My Bad Girl

Embriagada

— Eu tenho que pegar algo para você comer, Vi. — respondeu Caitlyn praticamente em um sussurro. Sua voz parecia falha e ela não conseguia raciocinar direito com Vi segurando firmemente sua cintura e respirando contra seu pescoço. Sua mente estava em um completo branco e ela não entendia o motivo de estar assim — Também devo avisar a Fiora que te encontrei. — Caitlyn foi ingênua ao pensar que com a menção a Fiora Vi a largaria, mas tudo que a delinquente fez foi a apertar mais ainda contra seu corpo.

Vi suspirou, tentava aos poucos recuperar totalmente sua consciência, o que não era uma tarefa fácil com todas as dores que estava sentindo.

— Eu quero ficar com você agora — disse de maneira calma enquanto fazia um esforço para ignorar as batidas rápidas e dolorosas de seu coração, causadas pela proximidade com a presidente do conselho — eu posso beijar você? — Vi não pensou muito antes de fazer esta pergunta por isso se assustou quando a morena saltou de seu colo e a encarou apavorada — Tudo bem se não quiser, você namora aquela boboca do Jayce de qualquer maneira. — Caitlyn se surpreendeu com o quanto a delinquente ficava adorável agindo como uma criança birrenta.

— Eu não namoro o Jayce... — murmurou, todo aquela clima a deixou embriagada e ela começava a ficar confusa sobre seus próprios desejos — talvez eu possa, se for para você finalmente sossegar e me deixar cuidar de você de uma vez por todas.

Caitlyn não soube ao certo o porquê de desejar tanto sentir os lábios de Vi naquele momento, todos os seus pensamentos estavam embaralhados, sua mente ficou confusa, assim como todo seu orgulho e sanidade já haviam se evaporado.

Vi sorriu vitoriosa e quase riu ao ver a morena se petrificar esperando qualquer movimento seu. A delinquente novamente a tomou em seus braços e carinhosamente deu inicio ao beijo que se encaixou com uma estranha facilidade, o beijo era lento e apaixonado, como se as duas fossem amantes se reencontrando após anos separadas.

Apenas de não ter sido o primeiro beijo de Caitlyn, aquele certamente foi o primeiro beijo que fez seu coração querer sair de seu peito, e o mesmo valia para Vi, que não desejava estar em nenhum lugar que não fosse ali com sua amada.

E com esta recente distração, elas não ouviram as batidas na porta, muito menos quando a própria Diretora adentrou o apartamento.

— Caitlyn, você conseguiu encontrar Vi? — Fiora congelou aonde estava ao contemplar a cena de suas duas alunas se beijando. Cait saltou para longe de Vi e tentou desesperadamente se ajeitar, enquanto Vi parecia calma, sua expressão estava serena e ela apenas murmurou uma reclamação sobre serem interrompidas e se sentou no sofá.

Fiora se encontrava boquiaberta com a situação que acabara de presenciar, ela tinha conhecimento sobre as habilidades sedutoras de Vi, mas jamais pensou que a aluna modelo da academia iria cair em seus encantos, muito menos desconfiava que Caitlyn sequer tinha interesse em mulheres. — Bom, parece que a encontrou bem demais. — disse, com um bom humor tão óbvio que Caitlyn se assustou. Ela costumava ser carinhosa com a morena, mas sempre tinha sua pose rígida e intimidadora, era realmente assustador a ver agindo de forma tão descontraída. — Finalmente conseguiu o que queria, sua delinquente?

— É realmente uma pena você estar aqui me atrapalhando. — debochou com um humor tão ácido que a Diretora teve de gargalhar — O que faz aqui? Veio me levar de volta para a torre? — Caitlyn ficou confusa ao ver as duas conversando de maneira tão causal e se perguntou mentalmente que tipo de relacionamento aquelas duas teriam.

— Eu mandei Cait atrás de você, porque você sabe, eu estou empilhada de papéis para assinar, é uma tristeza sem fim! E também pensei que você fugiria se eu tivesse mandado um funcionário ou até mesmo um professor, e como você também sabe, Braum não está na cidade. — explicou-se, sem dar real importância ao assunto — E olhe só você! Tão machucada quanto eu esperei que estivesse, ao menos Caitlyn cuidou bem de você. — a morena corou com o duplo sentido oculto naquela frase e sua vergonha apenas se agravou ao notar as duas rindo — Você não deveria estar naquele bairro, é muito perigoso! Sabe bem que não gosto quando foge para encontrar Jinx e Ekko naquele lugar.

Caitlyn mais uma vez não pôde deixar de estranhar a relação quase fraternal entre as duas e se sentiu perdida.

— Eu sei, eu sei. — Vi suspirou e massageou a têmpora para fingir uma dor de cabeça — Eu ia para sua casa, porém senti vontade de fumar, você sabe, ansiedade e coisas do tipo — ela gesticulava com a mão para tentar desenrolar o assunto o mais rápido possível — quando cheguei lá vi aquele grupo de bastardos atormentando uma garotinha e dei uma surra em todos eles, até ajudei a policia desta vez, olhe como sou gentil. — o sorriso debochado de Vi fez Fiora revirar os olhos — Então minha cupcake me encontrou e me trouxe para este belo lugar que imagino ser seus aposentos.

Elas continuam uma discussão acalorada sobre Vi não poder mais de maneira alguma retornar para aquela cidade até que foram interrompidas por uma pergunta de Caitlyn:

— Qual é a relação entre vocês duas?

— Eu sou guardiã legal de Vi, ou quase isto. — contou-lhe Fiora — Eu prefiro que ela passe as noites na mansão, embora vez ou outra ela suma algumas semanas, não é nada grave desde que ela retorne. — deu de ombros. Nenhuma das duas parecia confortável com o assunto, então a morena decidiu não insistir.

— Bom, então me dê o direito de fazer mais uma pergunta — pediu e continuou ao ver que pareciam não se importar — O que você quis dizer com "parece que finalmente conseguiu o que queria, sua delinquente"? — Caitlyn tentou ridiculamente imitar o sotaque francês da diretora, o que provocou uma risada escandalosa de Vi, com direito a engasgo e tudo.

— Eu espero que morra. — praguejou ao ver a delinquente engasgando — Enfim, já faz algum tempo, foi quando convenci Vi a entrar na academia.

Flashback <<

Os alunos retornavam para as escolas na primavera e com eles Vi finalmente havia se convencido que estudar em um colégio de riquinhos poderia ser uma boa ideia, ou pelo menos foi isso que Fiora a fez pensar.

— Olá pessoal, como foram suas férias? — perguntou gentilmente o professor. — Para os que fizeram o fundamental aqui provavelmente já me conhecem, eu sou Ryze, o professor de história, este ano temos muitos alunos novos, por isso, por favor se apresentem. — Pediu gentilmente.

Os alunos se erguiam um por um e iam dizendo seu nome, idade, alguns até mesmo sua altura e diziam seu hobby favorito. A intenção era que todos pudessem ver os gostos que tinham em comum e poderem fazer novas amizades baseadas nisto. Um ótimo método de inclusão.

— Alguém poderia acordar a senhorita de cabelos rosados? Ela é a única que ainda não se apresentou. — Alguns alunos riram ao perceber uma jovem adormecida em sua carteira, ela estava com os braços cruzados e a cabeça jogada para trás, seu cabelo era rosa e tinha a lateral raspada, os lindos olhos azuis se abriram preguiçosamente e ela se levantou ainda um pouco atordoada. Vi murmurou um xingamento para si ao ver que todos olhavam atentamente para ela e se apressou em sua apresentação.

— Ah bem, meu nome é Vi, atualmente tenho 16 anos, meu hobby favorito é brigar e praticar esportes. — ela sorriu da maneira mais doce que pôde e apenas isso bastou para conquistar o coração de todas as garotas naquele recinto. Ela voltou a se sentar apôs o professor acenar com a cabeça em aprovação.

Vi contemplava a janela, imersa em um tédio profundo por já saber do que se tratava a matéria, e o conteúdo não a interessava mais do que a paisagem de uma das quadras da academia. Vi até então não havia notado uma linda garota de cabelo castanho fazendo alongamentos. Seus olhos amendoados fitavam o nada de forma tão entediada quanto os de Vi estavam antes de a encontrar. De repente seus olhares se cruzaram e Vi sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo de forma violenta e excitante, apesar de ter percebido que isto obviamente não aconteceu com a morena, que pouca atenção a deu e logo desviou o olhar. Preciso descobrir quem ela é! Concluiu Vi, em mais um de seus impulsos malucos.