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Todos começaram a se retirar do salão, Felipe saiu marchando tentando esconder as lágrimas de sua perda. Antes que eu pudesse me mover, Marc parou na minha frente e segurou o meu rosto.

- Ayla, pode me prometer uma coisa?

- Claro, qualquer coisa.

Ele respirou fundo e olhou fixamente para mim.

- Promete que não importa o que aconteça, você nunca vai deixar de me amar? Promete que não importa quanto tempo leve, o seu coração ainda vai ser meu?

Eu sabia exatamente o que ele estava fazendo. Não tinha razão para prometer uma coisa dessa, porque iriamos ficar juntos, nada iria nos separar.

Marc esperava a minha resposta com os olhos marejando assim como os meus; tente evitar piscar, mas as lágrimas correram rápido de mais.

- Eu não preciso prometer. O meu coração sempre foi seu e sempre será.

Depois de falar aquilo, desabei em seu ombro o abraçando com tanta força, que pensei que poderia evitar o que para ele, era fato. Senti as lágrimas de Marc molharem o topo da minha cabeça, ele me abraçava forte.

- Eu te amo – ele disse entre soluços.

- Eu também te amo.

- Pra sempre?

- Pra sempre – as palavras que sempre me trouxeram alegria, hoje se tornam facadas no meu coração.

- Tenho que falar com você – o rei James estava parado na sala vazia, nos observando.

Abracei Marc com mais força implorando para ele não me soltar, mas o rei era impaciente e gritou.

- AGORA!

Demos um pequeno pulo por causa do susto, Marc começou a me soltar.

- O que ele vai fazer com você? – perguntei ainda chorando.

- Não importa. Eu sempre vou voltar – ele enxugou as minhas lágrimas e beijou a minha testa.

Mesmo chorando, lancei um olhar frio para o rei enquanto Marc caminhava até ele. Acho que não tem coisa pior do que deixar o amor da sua vida ir, sem ter a certeza se o verá de novo.

- Saia senhorita Miller – James ordenou mas eu não me mexi.

- NÃO! Eu vou ficar aqui – não iria deixar Marc sozinho com esse homem.

- Ayla – Marc se virou para mim, ainda com lágrimas nos olhos – Pode ir, eu vou ficar bem.

Sei que ele não tinha certeza disso, eu não queria ir embora, mas se eu não fosse poderia ser pior. Olhei para o chão, e saí correndo, porque se não fosse assim, eu não teria coragem.

Subi as escadas até o terceiro andar, não queria ir para o meu quarto, não queria ir para nenhum lugar que não fosse os braços de Marc. Acabei optando pelo carto dele; Demian devia ter ido dormir na sala de costuras, porque não havia ninguém lá.

Fui até o banheiro lavar o meu rosto e tentar me acalmar, tive que respirar fundo cinquenta vezes até conseguir parar de chorar. Puxei a coberta da cama de Marc, iria esperar ele voltar e dormir comigo como fazíamos antes de tudo isso acontecer.

Apesar de tudo, o sono me consumiu rapidamente; abracei as cobertas fingindo ser o corpo macio e perfeito do meu amor. Eu podia sentir os braços dele, o cheiro, os beijos...tudo tão real, que pude pensar que toda a confusão da madrugada não passava de um sonho ruim, e que quando o sol nascesse, Marc estaria deitado sorrindo para mim.

...

Abri os olhos e logo senti uma pontada na cabeça, o sol brilhava apesar dos primeiros flocos de neve estarem começando a cair. Ainda deitada olhei em volta, o quarto estava vazio. Paula abriu a porta do quarto de vagar, Demian, Elisabeth e Amara estavam atrás dela; todos de preto.

- Senhorita Ayla... – Paula disse, mas logo pude ver as lágrimas caírem de seu rosto.

Comecei a chorar; sabia o que ela ia me dizer mas eu não queria ouvir. Cada soluço me fazia engasgar e a tossir, escondi meu rosto no travesseiro, agarrei as cobertas com força. Os quatro vieram me socorrer, Paula foi buscar água, enquanto Elisabeth segurava a minha mão, Amara acariciava as minhas costas e Demian fazia cafuné nos meus cabelos vermelhos e bagunçados. Eu não queria nada daquilo, queria Marc, só ele faria o vazio do meu peito sumir; mas eu não o tinha mais em meus braços...

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