10 - P.V. PHILIPPE

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"Você vai levar a Isabela pra sua casa?", perguntou Gustavo desconfiado.

"Vou.", respondi. "Porquê?"

Gustavo deu uma risada e olhou pro Murilo. "Precisamos aprender com ele! Tá ligado na rapidez desse cara?? Quem me dera ter essa habilidade!"

"Nós só vamos fazer o trabalho..."

"Ah, tá bom. Não precisa mentir."

"Isso é realmente de se desconfiar...", Murilo entrou na onda do Gustavo e deu uma risada.

"Vocês tinham que falar uma merda, né?!", balancei a cabeça, mas não resisti e acabei rindo. "A gente nem vai ficar sozinho. O Bruno e a Teresa vão estar lá, não vai ter como rolar nada entre a gente..."

A Teresa era como uma empregada da minha casa, só que ela também ia pra cuidar do meu irmão de nove anos que aprontava todas e precisava de alguém que o controlasse. Como minha mãe nunca está em casa, ela achou melhor contratar alguém.

"Se eu fosse você, aproveitaria o tempo..."

"Não escuta o que esse idiota fala!", o Murilo aconselhou, ao dar um tapa na cabeça do Gustavo e fazê-lo calar a boca de repente. "Se você seguir os conselhos dele, vai ficar ferrado pelo resto da vida. Digo por experiência própria! Eu já segui vários conselhos dele e deu tudo errado. Ainda bem que com a Ana Clara foi diferente e a gente tá junto até hoje"

Gustavo começou a se explicar.

"Eu dou total apoio pra que você e a Isa fiquem, se peguem, sei lá. Você não tem que ficar fingindo que não quer ficar com ela, tá praticamente estampado que vocês estão a fim um do outro, não param de se olhar a aula inteira"

"Com isso eu concordo", Murilo acrescentou. "Vocês ficam com essa palhaçada de 'Ah, eu te odeio!', 'Não, eu te odeio mais!', 'Eu não te suporto!', e sei lá mais o quê. Vocês são muito chatos!"

"Será que dá pra gente parar de falar disso?", supliquei.

Uma parte de mim sabia que eles tinham razão, e aquilo me fez parar pra pensar. Pensar que talvez eu realmente estivesse sentindo alguma coisa pela Isabela. Ela não era como as outras. Não corria atrás de mim feito um cachorrinho e aquilo me atraía de alguma forma. Me fazia querer conquistá-la aos poucos.

Sinceramente, às vezes eu até achava que ela implicava comigo só pra ocultar a atração que também sentia por mim.

De qualquer forma, marcamos de ir para a minha casa depois da aula, pra começarmos a fazer umas coisas do trabalho. Ela não gostou da ideia em princípio, mas acabou topando.

Eu tinha consciência total de que o Bruno estaria em casa e que, provavelmente, inventaria alguma besteira que envolvesse o meu nome, dando mais motivos à Isabela pra falar mal de mim depois. E também tinha consciência de que, embora eu quisesse, não poderia agarrar a Isabela, porque corria o risco de alguém aparecer bem na hora.

Ela já tinha comentado comigo que o "motorista dela" poderia levar a gente se eu quisesse e, embora não visse muita necessidade, já que a minha casa não era tão longe, acabei aceitando. Desse modo, logo que a aula acabou, observei-a se despedir da amiga e vir andando na minha direção.

"O Herculano já chegou"

Olhei pra ela. "Quem?"

"O motorista", ela passou por mim e olhou pra trás. "Vem logo, ele não pode esperar muito tempo"

"Eu tô indo", abri os braços de forma inocente e andei atrás dela. "Senhorita certinha..."

Ela virou pra trás e cruzou os braços, fazendo a gente quase esbarrar.

Meu Mundo ao AvessoOnde histórias criam vida. Descubra agora