Episódio 8.

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Andando pelas ruas de Holmes Chapel, 23h — Você pode me aceitar como eu sou?

— Como você pode gostar de maçã na maionese? Parece que eu estou saindo com um idiota.

A tia de Harry havia chamado os dois para um jantar elaborado, parecia até ceia de natal – que talvez fosse o inicio da despedida, Louis pensou. Parecia 25 de Dezembro nas partes ruins também, Louis teve que morder a língua para não reclamar das uvas passas e das frutinhas cristalizadas que pareciam estar até dentro do suco. Pelo menos tinha pudim de leite, que é apenas a sobremesa favorita da vida Louis. Ele esperou Sam e Rose irem para a cozinha cuidar dos pratos para se servir de mais três pedaços junto com Harry, o que atrasou um pouco na tarefa de arrumar a mesa.

— Você pode me aceitar como eu sou? — Harry reclamou falsamente nervoso. — Eu aceitei você ter gostado de Ovomaltine nas batatas, aquilo foi doentio. — Isso aconteceu no dia anterior quando pararam num drive-thu. Harry quase vomitou no volante.

— Você nem comeu, tava tão gostoso.

—É tipo de comida que só se come em duas situações, você tá aprendendo a cozinhar e resolve ser criativo, vê que ficou uma merda e nunca mais. Ou você fumou maconha e precisa comer alguma coisa, qualquer coisa.

—Você não conhece as delicias da vida, Hazz.

— Eu transei com você, acredite, eu conheço. — Respondeu com aquele tom safado acompanhado de uma mordida generosa no lábio de baixo, analisando o corpo de Louis só para encher o saco.

— Af, cala a boca. — Louis empurrou Harry com o ombro, fazendo o sorrir bobo, feliz com a cumplicidade e intimidade que eles tinham adquirido em tão pouco tempo.

— O que foi? Você ficou calado do nada. — Harry estranhou.

— Eu quero viajar! — Louis disse – de um jeito aleatório que Harry estava quase acostumado – parado olhando para a rua vazia iluminada pelos inúmeros postes de luz amarela. O tom de voz do menino mudou. Sua animação de antes parecia reduzida à zero, Harry não deixou de perceber.

— Mesmo? Agora?

— Sim e não. — Ele parou para refletir e formular uma resposta entendível. — Eu vou adorar o tempo da faculdade, mas eu não quero passar a vida todo mergulhado em livros e slides. Quero ver o mundo.

— Como você quer ir? De avião? De carro?

Com você, Louis pensou meio melancólico.

— Não importa, só quero chegar. Eu me imagino em Machu Picchu gritando alto, bem alto, e ninguém vai reclamar. Os deuses Incas vão ficar meio irritados, talvez.

— Por que você quer gritar? — Harry tentava conversar normalmente, mas estava preocupado com a súbita mudança de humor do outro. Louis era um tagarela e conseguia falar sobre tudo e iniciar conversas estranhas e divertidas a qualquer momento, mas essa não era uma daquelas e Harry sabia, ele sentia que Louis estava mal, ele podia ver através dos seus olhos azuis perdendo o brilho alegre por um momento e deixando alguma coisa guardada finalmente ser sentida. E doer.

— Acho que as pessoas seriam mais felizes se elas simplesmente pudessem gritar quando quisessem.

— Sinto que você quer gritar agora.

— Yeah.

— Porque você tá triste, não quer que ninguém saiba, mas tem olhos sinceros demais. — Harry se colocou atrás de Louis, enrolando os braços no tronco dele e sentindo o cheiro do próprio perfume – que Louis adorou e quase derrubou o vidrinho em si mesmo.

White Skimo || Larry Stylinson.Onde histórias criam vida. Descubra agora