Capitulo 12

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Não consigo controlar o meu choro, minhas mãos tremem e sinto uma angústia enorme dentro de mim que me faz querer gritar com todo o ar que tenho em meus pulmões, mas isso não seria o certo a fazer, meus poderes poderiam sair do controle e causar muitos estragos.

Eu havia tomado minha decisão e não poderia voltar atrás com ela. Se Júnior não tivesse chegado naquela hora eu não teria tido que mexer na memória de Gabriel.

- Não foi minha culpa. Não foi. - repito em voz baixa olhando o tremor de minhas mãos, minha vista estava embaçada por conta das lágrimas que desciam sem permissão.

Me levanto do chão com certa dificuldade, me apoio na parede levemente escorregadia por estar molhada, meu corpo parecia mais fraco que o de costume e todas as minhas juntas estavam doloridas, desligo o chuveiro e me enrolo no roupão macio e felpudo que me esperava pendurado do lado de fora do box.

Alguns soluços insistiam em sair sem minha permissão, acabo parando na frente do espelho que fica em cima da pia, o que vejo refletido nele me deixa pior. Olhos vermelhos e inchados, nariz ainda mais vermelho que os olhos. Escovo meus dentes tendo uma visão deplorável do meu rosto totalmente inchado por chorar demais. Antes de sair do banheiro passo um pouco do creme noturno para que quando eu acordasse meu rosto não tivesse tantos resquícios desse dia terrível.

Um flash de memória rasga a mente querendo ser revivida, balanço minha cabeça em uma tentativa inútil de esquecer, mas já era tarde.

- QUE MERDA É ESSA? - era o grito brutal de Júnior que estava na porta do quintal nos encarando.

Balanço a cabeça repetidamente tentando parar o que vem em seguida, mas é inútil.

A sensação de afogamento por ter caído de uma vez dentro da piscina com Gabriel por cima de mim, ou ter sido empurrado para cima e pra baixo na água até ser arremessado para fora d'água.

Até mesmo depois do acontecido meus pulmões tinham dificuldade em respirar profundamente sem sentir um leve ardor.

Quando enfim consegui me recuperar, vomitei toda a água que havia engolido, vejo Gabriel e Júnior trocando socos que estalavam de tanta força que os impactos causavam. A água saia da piscina serpenteando pelo chão até subir rapidamente e envolver o corpo de Gabriel em uma densa esfera de água que não durou muito. A água entrou em ebulição e a esfera explodiu jogando restos de água fervente para todos os lados.

Minha mão toca instintivamente na minha coxa, onde uma queimadura de tamanho médio fazia presença, na hora eu senti uma leve queimação, mas agora eu via o real estrago na minha pele, as bolhas e o tom avermelhado no local, com certeza era uma queimadura de segundo grau. Tento inútilmente me curar, mas aparentemente era algo que eu não conseguia fazer direito.

O calor do ambiente começou a subir fazendo a água sumir em vapor, a grama ao redor de Gabriel começava a secar e logo eles voltaram a se enfrentar com mais afinco.

Fecho meus olhos e bato em minhas bochechas, ligo a torneira e jogo água no meu rosto, pego uma pomada para queimaduras e começo a passar devagar na minha coxa, com sorte minha cura daria um jeito e amanhã poderia estar bem melhor ou mesmo totalmente curado.

Meus olhos se fecham quando o toque frio da pomada encontra minha pele, e novamente sou lançado nas minhas memórias.

Agora os dois estão no chão, nocauteados no chão, o gramado está queimado em várias partes e destruído em outros...

- Você tomou a decisão certa Ricardo, foi o melhor para vocês dois, você viu o que poderia acontecer... - falo para mim mesmo voltando a me encarar pelo espelho.

My Hero - Saga Supremos ( livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora