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Ele me levou para uma área que eu ainda não conhecia, passamos por um jardim oculto até chegarmos a uma estrutura que pelo que eu li, era montada apenas em ocasiões importantes aonde a família real faria um pronunciamento importante ao povo. Muitos guardas estavam espalhados pelo terreno e em volta do muro – caso alguém quisesse passar, seria impossível – todos prontos para qualquer problema.

- O que eu tenho que fazer? – pergunto para Felipe enquanto subimos na escadaria que levava a sacada.

- Só tem que sorrir e ser linda – ele sorriu e beijou a minha mão – O que não é um problema para você.

Fiquem sem jeito com o elogio. Ele era tudo o que uma garota sempre sonhou: Lindo, romântico, corajoso, engraçado, gentil, educado e ainda por cima príncipe; ele era o encantado que toda menina sonha em ter. Quando finalmente chegamos, dois homens tocaram uma trombeta dourada anunciando a nossa chegada; todos os murmurinhos que ouvia desde a metade da escada parou, todos se calaram e ficaram imóveis com a nossa presença.

- Queridos súditos – apesar da voz confiante, Felipe não estava 100% tranquilo, pude sentir a mão dele gelar assim que pisamos aqui – É com muita alegria que hoje lhes apresento a minha futura esposa e vossa princesa, senhorita Ayla Miller.

Ao ouvir meu nome consegui identificar duas reações diferentes: 1° O congelamento da minha barriga (algumas pessoas só sentem um friozinho na barriga em diversa situações, como o primeiro beijo, a descida da montanha russa ou a decolagem do avião....coisas simples mas que são mais tranquilas do que virar a princesa da França) e a 2° todos começaram a gritar e bater palmas, os repórteres filmavam tudo

enquanto vários fotógrafos garantiam a foto da primeira página do jornal do dia seguinte. Mesmo nervosa, sorri e acenei para todos, ter o apoio do povo me deixava mais tranquila em relação as ameaças do rei, que havia acabado de chegar e se posicionar ao lado do filho. Passeis os olhos para tentar gravar alguns rostos; não encontrei nenhum até olhar para a primeira fileira de pessoas e ver a mesma menina do cemitério segurando um buquê de rosas vermelhas, ela estava séria mas parecia que uma lágrima escorria de seu rosto.

- O que houve? – o príncipe perguntou assim que meu sorriso desapareceu.

Eu não conseguia respirar, de repente todo o oxigênio parecia ter sumido.

- Ayla, o que foi?

Tudo girava, tive que me segurar em Felipe para não cair. O que ela queria comigo? Por que está aqui? O que significa?

- Tragam água! – ouvi a ordem ao longe e em segundos minha visão ficou preta e meu corpo vacilou – Ayla!!

...

" Pessoas corriam, gritavam e choravam ao ouvir o barulho das armas e ver os corpos sem vida no chão. O sangue tingia a neve branca anunciando que a guerra não pararia até que a última gota caísse e não sobrasse um só coração inocente para salvar aquela terra.

Meu corpo estava imóvel, minhas roupas eram apenas trapos e tudo parecia maior; as pessoas eram mais altas, o fogo que destruía as casas era gigante...apenas o mar de sangue ficava mais próximo de minhas mãos e da rosa branca que eu segurava. Homens lutavam por suas vidas miseráveis até o último suspiro ou até a primeira bala perfurar os seus corações guerreiros; vários deles tinham fogo e desejo de poder nos olhos, mas um em particular chamou a minha atenção; apesar da minha visão estar embaçada pude ver que os olhos dele brilhavam cada vez que ele disparava a arma mortal; sua roupa era de soldado, não o francês, mas de algum outro lugar além do mar.

O homem com o brilho da morte olhou em minha direção e sorriu, tentei me mexer mas era impossível pois o medo tomou conta do meu corpo; ele andou até mim e eu estendi a rosa branca para ele na esperança que ele aceitasse e fosse embora, mas ele apontou a arma mortal para o meu peito.

- Nenhuma alma boa vive para sempre.

Tentei correr ou gritar, mas a bala de ferro atravessou o meu peito levando todo o oxigênio do meu peito, tudo começou a girar até que tudo ficou escuro. A rosa branca que eu segurava, se tingiu de sangue e ficou vermelha para sempre".

Acordei com um pulo, meu quarto estava frio por causa da janela aberta, a toalha molhada que estava em minha testa caiu em cima do cobertor; presumi que depois do meu desmaio fui trazida para cá e recebi cuidados médicos. Ainda um pouco tonta, olhei para o meu criado mudo que tinha um buquê de rosas vermelhas colocadas em um vaso e apenas uma rosa branca estava posicionada no meio das outras, um bilhete havia sido deixado ao lado das flores.

"Cuidado, o brilho da morte ainda queima nos olhos dele"


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