9. APARIÇÃO

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   Todos estavam com um enorme ponto de interrogação estampado em seus rostos. Não haviam entendido o ocorrido a pouco. Até que Lincon aparece esbaforido e acompanhado por Wes.

   -O que houve? - pergunta ele olhando para todos à sua volta.

   Explico o ocorrido e ele aparenta estar furioso com Stan. Mas assente e diz que iremos aceitar o que o jovem ladrão havia pedido, a tal troca.

   -Mas antes, me responda: o que roubaram dele? E ele parece conhecê-lo. Poderiam me explicar tudo? - pergunto com grande necessidade de respostas.

   -É claro, meu rapaz, é claro. - Lincon se vira e segue lentamente pelo caminho de volta à sua cabana na vila. As pessoas voltam as suas tarefas em cochichos.

   Ao chegarmos, Lincon se senta em uma poltrona e pede para também sentarmos. Ele suspira e começa um relato:

   -Stan, um tempo atrás, por volta de 2 anos, foi um integrante da vila. Ele era "normal" como os outros jovens de sua idade, até... o dia do Ritual, onde aconteceu algo inesperado e totalmente único - ele suspira profundamente e continua -, todas as pedras dos dons elementais, como foi no seu caso, flutuaram... - eu o interrompo.

   -Mas eu analisei o braço dele e ele não tinha nenhuma marca dos dons. - após minha observação ele volta a falar.

   -Sim, ele não recebeu nenhum dom, mas voltando ao relato... - ele pigarreia - elas flutuaram e se uniram em uma pedra só e por fim entrou em seu corpo. No mesmo instante seu semblante mudou, ele aparentava ter ódio, mas ao mesmo tempo temor. Assim, ele fugiu para o deserto e não tivemos mais notícias dele até o dia do Ritual deste ano com a aparição dele.

   -Entendi. - digo assentindo lentamente - Mas... O que ele diz que roubaram dele? Um objeto? - Indago.

   -Sim, foi um objeto: um colar. Ele o herdou de sua falecida mãe, minha irmã, Ághata. Eu o guardei como lembrança dela, no dia do Ritual dele, ele a derrubou e eu a peguei e guardei. Eu nunca roubei dele. - diz ele se recordando de tal lembrança.

   -E o amuleto que ele roubou do senhor, Lincon? - pergunto sem pensar, não me lembrando que era segredo.

   Um tanto furioso, Lincon responde:

   -Quem te contou? - dava para perceber a fúria em seus olhos, nunca havia o visto tão alterado daquela forma. Mas ele se acalma, respira fundo e responde - Foi um presente de meu pai, Gregory. Ele deu um a mim e outro a Ághata que futuramente entregou ao seu filho Stanley, meu sobrinho.

   -Como é esse amuleto? - pergunto.

   Ele rapidamente puxa do bolso da camisa um cordão que na ponta havia uma pedra preciosa no tom vermelho, um Rubi.

   -Ambos são Rubis? - pergunto me referindo ao outro amuleto.

   -Não, a outra é uma Safira. - diz ele enquanto pega do bolso de sua calça um pequeno saco de pano preto e coloca seu amuleto com a linda pedra vermelha viva e a fecha me entregando. E continua a dizer:

   -Por favor, Heitor. Entregue isso ao meu sobrinho e pegue de volta o que me pertence. - ele diz suplicando, a expressão em seus olhos é vívida e é perceptível seu imploro. Assinto firmemente e ele sorri. - Se possível, convença-o de voltar. Quero estudá-lo, e tentar desfazer o mal causado naquele dia. - assinto novamente e me levanto.

   Passo parte do dia conversando com Ammy e Leonard, que decidiram ir comigo no deserto a procura de Stan. Eles me mostraram um mapa antigo da região ao redor da vila. Foi de grande ajuda, admito.

O Segredo das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora