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3:54 da manhã é a hora que o relógio marca.
Suspiro profundamente e fecho os olhos numa tentativa, falhada, de voltar adormecer, mas as recordações de há três dias atrás estão ainda bem presentes na minha mente.

Cansada, confusa e perdida... são as três palavras que descrevem o que estou a sentir. Não sei o que fazer, o que pensar, nem como encarar esta situação em que estou metida.

Tento virar-me na cama mas isso torna-se uma missão impossível, então simplesmente viro a cabeça encarando, assim, o rapaz que roubou o meu coração. Este agarra-me, como se eu fosse escapar a qualquer momento, sentindo o peso da sua mão sobre a minha barriga o que me faz estremecer.
Tento mais uma vez virar-me de frente para ele, mas desta vez com sucesso, e deito a minha cabeça no seu peito deixando as recordações invadirem-me.

Flashback ( 24/12/2015 )

O meu pai toca à campainha e rapidamente a porta é aberta, aparecendo a dona Anabela, com um avental de cozinha toda atrapalhada.

- Olá! - ela começa ajeitar os seus cabelos castanhos escuros - Peço desculpa ainda estar assim mas o jantar atrasou-se um bocadinho.

Ela continua meia atrapalhada o que me faz rir a mim e à minha família.

- Anabela não tem mal. - a minha mãe tranquiliza-a - Trouxe um tronco de Natal e uma tarte.

- Oh obrigada, não era preciso.

- Claro que era. - a minha mãe contradiz

- Mas então entrem. - Anabela começa por nós cumprimentar onde eu fui a última

- O André ainda está no quarto se quiseres vai lá. - ela pisca-me o olho

- Ok obrigada. - disse meia envergonhada

Pelo caminho ia cumprimentando algumas pessoas até chegar ao quarto do meu namorado.
Bato à porta, mas como ninguém respondeu, abro-a, encontrando o André de costas ainda sem camisa.
Fazendo pouco barulho, fecho a porta devagarinho e caminho até ele, agarrando-o por trás e começando a espalhar beijos até à sua clavícula, sentindo-o arrepiar-se.

Ele vira-se de frente e sorri para mim, começando atacar os meus lábios e guiando-me até à sua cama.
Fomos obrigados a parar o beijo por falta de ar e ficamos abraçados um ao outro.

- Isto são tudo saudades? - brinquei com ele

- Óbvio que são. Hoje trocaste-me pelo shopping - ele dramatiza o que me faz rir

- Oh amor precisava de comprar um vestido para hoje... mas agora já sou toda tua. - pisquei-lhe o olho

- Sendo assim... - ele ia voltar a beijar-me mas fomos interrompidos pela porta do quarto abrir-se

- Eu não disse que já se estavam a comer. - o Afonso diz aos seus primos onde uma onda de gargalhadas é ouvida juntamente com um suspiro de frustração por parte do André

- Afonso já te disse para não entrares assim no meu quarto. - o André sai de cima de mim, indo pegar na sua camisa branca, que está em cima da poltrona preta no canto do quarto.
Já eu, ponho-me de pé, ficando completamente envergonhada com a situação.
Olho para o André e este entende o recado.
Dirijo-me à sua casa de banho privada e fecho a porta suspirando. Encaro o meu reflexo no espelho e reparo no quão rosadas as minhas bochechas estão. Ligo a torneira molhando as minhas mãos, e passando as mesmas pela minha cara.

A filha de André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora