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O dia de ontem foi uma agitação. Quando a Carolina me foi buscar a casa do André, contei-lhe tudo o que se passou. Ela ficou bastante preocupada, mas depois também me fez ver o lado do André, como fui injusta, em certos aspetos, com ele.

Ainda estive um tempo dentro do seu carro, quando ela o parou em frente à minha casa, onde me tentei recompor o melhor possível para nenhum dos meus pais fazer perguntas, mas foi algo que não aconteceu...

Quando entrei em casa, ambos me fizeram várias perguntas às quais eu ignorei por completo e subi para o meu quarto com a minha filha. Dei-lhe banho e eu também tomei, indo depois vestir-nos o pijama e deitarmos-nos adormecendo de seguida.

Durante a noite, tive que me por a pé duas vezes por causa da Ana, ela nunca tinha chorado tanto como nesta noite, o que me deixou de certo modo preocupada, a minha mãe até veio ter comigo a ver o que se passava, mas também não chegou a nenhuma conclusão.

Uma hora depois de me ter posto a pé pela segunda vez, ela adormeceu e não voltou a chorar, mas mesmo assim não fui capaz de pregar olho o resto da noite.

De manhã, eu estava com um aspeto terrível, as minhas olheiras estavam mais fundas do que o costume. A Ana acabou por acordar por volta das 7:30, voltando a chorar, o que me levou ao limite da preocupação, foi aí que me lembrei de lhe por a mão na testa e reparei que ela estava arder em febre.
Eu simplesmente me vesti á presa, disse aos meus pais onde ia, ao qual eles me responderam que iam lá ter, e sai de casa o mais rápido que consegui, indo para o hospital.

Já há duas horas que cá estou, e a única coisa que me disseram foi, "ainda não temos resultados."
Eu já me chateie por o médico nunca mais me dizer nada e os meus pais já me tentaram acalmar, mas sem sucesso...
Pensei em mandar uma mensagem ao André, mas não quis preocupá-lo, então simplesmente deixei de lado essa opção.

- Familiares de Ana Maria Santos? - o médico nos seus 27 anos finalmente chama-nos

- Estou aqui! - eu respondi indo quase a correr ter com o homem da bata branca.

- É a mãe? - perguntou com um olhar esquisito, olhando-me de cima a baixo

- Sim, agora diga-me o que se passa...

- A sua filha... - ele ia continuar mas foi interrompido

- O que... é que se passa.... com a Ana? - o André para ao meu lado, pregando-me um susto

O médico olha para ele surpreso, mas rapidamente se recompõe

- O Senhor que parentesco tem com a criança?

- Sou o pai. - o André diz ainda a tentar recuperar o fôlego

- Muito bem... como estava a dizer... - ele volta a sua atenção para as folhas que tem na mão - a vossa filha está fora de perigo não se preocupem, o que se passou foi apenas uma cólica que a afetou muito, em um modo geral, mas para termos a certeza que ela irá ficar bem, temos de deixá-la em observação durante umas horas.

- Está bem, obrigada doutor... Já agora em que quarto é que a minha filha está?

- Está no quarto 123. Eu logo passo por lá, para ver como é que ela está. - sorri-me e volta a olhar-me de cima a baixo, deixando-me um bocado desconfortável

- Ok, até logo então... - sorri de volta

Mal o doutor se vai embora, olho para o André, que está a olhar para o Doutor com um olhar de morte(?)

- André?

- "eu logo passo por lá, para ver como é que ela está." - faz uma voz fininha revirando os olhos

- O que é que foi isso? - perguntei confusa

- Nada.

- Nada não. O que é que foi agora? O que é que o médico fez? - suspirei aborrecida

- Nada, exceto o facto de te ter olhado de cima a baixo.

- André por amor de Deus, já viste bem como é que estou. Eu devo estar a parecer um zombie.

- Isso é o que pensas. - resmungou baixinho ao qual eu ignorei

- O que é que estás aqui a fazer? Como é que sabias?

- Primeiro foram os teus pais que me ligaram, mas como eu não tinha o telemóvel ao pé de mim, ligaram aos meus pais que ligaram para o clube que me foram informar. - ele começou a explicar - Segundo assim que soube o que se estava a passar disse ao meu treinador que tinha de vir para o hospital por causa da nossa filha e sai dali a correr indo para o carro para vir para aqui, esquecendo-me de me trocar, mas agora temos pena...

- Ah, ok...

Durante o resto do caminho fomos os dois lado a lado sem trocar mais nenhuma palavra, ouvindo-se apenas o barulho das chuteiras do André que faziam impacto com o chão...

A filha de André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora