grande maçaneta de ferro e a puxo, fazendo a porta abrir num estalo. Estava acostumada com aquele lugar, uma vez que meus pais eram muito religiosos, e já perdi as contas dos dias e noites que passei naquele local, ajudando minha mãe com seus trabalhos voluntários.
A instalação era enorme, ganhara várias estencões desde o século XIX, quando fora construída, e apesar de por fora aparentar um local decaído e abandonado, por dentro era um local bem cuidado. Objetos e paredes antigas se misturavam com os recentes, numa união perfeita. Vários bancos rodiavam o palco central, onde havia um grande altar decorado com vários tecidos e algumas ferramentas utilizadas pelos padres em nossas missas e encontros. As luzes fracas de alguns candelabros que pendiam sobre nós iluminavam grande parte do local, enquanto outras permaneciam na escuridão. O local tinha um ar obscuro, totalmente diferente da calmaria costumeira.
Ando em direção ao altar tentando encontrar alguma pista de Amy. Nada além de algumas manchas comuns de tinta no chão é tudo que consigo notar. Levanto a cabeça e tenho a impressão de ver algo se movendo por entre os bancos logo afrente. Paro, segurando Diego que me olha sem entender nada.
-- Olha. -- Aponto para a figura de branco, agora parada, como se tentasse disfarçar sua presença.
--Ei! -- Diego grita inesperadamente fazendo o som ecoar por todo o local. A figura de capa se levanta correndo desesperadamente em direção a uma das várias portas do local.
--Vá por baixo, vamos cerca-lo. --Digo enquanto entro em meio aos bancos de madeira. Diego atende meu apelo e corre para o centro do local fazendo a criatura se assustar e mudar a direção, correndo agora para a pequena porta de ferro do confessionário. Ele entra, a trancando logo em seguida. Corro para a pequena entrada batendo com toda minha força no metal frio.
--Ei! -- Grito -- Saia daí covarde.
--E...eu não quero confusão. -- Ouço uma voz masculina vinda do cômodo.
--O que você fez com a minha amiga? -- Digo firme.
Diego chega correndo e tenta em vão abrir a porta fortemente trancada.
--E... eu não sei de nada. --Gagueja o homem.
--Você pode nos ajudar a encontra-la? -- Pergunta Diego, inesperadamente.
Tento conter a raiva com a idiotice que Diego acabara de dizer. Como o maior suspeito pelo desaparecimento de Amy, poderia nos ajudar?!
O homem fica em silêncio por alguns minutos mas logo ouço sua voz novamente:
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Querido Amigo Macabro ( Primeira Parte Completa)
KorkuO que uma pacífica cidade turística poderia esconder? Talvez coisas inimagináveis, seres horríveis ou até mesmo pessoas esquecidas e atormentadas. Inesperadamente a adolescente Anne se vê em meio a verdadeiro pesadelo disfarçado de cidade, e está pr...