O Fator Vallieri

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15/02/14 - Vinte dias e oito horas após o acidente.
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  "Vamos matar alguns fantasmas", e ele disse. Eu não entendi bem, mas estou farto de sempre ter que lidar com pessoas estranhas e egoístas, pessoas que não entendem como eu me sinto... Humanos... Depois da conversa que eu tive com meu perseguidor sobre "matar" fantasmas, não nos falamos mais.
  
  As últimas orientações dele foram para que eu não tratasse do corte que eu havia feito em meu braço. Já que estou "seguindo a maré", decidi não fazer nenhuma pergunta. Mas olhando para essa coisa... Está bem feio e infeccionado. E se for juntar tudo isso ao fato de eu ter acordado cedo em pleno sábado, a combinação fica ainda mais incômoda

-Acho melhor me levantar...

  Tomo um banho, como alguns biscoitos e me sento. Fico pensando no que deveria fazer. Ele disse que me afastaria dos meus amigos e que me destruiria. Ainda sim, eu estou seguindo as ordens dele... Não importa, é só um acordo temporário para que eu possa descobrir mais sobre o passado.

  Me levanto, saio de casa e tranco a porta. Não preciso me preocupar em deixar a chave com o dono, já que Sam ainda está internado. Eu realmente deveria vê-lo. Pego meu celular e ligo para o número desconhecido.

-Bom dia Senhor Einfield. Como está?

-Como você acha? Essa porcaria de corte dói muito. Além de estar com uma aparência horrível.

-Isso é normal para um ferimento infeccionado.

-Aquele dia, você disse aquilo sobre matar fantasmas, mas eu ainda estou confuso. Não sei o que planeja, mas decidi entrar no seu joguinho. Como pretende fazer com que eu me encontre com o doutor August? Não sei onde ele mora, e com certeza ele já deve estar no hospital.

-Senhor Einfield, já tem a desculpa perfeita para ver o doutor Vallieri.

-O quê?

-Oh! Deus! Como está lento essa manhã! Olhe para seu braço com o corte. Você precisa de tratamento médico. Vá até o hospital e ele irá atendê-lo.

-Como pode ter certeza? Existem vários outros médicos naquele lugar. Eu teria que contar com a sorte se- a pessoa desliga.

-Acho que o irritei. Bom, pouco me importa.

  Começo a caminhar em direção ao hospital. Não fica muito longe. Ao chegar na esquina da rua onde moro, avisto a casa de Alex. A encaro por alguns instantes. "Você não me procurou... Por que EU deveria procurá-lo?". Com esse pensamento continuo minha caminhada. É difícil não pensar nas coisas que tem acontecido ultimamente... Acidente, Alex, Juliet, mãe, perseguidor, Katherine, alucinações, Sam, acusações, mentiras, fotos...

  Derrepente, sinto alguém me puxando... Quando me dou conta, estou eufórico em uma calçada, olhando para um movimentado cruzamento cheio de carros em alta velocidade.

-Você deveria olhar por onde anda. Se não fosse por mim, provavelmente estaria todo despedaçado no chão.

  Olho para meu lado direito e me deparo com uma garota. Ela veste algumas roupas largas e amassadas... Além de ter algumas olheiras nos olhos... Como se tivesse acabado de acordar.

-Poderia parar de me olhar de cima à baixo? Ou eu vou ligar para a polícia

-Ah! Desculpe. Obrigado por me... Salvar.

-Não tem problema. Fiz minha boa ação do ano. Agora me sinto um pouco mais... Útil. Viva!

  Ela tem um modo de agir totalmente estranho. Além de ter um tom de voz totalmente desanimado. Se parece mesmo com alguém que simplesmente acordou e saiu para andar sem sequer trocar de roupa.

Remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora