Au Revoir

7

- Preciso falar com o rei – disse ao guarda que bloqueava a porta do escritório real.

- Ele está de luto, não quer ver ninguém.

- Ah sim e eu sou uma lagosta – Debochei enquanto o empurrei e abri a porta.

- Você não pode...

- Deixe ela – James ao me ver invadir o escritório – Espero que essa invasão valha o meu tempo.

- Quero mudar agora para o meu quarto no quinto andar – digo e ele sorri.

- Então resolveu aceitar de bom grado...

- Sim – não, mas precisava de privacidade para chorar e ver o envelope – Posso mudar agora?

- Mande suas criadas fazerem a mudança.

- Não, eu faço sozinha.

Ele já devia imaginar que eu faria isso, então nem contestou.

- Quase me esqueci, sua irmã dormirá no seu antigo quarto junto com as modelos.

- Mas ela é uma criança, tem que ficar...

- Não estou aberto a questionamentos, ela fica lá e ponto final – ele me interrompe.

Saio marchando e vou pegar as minhas coisas – que não eram muitas, mas por conta das novas roupas tive que pedir ajuda para Paula.

- Obrigada pela ajuda...

- É um prazer – ela disse guardando o meu vestido vermelho que eu usei na minha primeira entrevista de modelo – Precisa de mais alguma coisa?

- Não, obrigada.

- Se precisar, pode me chamar.

Quando ela saiu, tirei o envelope do bolso e tirei uma carta de dentro; pude reconhecer o perfume de Marc.

" Querida Ayla,

Hoje você veio desesperada no meu quarto por causa dos pesadelos que te fazem ter medo do escuro, eu só queria poder ter te beijado e ter te trazido para dormir abraçada comigo, mas não sei se sou merecedor do seu amor...

Eu faria qualquer coisa pra te manter segura e nunca te ver chorar, eu te amo e me dói ver você magoada ou com medo. Sei que nunca vou ter coragem de lhe mostrar esta carta, mas acho importante guardar os meus sentimentos por você, então lá vai:

EU TE AMO! Você é a garota mais linda que eu já vi, não que a beleza seja a sua única qualidade, mas o seu sorriso...toda vez que eu o vejo, eu me apaixono cada vez mais. Espero um dia poder ter uma chance de te fazer feliz, mas se não tiver, o cara que tiver o seu coração terá uma parte do meu também porque cada parte de mim vive em você, mesmo sem você saber.

Com amor, seu Rei dos Smokings"

Terminei de ler a carta que eu nunca imaginei que existisse e agradeci por estar sozinha naquele quarto rosa e luxuoso de princesa. Porque aquela menina havia me dado isso? Como ela conseguiu aquilo? – não fazia sentido algum. Apesar das perguntas sem respostas, aquela carta era de Marc e aquilo já bastava; deitei na cama e abracei a carta sentindo de leve o cheiro do perfume dele, a saudades só aumentava e saber que aquele papel era a única coisa que eu teria para me consolar. Fechei os olhos e deixei as lágrimas correrem pelo meu rosto e molharem o travesseiro rosa.

...

Acordei com um toque suave no meu rosto, por um momento pesei que fosse de Marc, mas quando abri os olhos vi Felipe sentado na minha cama.

- Desculpe te acordar, você é linda dormindo...

- Sem problemas – Olhei para a mesa dourada que ficava perto da sacada e percebi que havia uma bandeja com um almoço intocável esperando pela minha fome – Não estou com fome.

- Você precisa comer.

- Não estou com fome – repeti, e só ai eu reparei que o papel de parede era branco com rosas vermelhas, o que me lembrou das rosas que Marc me deu no nosso baile no terraço. Comecei a chorar.

- Não chora, Ayla – ele se aproximou e me abraçou – Eu só queria que você comesse...

- Não é isso, rosas me lembram o Marc.

Ele observou o quarto e me fez deitar em seu colo.

- Tiraremos esse papel de parede o mais rápido possível e você poderá escolher a cor que quiser.