A Teoria de Thompson

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  Abro os olhos. Estou com uma dor de cabeça terrível. Olho para o meu lado esquerdo e percebo que há uma bolsa de soro ligada ao meu braço, mas eu estranho o fato de não estar em um hospital. Tento me mover, mas acaba sendo um esforço inútil. Escuto alguns passos vindos de fora do quarto. Alguém abre a porta e caminha na minha direção com uma bandeja.

-AH! MEU DEUS! VOCÊ ACORDOU!

  É Elizabeth. Ela me abraça e chora de forma escandalosa.

-Aí! Liz... Espera! Isso dói!

-Oh! Desculpa amor. É que eu estava tão preocupada...

-Tudo bem. Mas... Como eu vim parar aqui? E por que eu estou nú?

-Bom... Depois do que aconteceu... Você...

  A péssima explicação de Liz faz com que eu me lembre do que aconteceu. A última coisa que eu me lembro é de estar correndo na direção do meu pai. Logo depois, me veio um imenso clarão na mente.

-O meu pai... Ele morreu, não é?

  Ela abaixa a cabeça e pega as coisas que deixou cair da bandeija enquanto me abraçava e fala...

-Sim... Mas olha... O lado bom é que você está bem.

  Milhares de perguntas passam pela minha cabeça. Lembro vagamente de alguém me carregando e depois alguns flashes de imagens de uma pessoa aplicando algumas injeções em mim.

-Elizabeth, por quanto tempo eu estive dormindo? Por que eu estou nú e com as mãos e os pés amarrados?

-Amor, se acalme!

-COMO VOCÊ PODE ME PEDIR ISSO NUMA HORA DESSAS?

-QUATRO DIAS!

-O quê?

-Você ficou inconsciente por quatro dias. Depois da explosão da ambulância, você desmaiou. Estava todo machucado por causa de alguns estilhaços que te atingiram. Eu não sabia o que fazer, então eu me lembrei de um amigo do papai, alguém que devia favores a ele. Papai me disse que se ele não pudesse me ajudar eu deveria ligar para essa pessoa.

-E o que aconteceu depois?

-Eu liguei pra ele. Ele chegou alguns minutos depois e me encontrou chorando do seu lado. À princípio, ele queria te levar para o hospital... Mas eu fui contra. Seu estado não era grave. Além disso, não queria que você fôsse parar em um hospital mais uma vez, aí-

-Aí vocês me trouxeram até aqui e cuidaram de mim durante esses quatro dias... É isso?- a interrompo

-Bom... Sim. Mas foi estranho...

-O que foi?

-Bom... Algumas vezes você acordava gritando e se debatendo.

-Oh... Queria poder estar surpreso...

-Aí, ele aplicava alguns tranquilizantes em você. Essas injeções tranquilizantes eram seguidas por outras que ele dizia serem um remédio muito importante.  O que importa é que depois que você começou a receber esse tal remédio, você parou de ter as tais crises.

-Ótimo... Estão me drogando...

-...

-Não fique em silêncio! Você ainda não me disse o motivo de estar nu e amarrado!

-Bom... Você está nu porque alguém tinha que te dar banho enquanto você estava desacordado.

-O quê? Como conseguiu me carregar até o banheiro?

Remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora