Cores primárias

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03/02/14 - 10 dias e seis horas após o acidente.

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Estou tomando café da manhã. Daqui a pouco tenho aula. Recebi uma ligação da minha mãe ontem. Não pudemos conversar muito, pois meu celular é uma porcaria e perdeu o sinal mesmo estando em área urbana...

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-Alô!?

-Josh, meu filho

-Mãe!?

-Sim, sou eu... sou eu querido. Como você está? Chegou bem? E quanto ao braço?- pergunta enquanto está meio afoita.

-Mãe, calma, eu estou bem. E cheguei em casa sem nenhum problema. Sobre o meu braço, terei que ficar com ele na tipoia por mais algum tempo. Parece que a fratura foi feia.

-Eu entendo meu filho... desculpe não estar aí com você... mas sabe como são as coisas não é? Meu trabalho é muito sufocante... Não sabia quando poderia te ligar.

-Tudo bem mãe. Mas eu tenho uma pergunta. O doutor me disse que uma garota me visitava todos os dias enquanto eu estava inconsciente, e que essa garota falou algumas vezes com você. Quem era ela?

-Oh, sim. Filho, eu já iria te perguntar sobre ela. Achei que você soubesse, já que ela não me disse como se chamava.

-O quê?!

-Isso mesmo. Me disse apenas que era uma amiga sua e que estava preocupada, pois... voc... acord...- a ligação está falhando.

-Mãe. Mãe! Não consigo te ouvir. Mãe! - a ligação cai

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Achei estranho o fato da garota não querer dizer seu nome. Que mal faria? Talvez fosse minha namorada? Amiga?
Tais pensamentos ficam rondando minha cabeça enquanto eu me visto para ir a escola.

Ontem eu revirei meu apartamento atrás de algo sobre quem eu era ou o que eu fiz, mas não achei nada. Apenas algumas peças de roupa que julguei serem minhas e um uniforme escolar que tinha escrito em suas costas as palavras: East Beacon high school. Ao lado havia um caderno.  Pouco tempo depois, recebo uma mensagem com remetente desconhecido.

"Desculpe por esquecer de lhe mandar o endereço de sua escola senhor Einfield. Ele está anexado a esta mensagem. Não se esqueça de seu uniforme e caderno. Estão dentro de seu guarda roupas. Sua aula começa as 8"

Tentei responder... mas minhas mensagens não eram nem enviadas. Meu celular é mesmo uma porcaria.
Pego minhas coisas e tranco o apartamento. Balanço a cabeça para afugentar pensamentos sobre quem era a pessoa do outro lado do telefone e o motivo de estar ligando para mim e me mandando mensagens.

Lembro que terei de passar pela casa bagunçada do senhorio, mas o nervosismo por causa do meu atraso era grande e desço as escadas sem qualquer relutância. Ao virar o corredor e abrir a porta eu tenho uma surpresa. A casa está toda arrumada. O tal homem está sentado em uma poltrona de frente para a televisão.

-Bom dia meu rapaz!- ele parece estar de bom humor. Diferente de ontem

-Bom dia senhor...

-Samuel Roberts. Mas pode me chamar de "Sam"

-Ok Sam. Desculpe mas eu estou meio atrasado agora. Podemos conversar quando eu chegar da aula?

-Sem problemas.

Continuo andando em direção a porta, evitando chegar perto do homem. Já estou do lado de fora. Pego na maçaneta para fechar a porta. Ele me chama e diz...

Remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora