Vida depois da Morte

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Olho para o Felipe à espera que ele se começe a rir e diga que está a brincar, mas ele não o faz.
Começo a rir nervosamente.

-Hahahaha. Apanhaste-me foi a minha família que programou isto tudo?- digo

-Infelizmente não. Diz-me, do que te lembras. Qual é a tua última memória.

Esforço-me para me lembrar. Lembro-me de me sentir a cair e depois ficar tudo escuro. De estar perdida. De ver uma luz. De uma voz.

-Não me lembro muito bem. Só me lembro de partes. De ter a sensação de estar a cair, de estar tudo escuro, de me sentir perdida, depois ouvi uma voz e vi uma luz- digo mais para mim do que para o Felipe, mas sei que ele ouviu.- A voz..., a voz.

Depois de eu ter repetido estas palavras ele fita-me curioso.

-Uma voz que disse que não estavas pronta?

Olho para ele.

-Isso mesmo. Como é que sabes?

-Porque também ouve uma voz que me disse isso.- diz o Felipe fazendo um pequeno sorriso.- Pelo que me contaste só chegaste cá hoje, mas é possível já estares morta a alguns dias. Depende de pessoa para pessoa quanto tempo demoram a ver a luz. Eu por exemplo cheguei cá há uma semana. Desde aí estou perdido. Não há aqui ninguém. Só eu.- ele olha para mim e sorri- E tu.

Ele começa a andar e eu sigo-o.

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Chegamos a uma pequena casinha abandonada. Entramos lá dentro. Por incrível que pareça está bem cuidada. Tem uma pequena cama, uma mesa, uma estante, um candeeiro, um sofá, uma televisão e mais algumas coisas.

-Isto é de quem?- pergunto.

-É meu. Quer dizer era. Ou não? Não sei.- diz atrapalhado.- era aqui que eu as vezes vinha.

O olhar dele torna-se mais profundo.

-Onde podia ser eu mesmo. Era o meu refúgio. Agora nada faz sentido.- continuo.

Fazem-se segundos de silêncio.

-Eu... Eu compreendo-te.- digo em voz baixa.

E ficamos ali os dois, nos nossos pensamentos, mas interligados.

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