A Aposta

Aloha

Acordei sentindo uma mão grande e quente na minha barriga, abri os olhos devagar tentando me acostumar com a claridade que vinha da janela, vi que era a mão de Shawn. Coloquei meus óculos e vi as horas no celular, eram 7:17 da manhã e eu já estava acordada, que droga.

Troquei de roupa e fui procurar uma padaria, que, graças a Deus, era bem perto do apartamento. Comprei pão, leite, café e um remédio para dor de cabeça para Shawn que acordaria com a cabeça explodindo.

Entrei em casa que, pelo que parecia, Shawn ainda não havia acordado. Fiz café e arrumei a mesa que ficava na cozinha. Tomei o meu café e fui explorar a casa. Descobri uma sacada na sala, que era enorme e moderna, tinha um piano de cauda branco, uma sala de estar com um grande lustre que, particularmente achei exagerado, uma área de serviço e um pequeno escritório. Por que essa gente milionária adora lustre? Fui pro andar de cima e vi dois quartos de hóspedes, o banheiro que eu conheço bem e um estúdio de dança. Minha boca se abriu e eu estava a baita de um ataque do coração. A sala tinha muitos espelhos, barras, um sofá de dois lugares verde e um closet com minhas sapatilhas e roupas de treino e de algumas apresentações. Coloquei uma sapatilha, tirei os óculos e liguei o meu celular na caixinha  via bluetooth que tinha ali. Comecei a dançar empolgada passos aleatórios . Tenho mania de dançar de olhos fechados e quando a música acabou abri meus olhos e lá estava ele. Shawn estava com uma calça de moleton e uma blusa branca, estava me observando. Bateu palmas e pôs as mãos nos bolsos.

- Além de pianista, santinha, cozinheira, cantora é uma balairina razoavelmente boa.- Coloquei os meus óculos para voltar a enxergar outra vez.

- Razoavelmente boa? Sabia que eu recebi vários convites para audições de escolas renomadas no ramo da dança? Aliás, mês que vem eu tenho uma audição, tenho um recital que terá vários olheiros.- Ele se aproximou de mim ainda com as mãos no bolso.

- Você fica bem mais bonita com ele.- Disse próximo de mim.

-  Já tomou café?- Me afastei e ele balançou a cabeça que sim.- Acho que sua cabeça deve estar doendo.- Tirei minhas sapatilhas enquanto falava.

- Além das outras qualidades é vidente agora?- Disse rude.

- Não, é que depois de cantar Billie Jean no corredor acho que era o mínimo a se sentir. Era vergonha ou dor de cabeça.- Ele colocou as mãos no rosto.

- Não acredito.- Se jogou no sofá.

- Foi cômico, até tentou fazer o Moonwalker. Tem una cartela de remédio na mesa da sala.- Apontei para a porta e ele aaiu sem ao menos agradecer. Fui pro quarto e comecei a arrumar a mala, só naquele momento percebi que a cama estava já arrumada e sorri por isso. Pelo menos isso ele era capaz de fazer. Desci as escadas que pareciam ser mais brilhantes que os lustres. Vi Shawn dormindo no sofá, que garoto mais preguiçoso. Fui pra cozinha ver o que tinha pro almoço e não tinha nada.

Fui ao mercado que vi quando fui a padaria, comprei arroz, frango e alguns legumes. Voltei pra casa e o meu celular tocou.

- Abie.

- Mart, que honra. Que bom  que você me ligou.

- Estou com saudades Abie.

- Eu também estou com saudades. E como anda o ballet? A Madame Cossete colocou quem pra treinar com você durante essa semana?- Ele disse indignado.

- Chuta que é despacho. Mary Jane acredita nisso?- Escutei a buzina de uma carro de fundo.

- Ah, Mart é a cara dela fazer isso.- Ri alto.

- E o Shawn está te tratando bem né?- Bufei o observando babar na almofada do sofá.

- Na medida do possível. Já sabe que vamos pro Havaí?