Capítulo Cinco

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Por Giuliano ...

Estar preso a uma cama e sem enxergar nada estava um tormento para mim. Em toda minha vida eu sempre fui muito independente e isso era uma das coisas das quais eu mais me orgulhava, e talvez esse seja o meu maior pecado: o orgulho. Não que eu esteja preocupado com o que vai acontecer com minha aparência, mas o fato de depender de outras pessoas para praticamente tudo estava acabando comigo.

- Olá meu amor - eu escutei a voz irritante de Beatrice é isso fez com que meu dia fosse de mal a pior. Eu já não havia escutado a minha sereia durante o dia todo e agora aparecia essa tarântula do inferno para tirar o resto da paz de espírito que me restava.

- Você não morreu? Que pena - eu digo sem responder ao seu cumprimento.

- Nosso amor! Assim você me ofende. Desse jeito ninguém vai te aguentar, ainda mais agora que você está nesse... Estado - ela diz com um pouco de nojo na voz - ah claro você tem a sonsa da sua mãe e sua nona para te suportar.

- Porra Beatrice! - eu grito - como você consegue ser tão filha da puta é irritante? Puta que pariu! Some daqui - eu peço.

- Ou o que? O cegueta vai me tirar? - ela debocha e quando eu penso em retrucar uma voz me impede.

- O que está acontecendo aqui? - a sereia pergunta e ao julgar pela mudança na respiração de Beatrice e no seu gemido de raiva a sereia deve ser tão bonita quanto sua amiga descreveu.

- Não é da sua conta - Beatrice quase rosna.

- Desde que você está fazendo o meu paciente gritar é com certeza - ela diz com a voz firme não se deixando abalar por Beatrice. - se isso continuar eu vou ter que lhe pedir para se retirar e sua entrada será suspendida - ela avisa.

- Some logo daqui Beatrice - eu mando e ela bufa irritada.

- Eu não - ela tenta dizer.

- Você ouviu o paciente, você sai ou eu devo chamar a segurança? - a sereia pergunta.

- Você sabe com quem está falando? - Beatrice pergunta.

- No momento com alguém que está atrapalhando a recuperação do meu paciente - ela responde friamente e então minha adorável ex esposa sai batendo os pés - Está tudo bem? - ela pergunta com seu tom preocupado. Desde o acidente eu aprendi muito bem a distinguir os vários tons de vozes das pessoas.

- Melhor agora - eu digo e quando ela está prestes a sair eu respiro fundo e deixo meu orgulho de lado por alguns segundos - obrigado - eu agradeço.

- Pode contar comigo - ela disse e logo depois saiu.

Eu não sabia o que dizer naquele momento ou nos dias que se seguiram, eu adorava fazer raiva na minha sereia. Mas também gostava de sua companhia e mesmo nos meus momentos mais ranzinzas ela ignorava o meu mau humor e conversava comigo ou consigo mesma. E na maioria das vezes ignorava meus insultos. Na verdade eu sequer sabia o porquê de estar sendo tão estupido. Acho que os anos de convivência com Beatrice me traumatizaram de certa forma.

- Mio bambino! - escute já voz de minha mãe e logo depois senti o seu abraço.

- Mama - eu digo com carinho.

- Como meu menino está? - ela pergunta se sentando ao meu lado.

- Estou bem mama - eu digo - não fique preocupada.

- Como não mio amore? - ela pergunta - mas pelo menos logo você irá sair do hospital. Seu médico disse que você pode ir para a clínica na semana que vem.

- Mais eu gosto daqui - resmungo.

- Não, você não gosta. Você gosta da companhia da enfermeira - mama diz me conhecendo muito bem.

- Ela foi à única que me aguentou e ela é engraçada - eu digo.

- Eu ofereci a ela um emprego para cuidar de você - ela diz - ela declinou o convite. Disse que gosta de trabalhar no hospital e que ainda estuda.

- Azar o dela - eu digo um pouco chateado. Confesso eu queria que ela tivesse aceitado o convite. Queria que ela ficasse ao meu, no entanto, tudo o que eu podia fazer era aproveitar aquela última semana na companhia de minha sereia.

Por Ananda...

Meu paciente ranzinza havia ido embora. Era estranho pensar que há algumas semanas nenhuma das enfermeiras o aguentavam é que em sua última semana ele foi extremamente agradável comigo. Giuliano havia me mostrado um lado diferente seu, um lado um pouco divertido, mas seu jeito ranzinza ainda se fazia presente de qualquer outra enfermeira entrasse no quarto, e eu suspeitava de que ele só fizesse isso para me ver brava. Eu acho que ele gostava de me irritar e sempre ficava com um maldito e sedutor sorriso nos lábios. Eu sei o que estão pensando e eu não havia me apaixonado por ele, apenas criado um carinho especial e agora que ele se foi à única coisa que restou foi um vazio da rotina perdida.

- Você está pensando no seu paciente gato novamente? - Fran pergunta - eu ainda não acredito que você ficou cuidando de Giuliano Olivatto por todo esse tempo e sequer sabia! Inadmissível - ela diz - você devia ter pelo menos tirado uma casquinha.

- Seria antiético - eu digo revirando os olhos - e eu não estou pensando nele - minto.

- Ah Ananda crie vergonha nessa sua cara lavada - resmunga - pelo menos admita que sentisse atração por ele.

- Ele era só mais um paciente - eu resmungo - não tinha tempo para esses pensamentos. Isso eu deixo para você - dou de ombros.

- Você é tão recatada! Até mesmo na balada. Quantas tequilas foram? Pois é, nenhuma, zero! A intenção era você se divertir - ela resmunga.

- Eu não tenho costume. Estou tentando Fran - eu digo coçando minha nuca - só me deixe ir ao meu tempo - peço é ela suspira.

- Tudo bem. Pelo menos você está tentando - ela diz e ficamos conversando por um tempo e depois nos finalmente fomos nós deitar.

E naquela mesma noite um terremoto de magnitude seis na escala Richter foi registrado deixando milhares de pessoas feridas e desabrigadas e na manhã daquele dia, sem pensar duas
vezes, eu fui em direção a Amatrice, ajudar do jeito que podia e conseguia.

~*~*~

Oi meninas, desculpem a demora do capítulo mas estou sem notebook e tive que pedir minha amiga para revisar para mim . Espero que tenham gostado.

Beijos,
RaíAlves.

Seduzido por elaOnde histórias criam vida. Descubra agora