2. Acampamento Meio-Sangue

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Mesmo que o animal à sua frente fizesse parte de algum delírio que estava tendo, ele irradiava o belo de uma forma que nunca vira antes.

— Encontrei você

Uma voz aveludada ecoou em sua mente. Então ficar tanto tempo sozinha tinha sim suas consequências. Tess Jordan estava louca.

— Não. Você não está louca — a voz surgiu novamente como seu pudesse ler seus pensamentos.

A garota o olhava perplexa.

— Mas... — tentou falar.

— Sim, eu sei — o lobo se aproximou — Lobos não falam. Mas antes que surte, onde, pela seda do vestido de Quione, você estava, menina?

— Eu... — As palavras tinham sumido de sua mente.

— Eu à procurei por tantos anos, rastreando seu cheiro e não encontrando nada — o lobo parecia inquieto, sacudia seu pelo e balançava o rabo sem parar. Mesmo que sua boca continuasse fechada, a voz surgia em sua mente de maneira aflita.
O animal a encarava esperando alguma reação.

— Meu cheiro...?

— A música clássica é uma verdadeira arte, mas você poderia pausá-la? — ele perguntou.

Tess assentiu sem alma e apertou o botão interrompendo a música.

— Então você não é uma ilusão — a garota afirmou/perguntou duvidosamente.

O animal negou com a cabeça.

— Me chamo Theorus — ele a cumprimentou.

— Tess Jordan — ela falou depois de um tempo. O silêncio reinou. Apenas o som dos pássaros enchia o bosque.

O lobo se aproximou bruscamente fazendo a garota tomar um susto.

— Esse cheiro — ele a rodeou enquanto a cheirava — Isso explica como não te encontrei, você exala vinho, menina.

Tess levou a manga do casaco ao nariz e não sentiu nenhum outro aroma além do amaciante.

— Por Quione, você estava no templo de Dionísio? — o Lobo recuou.

— Dioni... Quione? Quem? — Tess se levantou abraçando a mochila, ainda não tinha superado o fato do lobo falar. Ele parou em sua frente e sentou.

— Você não faz ideia de sobre o quê estou falando, não é? — o animal pareceu desanimado.

Sobre? Eu não faço ideia de como está falando! — Ela exclamou — Animais não falam!

— Eu não sou um animal, sou um lobo guardião, enviado de Quione. E minha missão é protegê-la.

Tess bagunçou os cabelos ainda mais confusa.

— De novo essa Quione? — Ela perguntou. — Quem é essa, afinal?

— Oras, Quione é a deusa da neve — o lobo pareceu cantarolar enquanto falava seu nome — E sua mãe, também.

Ele acrescentou devagar como se tivesse medo da reação da garota. Tess pareceu irritada.

— Minha mãe se chamava Lucy Jordan e ela morreu há 17 anos — ela falou pausadamente, sua expressão era séria.

— Eu sinto muito que tenha crescido com essa mentira, Tess — o lobo falou. — Mas o que estou dizendo é verdade.

Tess pôs as mãos na cabeça enquanto a chacoalhava.

— Deusa da neve? Minha mãe? Guardião? — ela exclamou. — Isso só pode ser um transe emocional!

A garota fechou os olhos enquanto se agachava novamente na neve gelada, abraçando os joelhos.
O lobo não respondeu, alguns segundos se passaram e por um instante Tess pensou que ele havia desaparecido. Antes de levantar a cabeça para conferir se realmente o animal, ou melhor, o lobo guardião tinha sido apenas um delírio, a garota sentiu algo quentinho próximo á si. Ela levantou a cabeça devagar se deparando com o pelo macio da criatura que descansava a cabeça em seu ombro.

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