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O sino soava sem parar, o ar da sala foi roubado por aquelas palavras. Felipe ficou pálido, assim como eu.

- Me leve até ela.

- Sim, alteza – o guarda assentiu.

O príncipe saiu correndo da biblioteca, e eu fiquei lá parada por alguns instantes vendo o inverno trazer más notícias mas Felipe e para França.

- Você! – outro guarda entrou pela sala e segurou no meu braço sem me dar a chance de explicar – Venha comigo.

Fui levada até o grande salão, onde todos estavam de pé com caras assustadas. Avistei Aurora, mas o guarda não deixou eu me aproximar.

- Ela é a minha irmã – protestei.

- E você, uma suspeita – ele disse, mas eu não entendi nada.

Tive que esperar junto com mais três pessoas: uma criada, um mordomo e a dama de honra da rainha (pelo que eu soube, ela tinha inveja da rainha), em um canto isolado no salão. Logo depois, Marc é arrastado para dentro do salão.

- Solte-me! Eu não fiz nada! – ele gritava tentando se soltar.

Dois guardas o seguravam pelos braços, apesar da tentativa, Marc não era forte o bastante para se soltar.

- Você fica aqui – um deles disse, colocando Marc como 5° quinto suspeito – E sem conversas.

Meia hora depois, o rei entra no salão com o seu filho logo atrás.

- É com pesar que anuncio – ele tenta fazer uma cara de triste, mas ele não me engana mais – Que a rainha Adeline foi assassinada na noite de hoje, com veneno espanhol.

Todos no salão prenderam a respiração por alguns segundos, alguém havia assassinado a RAINHA, a mulher mais corajosa, gentil e honesta que já conheci. Felipe tinha uma expressão de tristeza na face, estava com a cabeça baixa olhando de relance para o pai que agora, tinha o poder de governar o destino da França sozinho, e sem mais ninguém para detê-lo.

- Essas pessoas – James apontou para nós cinco – São os suspeitos pelo assassinato da rainha.

Os presentes olharam para nós, chocados, paralisados e confusos. Camille se encolheu no abraço de Alberth, Aurora abraçou Paula. Todos tentavam achar um conforto, até mesmo Rocksell e Lucie; mas o que eu deveria fazer se a única pessoa que pode me dar conforto, está sendo acusada pelo mesmo crime que eu?

O rei começou a se aproximar, com um sorriso maligno parou na frente do mordomo e perguntou.

- O que estava fazendo acordado fora do quarto, nesta madrugada?

- Estava ajudando a senhorita Waldorf a terminar de polir os talheres.

A empregada concordou com a cabeça, o que fez James passar por mim e parar de frente para ela.

- Isto é verdade, senhorita Waldorf?

- Sim, majestade – ela tremia, enquanto o rei a interrogava.

- Vocês dois eram muito devotos a rainha – James estufou o peito – Tenho certeza de que vocês seriam incapazes de matá-la.

A próxima foi a dama de honra, mas como ela estava passando mal no corredor, ele a poupou. O olhar dele parou sobre mim e eu o encarei.

- A garota pobre...senhorita Ayla Miller

- Ayla é inocente – Felipe falou pela primeira vez dede a biblioteca – Ela estava comigo na biblioteca.

- E o que os dois estavam fazendo na biblioteca real, a essa hora? – O rei não tirava os olhos de mim, assim como os demais.

- Eles estavam conversando, majestade – o guarda que levou Felipe se pronunciou – Eu sou testemunha dos dois.

- Três – o príncipe disse antes que o rei se virasse para interrogar Marc – Marc estava comigo e com Ayla.

- Você viu os três? – James voltou a se dirigir para o guarda.

- Não, majestade. Só haviam duas pessoas na biblioteca: senhorita Miller e o príncipe.

Alguém tinha que fazer alguma coisa. Meu coração disparou quando o rei parou diante de Marc, pronto para dar o veredito.

- Ele saiu antes que o guarda chegasse – falei firme na esperança que eles acreditassem.

James se afastou, e caminhou para o lado do filho. Todos acompanharam com os olhares penetrantes e cansados; Marc tinha a expressão triste, como se ele soubesse que nada iria ajuda-lo.

Ele não era culpado, sabia que não. A família dele entendia de venenos importados, mas isto não significa que ele usaria esses conhecimentos para o mal. . Lágrimas caíam pelo meu rosto, assim como todos no salão, menos o Rei, Felipe e Marc.

- Madames e cavalheiros, quero que descanse enquanto esse caso é solucionado – o rei disse como se a morte da rainha não tivesse sido nada – O culpado será punido. Agora vão.

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