O Último Einfield

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-Katherine! Abre a porta!

-Amor? Estou indo. Meu Deus! Você está todo sujo de sangue... O que aconteceu?

-Não foi nada. Eu só...

-PARA COM ISSO!

-...

-Você costuma sumir do nada as vezes... Aí depois aparece todo machucado na porta da minha casa... Eu preciso mesmo perguntar o que você anda fazendo?

-Kate, eu não sabia para onde ir. Sua casa foi a primeira coisa que veio na minha cabeça. Me deixa entrar?

-Não. Não até você me contar a situação.

-...

-Um período de silêncio seguido de um desvio de olhar... Sua resposta padrão pra tudo.

-Entenda que certas coisas eu simplesmente não posso contar.

-Entendo... Nós nunca fomos realmente próximos, não é?

-Kate... Eu...

-VAI EMBORA! EU ODEIO VOCÊ! SOME DAQUI!

-Kate... Kate! ABRE ESSA PORTA! É ASSIM? TUDO BEM. SE VOCÊ QUER QUE EU VÁ EMBORA, EU VOU, MAS EU VOU VOLTAR!

-POR QUE VOCÊ SIMPLESMENTE NÃO SOME DE UMA VEZ? Meu Deus, por que eu fico tão mau quando nós discutimos?

-Talvez pelo fato de você desconfiar tanto de mim. Não estou mais te reconhecendo... Não é a mesma pessoa.

-Tem razão. Acho que seria melhor se eu sumisse... Ou morresse...

                                 -

19/02/14 - Vinte e seis dias e nove horas após o acidente.

                                 -

-KATHERINE!!

  Meu grito de desespero atrai os olhares confusos dos meus colegas de classe. Todos me encaram.

-Senhor Einfield, acho que não deve ter tido uma boa noite de sono, mas isso não é desculpa para dormir durante a aula.

-Sim, senhorita Westwood. Desculpe.

-Que isso não se repita. Em todo caso, vá para a enfermaria. Não parece estar bem.

  Faço como ela diz. Saio da sala e me encaminho até a enfermaria da escola. Juliet não veio na aula hoje... E para falar a verdade, não temos tido contato desde o dia em que descobrimos que Alex perdeu a memória. Também não tenho tido boas noites de sono por conta de tudo que aconteceu, por isso acabei pegando no sono e tive outra lembrança com a Kate... E uma bem conturbada. Estávamos discutindo feio.

-Cara... Que vacilo gritar o nome de Kate justamente durante uma aula da mãe dela- digo a mim mesmo.

  Chego e abro a porta. Não há ninguém no recinto. Entro e me sento em uma das camas enquanto encaro um armário com curativos, gases, faixas e outras coisas. Meu corpo está pesado. Estou sonolento. Por que ela me mandou para a enfermaria se não tem ninguém para me atender?

-Eu não diria isso.

  Essa voz... Eu conheço ela. Olho para meu lado direito e tenho uma visão perturbadora. Me levanto subitamente da cama e vou me afastando de costas... Encarando aquela pessoa, o que faz com que eu tropece em uma das prateleiras. Caio e derrubo algumas gases.

Remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora