Capítulo Quatro

8.9K 743 25
                                    

           

Por Ananda...

Os dias estavam tão agitados no hospital que eu mal tive tempo de respirar. Esse era o normal de um hospital: hora calmo e hora caótico. Mais lá no fundo eu gostava bastante. Gostava de poder cuidar das pessoas, mesmo aquelas que insistiam em me agredir verbalmente por causa da dor ou da preocupação com seu ente ferido.

– Prontinho Senhor Carone, agora o senhor pode relaxar e tirar o seu cochilo da tarde – eu disse com carinho e ele me deu um sorriso agradecido para mim. O senhor Carone estava internado a um mês por causa de um problema cardiorrespiratório.

– Obrigada querida, você é um anjo.  – ele disse agradecido e se ajeitou na cama para tirar seu sono.

E isso me lembrou do porque eu havia me formado e porque eu decidi seguir a carreira. Eu gostava de cuidar das pessoas, eu não queria ser mais uma que se forma pensando apenas no dinheiro e na estabilidade que a profissão podia proporcionar, eu queria fazer porque sempre gostei de cuidar das pessoas e as  ver bem e se recuperando ou já recuperadas era o meu maior prêmio.

– Obrigada, tenha bons sonhos – eu desejei e sai de seu quarto para ele ter um pouco de sossego e estava caminhando para a sala de descanso quando Ellie passou por mim bufando e pisando duro – Ellie – eu chamei e ela parou e estava toda vermelha de raiva – o que houve?

– Aquele estupido – ela rosna – o paciente do acidente de carro, eu não o suporto. Na verdade ninguém suporta – ela diz. Eu não havia tido contato com ele, quando houve o acidente eu fiquei encarregada de cuidar dos passageiros do outro carro. Nenhum teve quaisquer ferimentos graves, somente o motorista do outro carro que estava sem o sinto de segurança. Quão louco ele é para andar de carro em alta velocidade sem sinto de segurança?

– Até você? - pergunto perplexa – quantas enfermeiras já foram? – pergunto já que o boato que corria no hospital era que o homem era insuportável.

– Quatro e comigo cinco. Não vou mais cuidar dele! Eu desisto - ela diz e suspira e por Deus é difícil tirar Gabriele do sério, na verdade até hoje achei que fosse uma coisa impossível de se fazer.

– Mais isso significa que...

– Que você foi à única que sobrou – ela diz parecendo triste por mim – está na hora de levar o almoço dele – ela revira os olhos – essa é a pior parte.

– Ele te irritou mesmo não é? – pergunto e ela concorda e eu coço minha nuca já que a bomba sobrou para mim e como eu era a sua única opção eu iria ter que dar um jeito dele não ser um pé no saco comigo – tudo bem, eu vou dar o almoço para ele.

– Obrigada! Você é a melhor! Estou te devendo uma – ela diz parecendo realmente aliviada em ter se livrado do seu paciente rabugento e eu sorri e ela vai até mais um de seus pacientes e eu pego a bandeja de almoço do meu novo paciente e respiro fundo ao caminhar para o seu quarto. Assim que entrei encontrei um homem sentado, ele estava com quase o rosto todo enfaixado e estava com tampões nos olhos, ao que parece voaram pequenos cacos de vidro em seus olhos e ele teve de fazer uma cirurgia.

– Quero ficar sozinho – ele disse de forma rude – será que você não entendeu?

– Desculpe, mas não foi comigo que você falou. Sou sua nova enfermeira – eu disse de forma educada ignorando a sua crise de carranquisse. Eu o entendia, devia ser frustrante estar no escuro.

– Ótimo! Mais uma – ele resmungou – vou facilitar as coisas para você e te explicar como funciona: quando eu quiser alguma coisa eu aviso, caso o contrário quero ficar sozinho. – ele disse de um jeito que me irritou profundamente, eu não estava ali para satisfazer seus caprichos e não tinha tempo para tal coisa, ele não era o meu único paciente.

Seduzido por elaOnde histórias criam vida. Descubra agora