Propriedade Perdida do Paraíso

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13/02/14 - Vinte dias e dez horas após o acidente
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-Aaaaaa!

  Um grito ecoa pelo quarto. Olho para os lados, estou em um leito de hospital. Sentado, me pergunto o que aconteceu.

-Um sonho? Foi tudo um sonho? Será que eu estava alucinando?

  Toco o meu rosto. Sinto dor. Bom, se foi uma alucinação, foi bem real. Ainda sinto meu rosto latejando por conta dos socos.
  Uma das enfermeiras percebe que acordei. Vem até onde estou e tenta explicar o que aconteceu, mas estou muito agitado.
   Então ela aplica algo na bolsa de soro ligada a minha vêia. Se passam alguns segundos e me sinto mais calmo... Leve. Meu corpo pesa, o que faz com que eu me deite novamente.

-Foi tudo... Um sonho?

-Não. Ontem foi real, e provavelmente vai acontecer denovo.

-Essa voz... Katherine?!

  Ao olhar para o leito ao meu lado, vejo Kate. Está totalmente pálida, tem vários aparelhos ligados à ela e apresenta vários hematomas.

-Sim. Sou eu.

-Impossível. Você é só uma alucinação... Está morta!

  Ela olha fixamente para mim e sorri, mas seus olhos lacrimejam.

-Você não mudou... Continua impulsivo. Mas deveria estar se perguntando como chegou aqui, não acha?

-Do que você sabe? Não passa de uma miragem... Fruto da minha imaginação.

-Ainda sim continua me ouvindo. Josh... Ainda há tanto que você precisa saber... Ainda há tanta coisa pela qual você precisa passar...

-Do que eu preciso saber? Me diga?

-Achei que eu fosse apenas uma alucinação.

-Desculpe por dizer isso.

-Por hora, atenda seu amigo.

-O quê?

-JOSH!!!

  Olho para o lado contrário do leito de Kate. A primeira coisa que vejo é o rosto de preocupação dele.

-Alex?

-Cara, o que está acontecendo? Faz uns cinco minutos que eu tô aqui te chamando, mas você tava encarando aquela cama vazia e falando umas coisas sem sentido. Você... Estava tendo outra alucinação?

-Alex... Eu... Não sei. Como eu vim parar aqui? O que aconteceu depois de- quase falo sobre meu encontro com meu perseguidor- de nos separarmos ontem?

-Bom, eu tentei te ligar várias vezes, mas seu celular só dava caixa postal. Eu já estava muito preocupado. Fui até sua casa durante a noite, mas não tinha ninguém.

-Como soube que eu estava aqui?

-Essa é a parte mais estranha. Quando eu já não sabia mais o que fazer, recebi uma mensagem de um número desconhecido. Essa mensagem veio anexada com um endereço. Ela dizia "Vá até ele". No começo fiquei um pouco desconfiado, mas aquela era a única pista que eu tinha sobre seu paradeiro. Depois disso, eu segui o endereço. E aqui estou.

-Número desconhecido...

  Depois de nossa conversa, um médico veio conversar comigo. Disse que me trouxeram ao hospital alegando que eu estava delirando em febre. Perguntei se ele sabia o nome de quem tinha me levado, mas ele disse que, por conta da correria do hospital, não perguntou nomes e nem reparou na aparência. Mas disse que se tratava de um garoto que aparentava ter minha idade.

Remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora