A Aposta

Pesadelo

Estava no quarto quando escutei muitas vozes vindo do andar de baixo o que me fez ficar em estado de alerta.

- SHAWN, RÁPIDO, DESCE AQUI, RÁPIDO.- Mart gritou do andar de baixo e eu desci correndo encontrando Abie deitada no sofá e Mart ajoelhado ao seu lado, me ajoelhei ao lado de Mart que estava transpirando desespero.

- O que houve Mart?- Ele xingava baixinho.

- Eu contei que estou com câncer e ela desmaiou.- Ele negou com a cabeça.- Abie é muito sensitiva, como eu fui burro, sabia que ela não ia reagir bem.

- Espera, você está com câncer?- Olhei para ele triste.

- Sim, depois eu explico, precisamos cuidar dela.- Concordei com a cabeça voltando minha atenção para Abie.

- Carla.- Chamei minha babá que me ajudou em várias vezes em que eu chegava bêbado demais para saber contar de um á dez sem me perder.

- Aí minha nossa mãe. - Ela correu até mim analisando a minha esposa no sofá.- Pobrezinha, quer que eu chame uma ambulância meu filho?

- Não.- Respirei tentando raciocinar.- Lembra quando eu desmaiava e você me acordava?

- Claro, álcool em um algodão. Quer que traga?- Fiz que sim com a cabeça e minha babá saiu correndo para o banheiro enquanto eu abanava Abie.

Aquilo era tão nostálgico e ruim, no baile em que Gabriela morreu me lembro de ir ajoelhado ao lado da maca dela e o que me desesperava mais era que eu já era totalmente apegado a ela.

Carla voltou correndo com um pedaço de algodão e um vidro de álcool em suas mãos, coloquei um quantidade generosa do líquido em um pedaço de algodão e passei perto do nariz da minha esposa.

- Vamos Abie, acorda.- Ela abriu os olhos inchados e começou a chorar, eu a abracei tentando confortar mas eu sabia que aquela dor era enorme e que ninguém além do tempo poderia curá-la. Quando você toma ciência de que alguém próximo está correndo perigo é como sua bolha fosse estourada e tudo aquilo que um dia você sempre prezou tivesse na corda bamba.

- Abie, não pode me assustar desse jeito.- Mart falou abrindo os braços e Abie se jogou neles, eu entedia como ela estava se sentindo, ela queria estar com ele, não queria perder tempo. Carla trouxe um copo de água com açúcar para Abie que tremia da cabeça aos pés. Mart recebeu uma ligação da irmã pedindo pra que ele voltasse para casa no caminho encontramos Lindsey que estava com um vestido branco com algumas flores cor de rosa.

- Shawn, Abie, está tudo bem?- Ela perguntou passando a mão nos ombros de Abie que estava com o rosto inchado.

- Mais ou menos.- Disse fungando e forçando um sorriso.- E nossa pequena, como está?- Abie acariciou a barriga de Lindsey.

- Bem.- Lindsey sorriu meio preocupada com Abie.

- Ah, esse é o meu melhor amigo, Martin.- Mart sorriu e apertou a mão de Lindsey que sorria sem tirar o sorriso do rosto.- Mart, essa é Lindsey, e essa é a Lorena.-Disse apontando para a barriga redonda de Lindsey.

- Ele será tão bonita como a mãe.- Mart jogou charme.

- Ah, quero muito isso também, não gostaria que ela se parecesse com o pai.- Todos entramos no elevador.

- Ele não está aqui?- Mart estava jogando todo o seu chame para Lindsey que estava jogando todo o charme para cima de Mart enquanto eu e Abie observavamos tudo.

- Ele me deixou assim que eu soube estar esperando a Lorena.- A grávida olhou para a própria barriga e a acariciou em um movimento circular.

- Eu sinto muito. - Mart disse.-Querem sair um dia? Eu sou uma boa companhia, Abie está de prova.- Abie sorriu.