Capítulo 6

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Salinidade

A água dos oceanos contém, em solução, uma quantidade variável de sólidos e de gases. Em 1000g de água salgada podemos encontrar cerca de 35g de substâncias dissolvidas que se englobam na designação geral de sais. Em outras palavras, 96,5% da água salgada é constituída por água e 3,5% por substâncias dissolvidas. A quantidade total destas substâncias dissolvidas é designada salinidade. A salinidade é, habitualmente, definida em unidade padrão de salinidade (UPS). As substâncias dissolvidas incluem sais inorgânicos, compostos orgânicos provenientes dos organismos marinhos e gases dissolvidos. A maior parte do material dissolvido é composta por sais inorgânicos presente sob a forma iônica. Seis íons inorgânicos totalizam 9,28% em peso da matéria sólida. Quatro íons adicionais representam 0,71% em peso de tal modo que estes dez íons totalizam 9,9% em peso das substâncias dissolvidas. A salinidade nos oceanos pode variar entre 34 e 37 UPS, e a sua média é de aproximadamente 35 UPS. Apesar desta variação a proporção relativa dos diversos sais mantém-se sensivelmente constante. As diferenças de salinidade são devidas à dinâmica entre a evaporação e a precipitação. Os valores mais elevados são registrados nas regiões tropicais onde a evaporação registrada é elevada, e os valores mais baixos podem ser observados nas zonas temperadas. A salinidade nas regiões costeiras é mais variável e pode oscilar entre valores próximos de 0 UPS nas regiões adjacentes a estuários e valores por vezes superiores a 40 UPS no Mar vermelho e no Golfo Pérsico.

A salinidade, em mar aberto, não é muito variável; possuindo valores aproximados de 35 UPS (lê-se trinta unidades padrão de salinidade), equivalente a 35 g de sal em um quilo de água; com extremos medidos em 34 e 37 UPS . No Mar Vermelho, o mais salgado dos mares, a salinidade média é de 40 UPS.

O Mar Morto é o corpo d’água mais salgado do mundo, possui salinidade sete vezes maior do que a do mar. Cerca de um terço do seu volume é constituído por sais. Nessas condições, apenas sobrevivem organismos unicelulares pouco complexos.

As pequenas variações locais na salinidade superficial do mar ocorrem devido às chuvas, evaporação e atividade biológica consumidora de sais. A salinidade tende a ser maior nos trópicos em conseqüência das altas taxas de evaporação. Suprimentos novos de sais são fornecidos pelos rios, aproximadamente na mesma taxa em que são consumidos pelos diversos processos físicos, químicos e biológicos.

A presença de sais na água marinha diminui seu ponto de congelamento para –1,9°C. A densidade da água salgada decresce consideravelmente após a congelamento o que resulta na flutuabilidade dos gelos.

Somente atua como um fator limitante nos estuários (áreas da costa onde deságuam rios), onde as variações podem ser drásticas.

As espécies aquáticas, em relação à capacidade de suportar grandes variações de salinidade, podem ser divididos em euri-halinas e esteno-halinas.

São euri-halinas as espécies que suportam variações na salinidade. Incluem as espécies estuarinas (de água salobra) ou as capazes de mudar de água doce para marinha, ou vice-versa, como o salmão.

As espécies esteno-halinas não suportam variações, tendo que viver em concentrações salinas aproximadamente constantes, como acontece com a maioria dos peixes marinhos.

A salinidade afeta muito a vegetação de dunas e mangues, determinado a distribuição de espécies na faixa litorânea. Um exemplo disso foi estudado nas dunas da Carolina do Norte (EUA), onde a aveiado-mar (Uniola paniculata) predomina no lado da duna exposto ao mar, de onde o vento vem carregado de sal. No lado protegido da duna, ocorre a predominância do capim-da-praia Andropogon littoralis.

As espécies que vivem em áreas submetidas a variações bruscas na salinidade, como os estuários, podem ter como adaptação a pele impermeável, valvas capazes de se fechar, capacidade de osmorregulação (controle da concentração salina do citoplasma) ou possuir glândula excretora de sal.

O pH é um indicador da acidez dos líquidos, que mede a concentração de íons H+ em uma escala de 1 a 14. O valor 7 indica uma substância neutra, nem ácida, nem alcalina. Valores tendendo a 1 indicam acidez crescente. Valores crescentes acima de 7 significam que o líquido é progressivamente alcalino.

As células somente conseguem manter normal seu funcionamento dentro de uma faixa muito estreita de variação de pH. O valor do pH do meio afeta o desempenho das enzimas e podem viabilizar ou não a ocorrência de reações químicas espontâneas. Condiciona também várias reações químicas no meio marinho que dissolvem ou precipitam nutrientes que mantêm o ecossistema marinho.

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