Capítulo 18

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Sem correção...

Shaira,

Shaira, caminhou entre as pedras até se cansar, chorando por tudo que havia acontecido. Se Becca soubesse o quanto Shaira estava arrependida, mas agora Shaira não iria ficar implorando, se rastejando como cobra aos pés de Becca.

Becca pensava que só porque havia se entregado a médico, era melhor que mulheres de Nikaule, assim, como médica chamada Andressa, que vivia olhando mulheres de nariz empinado.

Shaira caminhou até não aguentar mais, e parou para descansar. Quando olhei para o lado vi uma caminhonete parada, caminhei até lá e notei que o homem estava um pouco mais adiante, caído. Um tremor percorreu o corpo de Shaira.

Dava para ver que o homem não era de Nikaule, só por suas roupas. Shaira estava com medo, mas mesmo assim tocou o ombro do homem.

- Hallo! – Chamei por ele por diversas vezes, mas nada. Tinha medo de constatar que estava sem vida, mas assim como tínhamos costume de fazer com as crianças da vila, toquei sei braço, e nada. O homem não tinha batimentos cardíacos.

Me afastei assustada e voltei pelo caminho de pedras que havia feito. Depois pensei que se soubesse dirigir poderia levar o carro comigo, não seria roubo, daqui a pouco, outros encontrariam, e levariam.

Então parei de repente e pensei que poderia haver alguma coisa de valor no veículo. Voltei até lá e revirei todo o lugar, até encontrar a carteira do homem. Ali falava sobre seu nome, idade e havia dinheiro, muito dinheiro.

Em mala de homem também havia mais dinheiro e roupas de homem, mas algumas que Shaira podia usar, eram tão limpas. Levei uma peça até o nariz e senti o perfume... Como era bom.

Shaira voltou até homem e pegou relógio e telefone que ainda tinha no bolso, devia ter se sentido mal e saído para pedir ajuda. Shaira cantou canção dos mortos para alma de homem.

Pobre homem não teria Famadihana. Becca ensinara Shaira que precisava reunir família de morto a cada cinco ou sete anos, então Becca fez o que pode e ser foi.

Até aquele momento, como não tinha família e nem amigos a quem recorrer, estava contando com a sorte, mas agora, a sorte havia mudado. Peguei todo o dinheiro e comecei a pensar... Médico Henry enganar Shaira. Becca bater Shaira... E Murilo, trocar Shaira por Becca. Todos agora deviam rir de mim, porque estava passando por fase difícil, mas agora...- olhei a mala e pensei no dinheiro. – Agora Shaira tinha dinheiro.

Caminhei de volta para próximo à estrada, não caminharia por ela, para evitar algum assaltante ou que algum dos mercenários me vissem por ali. De repente, deu vontade de rir... Becca não tinha noção de quanta sorte Sharia teve de ser expulsa do alojamento. E Becca jamais teria dinheiro igual Shaira.

Shaira riu! Shaira riu alto. Gargalhou na verdade, mas quando ouvia veículo, Shaira se escondia, até chega à cidade.

Só Becca pensar Shaira inocente e não entender das coisas.

Shaira ficou por três dias em uma pensão próxima a delegacia, ouviu... Investigou e ao quarto dia, já tinha contato com um homem que levaria Shaira embora da vila.

- Pronto... – o homem jogou vários documentos sobre o colo de Shaira. – Agora a moça se chama Shaira Mphela, e ser quiser pode embarcar ainda hoje, até sua vacina o cara atualizou para você. –

Estava boca aberta de que o dinheiro pode fazer. Shaira conheceu homens que levariam Shaira a diversos pontos do mundo, mas ilegal, e levaria quase trinta dias, Shaira não tinha tanto tempo. Shaira conheceu esse homem, que tem amigo dentro do lugar que faz passaporte, e conseguiu um para Shaira, o que levaria dias, levou horas. Claro que Shaira teve que pagar.

- Shaira pode ir embora agora?

- Não antes de me dar o restante do dinheiro. – Homem nojento, tinha um palito entre os dentes e cheirava a peixe morto.

Entrei em meu quarto tomando o cuidado de trancar a porta atrás de mim e peguei o dinheiro, voltei até o homem e entreguei a ele.

Sentada em quarto de pensão, olhava os documentos com foto que Shaira tinha tirado pela primeira vez na vida, a dois dias atrás.

Shaira era linda mesmo, como dizia as pessoas. Depois de sorrir feliz, me aproximei da janela e vi que homem que entregara documentos à Shaira, conversava com outros dois. Será que sabia do dinheiro de Shaira?

Ficaria ali até mais dois dias, mas depois do que Shaira viu, arrumou a mala, pagou pensão e se dirigiu a policia. E quando saiu de lá, Shaira estava muito nervosa, para obter uma única informação, que não levaria Shaira muito longe, teve que colocar boca em negócio de policial, assim como médico também havia feito, e policial não fora gentil com Shaira. Segurava com força seus cabelos e gritava o tempo todo.

- Abre a boca poh! Isso... Isso! Agora engole tudinho que serei bonzinho com você.

No aeroporto Shaira entrou no banheiro e lavou a boca, com ânsia de vômito, quando melhor, arrumou a mala, e foi até o balcão.

A moça pegou os documentos de Shaira e perguntou:

- What is the destination? (Qual o destino?) – Shaira pegou o dinheiro entregou à moça e sorriu.

- Shaira ir Brasil... São Paulo.


Sob o Sol de Nikaule - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora