SEUS SEIS INIMIGOS MAIS PERIGOSOS

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UMA VISITA DO AUTOR DEPOIS DA LIÇÃO
Na figura, o leitor tem oportunidade de estudar os seus seis piores inimigos.

OS SEIS ESPECTROS SÃO CHAMADOS: MEDO DA POBREZA, MEDO DA MORTE, MEDO DA DOENÇA, MEDO DE PERDER O AMOR DE ALGUÉM, MEDO DA VELHICE E MEDO DA CRÍTICA

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OS SEIS ESPECTROS SÃO CHAMADOS: MEDO DA POBREZA, MEDO DA MORTE, MEDO DA DOENÇA, MEDO DE PERDER O AMOR DE ALGUÉM, MEDO DA VELHICE E MEDO DA CRÍTICA.
Nada têm de bonitos. O artista que os desenhou, entretanto, não os pintou tão feios
como realmente são. Se tivesse feito isso, ninguém lhe daria crédito. Enquanto estiver lendo a descrição desses horríveis caracteres, o leitor deve analisar-se para ver qual deles lhe causa mais danos.
Toda pessoa neste mundo tem medo de alguma coisa. A maioria dos medos
é hereditária. Nesta parte, o leitor pode estudar os seis medos básicos que mais danos nos causam. Os medos precisam ser dominados para que se consiga vencer em qualquer empreendimento sério na vida. O leitor deve procurar descobrir quantos dos seis medos básicos o estão estorvando; porém, mais importante ainda, é preciso decidir como vencer esses inimigos.
O propósito deste estudo é ajudar os leitores do curso a afastar esses inimigos
mortais. Observe-se que os seis inimigos estão atrás da pessoa, de modo que ela não pode vê-los facilmente. Todo ser humano é limitado até certo ponto por um ou mais desses medos invisíveis.
O primeiro passo a dar para a eliminação de tão perigosos inimigos é descobrir onde, como e de que maneira os adquirimos. Eles conseguem instalar-se em nós por meio de duas formas de hereditariedade. Uma
é conhecida por herança física, à qual Darwin dedicou vários estudos. A outra se denomina herança social; por meio dela os terrores, as superstições e as crenças dos homens que viveram durante as eras de ignorância passaram de uma geração para outra. Estudemos, primeiro, a parte que a hereditariedade física desempenha na criação dos
medos básicos. Antes de tudo, veremos que a natureza foi uma mãe cruel. Da mais baixa à mais alta forma de vida, permitiu que o mais forte dominasse o mais fraco. O peixe apresa os vermes e insetos e os come. Os pássaros apresam os peixes. Formas
mais elevadas apresam os pássaros e assim por diante, até chegarmos ao homem. E o homem exerce a sua função de domínio sobre todas as outras formas animais e até sobre os seus semelhantes. A história completa da evolução é uma cadeia indissolúvel de provas de crueldade e de
destruição dos mais fracos pelos mais fortes. Não admira que as formas mais fracas da vida animal tenham aprendido a temer as mais fortes. A consciência do medo existe em todo animal. Dessa maneira, grande parte do instinto do medo nos vem através da herança física.
Examinemos agora a herança social e vejamos a parte que ela desempenha. O termo herança social refere-se a tudo o que nos é ensinado, tudo o que aprendemos ou colhemos da observação e das experiências sobre outros seres vivos. Pondo de lado quaisquer preconceitos ou opiniões que já se tenham formado, pelo
menos temporariamente, é possível saber a verdade sobre os seis piores inimigos, começando pelo medo da pobreza. É preciso coragem para dizer a verdade sobre a história desse inimigo da humanidade e uma coragem ainda maior para ouvi-la. O medo da pobreza nasce do hábito que o homem adquiriu de exercer o seu poderio sobre os seus semelhantes, economicamente. Os animais que têm instinto, mas não o poder de pensar, também procuram dominar uns aos outros fisicamente. Com o seu senso superior de intuição e a sua mais poderosa arma, o pensamento, o homem não devora os seus semelhantes fisicamente. Sente mais prazer em devorá-los financeiramente. O homem é a tal ponto agressor a esse respeito que quase todos os Estados e nações
se viram forçados a estabelecer leis, dezenas delas, para proteger os fracos contra os fortes. Todas as leis são uma demonstração da natureza do homem para procurar dominar aqueles, dentre os seus semelhantes, que são mais fracos economicamente. O segundo dos seis medos básicos que atormentam o homem é o medo da velhice.
Esse medo tem duas causas principais: primeiro, a ideia de que a velhice possa trazer a pobreza; segundo, os falsos ensinamentos sectários que falam em inferno, em um mundo de fogo depois desta vida, levando as pessoas a temerem a aproximação da velhice, por suporem que depois dela vem um outro mundo, talvez mais terrível ainda... O terceiro dos seis medos básicos é o medo da doença. Esse medo nasce tanto da herança física como social. Do nascimento até a morte, há
uma luta eterna, dentro de cada corpo humano, entre um grupo de células conhecido como construtor do corpo, e outro, que é destruidor, ou seja, os germes das doenças. A semente do medo nasce no corpo como um resultado do plano cruel da natureza, permitindo as formas mais fortes das células exercerem pressão sobre as mais fracas. A herança social desempenha sua parte por meio da falta de asseio e de noções de higiene, e também por meio da Lei da Sugestão, astutamente preparada pelos que se aproveitam das doenças. O quarto dos seis medos básicos é o medo de perder o amor de alguém. Esse medo
enche os tribunais de casos de divórcio e de crimes passionais e outras formas cruéis de vingança. É uma tradição transmitida pela herança social desde a época pré-histórica, quando os homens raptavam as mulheres pela força bruta. O método foi modificado até certo ponto, mas perdura ainda. Hoje, o homem rouba a esposa de outro, não pela força bruta, mas seduzindo-a com presentes luxuosos, passeios e belas casas. O homem está melhorando: hoje seduz, outrora forçava. O quinto dos seis medos básicos é o medo da crítica. É difícil determinar exatamente
onde e como o homem adquiriu esse medo. Mas é certo que o adquiriu. Não é, contudo, por causa dele que o homem se tornou careca. A calva é uma consequência de chapéus apertados, que impedem a circulação desde a raiz dos cabelos. As mulheres raramente ficam calvas, porque usam chapéus frouxos. O medo da crítica, porém, faz os homens tirarem os chapéus e conservarem os cabelos.
Os fabricantes de roupas não perderam tempo em se aproveitar desse terror básico da
humanidade. Em todas as estações, as modas se transformaram, porque os fabricantes de roupas sabem que poucas pessoas terão coragem para usar as roupas da estação passada. Se o leitor duvidar disso, tente sair com um chapéu de abas estreitas quando as abas largas estão em moda. Ou, então, tente a leitora passear, no dia de ano-novo, com o seu chapéu do ano passado. Hão de observar como se sentirão mal, unicamente devido ao inimigo imortal, o medo da crítica. O sexto e último dos seis medos básicos é o mais tremendo de todos. Chama-se medo
da morte! Por dezenas de milhares de anos o homem tem perguntado e até hoje fica sem resposta: de onde viemos? Para onde vamos? Os mais astuciosos não demoraram em oferecer soluções para a eterna questão: de onde vim e para onde vou depois da morte? — Venha à minha tenda — diz um chefe religioso — e irá para o céu depois da morte. O céu passou a ser descrito como um lugar maravilhoso, cujas ruas são pavimentadas
de ouro e pedras preciosas. — Se não vier a mim, irá diretamente para o inferno — diz outro. O inferno é então pintado como um lugar de fogo abrasador, onde a pobre vítima
sofrerá tormentos eternos. Não admira que a humanidade tenha medo da morte.
Olhemos novamente para a gravura no início deste capítulo e determinemos, se for
possível, qual dos seis medos básicos nos está causando mais danos. Um inimigo descoberto é um inimigo meio vencido. Graças às escolas e aos colégios o homem vai descobrindo pouco a pouco os seis
inimigos. A arma mais eficiente para o combate a todos eles é o conhecimento organizado. Ignorância e medo são irmãos gêmeos. Destruam-se a ignorância e a superstição e os seis medos básicos desaparecerão da
natureza humana dentro de uma geração. Em cada biblioteca pública pode ser encontrado o remédio para os seis inimigos da humanidade, bastando para isso saber escolher os livros. Comecemos por ler The Science of Power, de Benjamin Kidd, e destruiremos sem
demora os seis terríveis inimigos. Em seguida, leia-se o ensaio de Emerson, Compensation. Então, selecionem-se alguns bons livros sobre autossugestão, procurando ao mesmo tempo adquirir conhecimentos sobre o princípio por meio do qual as nossas crenças de hoje se tornam amanhã realidades. Mind in the Making, de Robinson, dará ao leitor um excelente início para a compreensão da sua mente.
Por meio da herança social chegaram até nós a ignorância e a superstição das eras
antigas. Mas estamos vivendo numa era moderna. Por toda parte podemos ver que qualquer efeito tem uma causa natural. Comecemos agora a estudar os efeitos pelas suas causas, e em breve nos libertaremos do peso dos seis medos básicos. Comecemos estudando homens que acumularam grandes fortunas e descubramos a
causa das suas realizações. Henry Ford fornece um exemplo excelente. Dentro do curto período de 25 anos venceu a pobreza e tornou-se o homem mais poderoso do mundo. Na sua obra nada há que seja efeito do acaso ou da sorte. Essa obra é o resultado do cuidado com que ele observou certos princípios, que estão igualmente à disposição do leitor. Henry Ford não se deixou intimidar pelos seis medos básicos; não tenha o leitor
dúvida sobre isso. Se achar que está muito afastado de Ford para estudá-lo devidamente, comece por
escolher duas pessoas que lhe estejam mais próximas, uma representando a sua ideia de fracasso e outra correspondendo à sua ideia de triunfo. Procure descobrir o que fez de um desses indivíduos um fracassado e, do outro, um triunfante. Consiga fatos reais e, no processo de reuni-los, terá aprendido muita coisa sobre causa e efeito. Tudo o que existe — desde a forma animal mais inferior, que vive na terra, ou nos
mares, até o homem — é efeito do processo evolutivo da natureza. A evolução é uma transformação organizada, na qual nenhum milagre tem parte. Não somente as formas e as cores dos animais mudam, de acordo com um processo,
de uma geração para outra, como também a mente humana está sujeita às mesmas transformações. E nisso está a nossa esperança de melhoria. Temos o poder de forçar a nossa mente por meio do processo de rápida transformação. Basta um mês de autossugestão, dirigida com propriedade, para que se possa calcar aos pés qualquer dos seis medos básicos. Em 12 meses de persistente esforço poder-se-á dominar toda a horda, de maneira a não oferecer mais nenhum perigo. Assim, o leitor reunirá amanhã em sua mente os pensamentos dominantes que tiver
hoje. Plantará nela a semente da determinação meio vencida. Procure conservar essa intenção e, aos poucos, afaste os seis inimigos, que já então existem apenas em sua mente. O homem que é poderoso nada teme, nem mesmo a Deus. O homem poderoso ama a
Deus, mas nunca O teme! O poder duradouro jamais nasce do medo. Qualquer poder que tenha o medo por base está condenado a criar e a se desintegrar. Compreendamos bem essa grande verdade e nunca incidiremos na infelicidade de procurar conquistar poder inspirado no medo de outras pessoas, que talvez nos devam uma obediência temporária.
O homem é de corpo e alma formado para grandes Feitos; para, nas asas da mais ousada fantasia, Voar infatigavelmente, transformando, impávido, Em paz, os mais cruéis sofrimentos, e experimentando Os prazeres do espírito e dos sentidos;
Ou, então, é formado para a abjeção e a desgraça, Para rastejar no grilhão dos terrores, Estremecendo a cada som, apagando com o Sensualismo a chama do amor natural, abençoando A hora em que a gélida mão da morte Lhe imporá o selo fatal, E temendo ao mesmo tempo a cura, conquanto odiando o mal. O primeiro é o homem como há de ser um dia, O segundo, o homem tal como o tornou o mal.
Shelley*****

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⏰ Última atualização: Jan 06, 2017 ⏰

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