Presidente e Delinquente

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— O que diabos você quer com esta menina, Vi? — esbravejou Fiora em meio a insistência da delinquente.

A garota estivera em sua sala durante todo o dia, na vã esperança de conseguir dados de Caitlyn perturbou sua diretora o máximo que pôde, entretanto, como era de se esperar, a diretora se mostrou inflexível sobre o assunto. Vi de primeira estranhou o quão diferente era sua mentora no ambiente de trabalho, já que estava tão séria e imponente, sendo que seu normal era serena e compreensiva.

— Eu me apaixonei por ela! — fantasiou mais uma vez. Não hesitou em blasfemar tal absurdo e isso arrancou um risinho de Fiora. Seus olhos brilhavam apenas com o pensamento de ter a morena para si e então seu peito se enchia de ansiedade — A olhei por quatro segundos inteiros, Fiora! Sabe o que isto significa? — e então a diretora revirou seus olhos em descrença a tal contrassenso — Cientificamente é esse o tempo necessário para acontecer o que os tolos chamam de amor à primeira vista e foi isto que eu experimentei em primeira mão.

A diretora mais uma vez estava estupefata com sua protegida, chegou até mesmo a abrir e fechar a boca para tentar dizer algo, mas fugiram-lhe todas as palavras. Ela se surpreendeu com o quão genial e inocente Vi podia ser de maneira simultânea. Jamais havia imaginado que sua "pequena" delinquente se apaixonaria, afinal, tinha como hobby destroçar o coração de suas admiradoras. — Pensava ter te educado melhor, Vi. Você mesmo dizia que amor à primeira vista era uma ilusão que apenas os estúpidos fantasiavam.

A delinquente aparentou ter dificuldades para entender a última palavra dita por Fiora devido ao seu forte sotaque francês — Entretanto, se isso fazer você parar de me encher, aqui está. A ficha mais impecável desta academia.

E então pegou seu arquivo em puro frenesi e leu cada detalhe como se fosse a coisa mais importante já escrita. Não pôde deixar de notar o quão altas eram suas notas, sua ficha era completamente perfeita, digna da aluna mais exemplar. Não havia uma advertência sequer desde que começara a frequentar o colégio ainda no fundamental. Desde sempre fizera parte do grêmio e já se passaram quatro anos desde que se tornou presidente do conselho estudantil e chefe dos monitores dos corredores (cargo que ela mesma criou).

— Satisfeita? É a aluna mais perfeita que possuo, desista dela, é seu completo oposto.

— Só preciso chamar a atenção dela, mas não tenho uma puta ideia de como o fazer! — Fiora sentiu vontade de rir ao ver a pobre garota tão pensativa, mas ao invés disso decidiu acrescentar algo a mais na loucura de sua protegida.

— Você não estava lendo livros de romance ultimamente? Por quem a personagem certinha se apaixona? — sugeriu, com uma paciência que aprendera a ter ao longos dos anos de convivência com ela.

A garota saltou da cadeira com um sorriso enorme lhe rasgando o rosto.

— Pelo delinquente! — Percebeu finalmente. A diretora apenas afirmou em um movimento com as mãos. — E o que pode chamar mais atenção de uma senhora certinha se não uma delinquente com notas melhores que a dela? — E então a jovem tagarelou pela tarde toda com Fiora sobre planos para conquistar sua amada e como os botaria a vigor.

[...]

— Caitlyn! — o berro de Jayce percorreu a sala do conselho e em um pulo todos se puseram de pé. O garoto parecia desesperado.

— O que diabos aconteceu? — perguntou visivelmente preocupada com o estado em que o vice-presidente se encontrava. Jayce estava ofegante, com alguns hematomas visíveis e uma expressão completamente apavorada.

Enquanto lutava para recuperar o fôlego, ele agarrou o ombro de Caitlyn. — Três alunos novos estão fazendo do pátio um verdadeiro campo de guerra! Aquela maldita de cabelo rosa quem lidera tudo, Vi é seu nome. Temos que detê-los, Caitlyn, mas deve ser nós três.

A presidente se preocupou mais uma vez ao ver seu amigo cuspir em puro escárnio apenas ao mencionar o nome daquela que o derrotara. Jayce podia ser incomodamente competitivo.

— Sim, vamos. — Concordou, ainda sem ter real noção da situação. — Chame Ezreal, eu vou na frente para ter noção do que se passa.

Apressou-se então rumo ao pátio, antes mesmo de ter alguma resposta. Seu cabelo estava preso em um perfeito rabo de cavalo e como sempre seu uniforme parecia mais perfeito que os demais, a blusa social branca de manga longa e uma gravata bege, e embora fosse opcional, Caitlyn usava a saia em conjunto.

Ela sentia a tensão de seus ombros enquanto percorria o corredor (que por algum motivo parecia mais longo que o normal). Se preocupava com o tamanho dos danos causados e se perguntava como alguém poderia fazer tal desgraça na mais perfeita academia daquele país.

Sentia a necessidade de ver com seus próprios olhos o que acontecia, e se surpreendeu ao ver que era exatamente da forma como Jayce havia descrito, talvez um pouco pior.

Havia alunos inconscientes por todos os lados, estirados no chão em meio a uma poça de sangue. As paredes estavam pichadas e os poucos alunos em pé lutavam entre si para a diversão de dois delinquentes que se divertiam e batiam palma para a briga terrível. E então Caitlyn a contemplou: sentada em uma cadeira, tal qual um rei impaciente em seu trono. Seu rosto estava fechado em uma carranca mau humorada, apoiado em seu punho fechado, com terríveis manchas de sangue que claramente não saíram dela.

— Vocês três! — a presidente levantou o tom para a chamar a atenção dos três — Parem imediatamente com esse teatro e me acompanhem até a diretoria. — Entretanto se surpreendeu ao ver um estranho sorriso surgir no rosto de Vi e seus olhos pareciam brilhar em sua direção. O que há com ela? Perguntou a si mesma, curiosa com tal reação.

— Olá cupcake! Você demorou tanto, fiquei irritada pensando que não viria. — Confessou meio a um suspiro aliviado. — É realmente uma pena que tenha trago visita. — ela então apontou para Jayce e Ezreal e sorriu com deboche ao ouvir um xingamento vindo dos dois.

— Me acompanhem! — tentou de novo. — Vou leva-los até a— Antes que tivesse a chance de terminar sua frase viu os dois outros delinquentes voando para cima de seus companheiros e rapidamente os imobilizando. Em um susto, virou seu rosto para frente na tentativa de impedir um possível ataque, mas seu reflexo não havia sido rápido o bastante. Vi já estava bem a sua frente, com um sorriso debochado e uma proximidade exagerada de seus rostos.

Ela se aproximou do ouvido da morena e puxou sua cintura apenas para juntar seus corpos (um puro capricho).

— Tá com você. — Sussurrou e logo após apertou os seios da morena. Corada feito um tomate, deu um salto para trás e se enfureceu ao ver a delinquente rir. — Venha me pegar! — gritaram os três delinquentes em um coro quase ensaiado.

— VI! — E aquele foi o primeiro de muitos gritos de Caitlyn que ecoaram por toda a League of Academy. 

My Bad GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora