Capítulo XIV

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Capítulo 14

E lá estava eu,indo em direção ao lago,tão vermelha quanto as flores silvestres existentes na campina.A idéia de ficar tão exposta não me agradava,principalmente com Robin ali.

Robin...

Regina sorriu timidamente para mim,o sol reluzia em seu rosto ruborizado e em seus dentes.

Ela entrou vagarosamente no lago,com a graciosidade de uma Rainha.Mesmo usando minha camisa e estando tão vulnerável,consegui imaginar como ela era antes disso tudo.Me perguntei se ela se aproveitava de seu rosto de anjo,para fazer as inúmeras maldades,que eu sei que ela praticou.

Mas naquele exato momento,quando Regina emergiu da água ,e abriu um sorriso para mim,eu esqueci de todos os pensamentos sórdidos sobre ela.Decidi que a pessoa que ela foi antes não importava mais para mim.Ela mudou.Eu acredito.Não sei o motivo que à fez mudar.Nem sei mesmo se ela mudou.Mas eu acreditava.

Ela nadou ao nosso encontro.

ROLAND:Regina! -gritou

Roland foi ao encontro dela e a abraçou.Quase senti inveja dele por isso.Eu não podia abraçar Regina.

REGINA:Este lugar é incrível

ROBIN:É um pedaço do paraíso

Começamos a salpicar água um no outro.Naquele instante queria poder parar o tempo.A água respingava para todos os lados.Gargalhadas e o barulho da água quebravam o silêncio do lugar.Nós ostentávamos um sorriso largo visível apesar da água sendo salpicada em nossos semblantes.E a felicidade encheu meu peito.

(...)

Narrador...

Robin andava calmamente ao lado de Regina,cada um levando uma cesta nos braços.Roland,por sua vez,andava na frente desviando e brincando com os ramos e galhos da floresta.

Já estava escurecendo e os três voltavam para casa,só a presença de Regina e Roland já aqueciam o coração de Robin.Eles ainda pensavam na maravilhosa tarde em que passaram e tentavam entender como a vida podia tomar rumos inacreditáveis.

ROBIN:Regina... -chamou ,quebrando silêncio

Ela fitou o loiro com seus grandes olhos castanhos.

REGINA:Fale

ROBIN:Fico feliz que tenha aceitado vir conosco

REGINA:Eu também fico feliz de estar aqui,tudo hoje foi incrível,acho que uma das melhores tardes que já tive em um longo tempo. -sorriu ao falar isso

Robin sorriu de volta,ficou feliz em saber que proporcionou felicidade a Regina.

ROBIN:Como era sua vida no castelo?

Seu sorriso murchou

REGINA:Não gosto de falar de lá,minha vida era cheia de luxos,mas vazia das coisas mais importantes.Entendes?

ROBIN:Sim

REGINA:Olhes agora,eu estou vestindo apenas uma camisão,que nem é meu, e meu cabelo está molhado e despenteados,mas estou extremamente feliz.

Robin não sabia o que dizer,pensou em falar algo como "pode estar desarrumada,mas continua linda" ou "tu ficas linda deste jeito" mas não disse nada destas coisas melosas,ele não queria demonstrar o que sentia,uma vez que não sabia o que se passava no coração dela.Então optou por ficar em silêncio.

REGINA:Que pena que não durará por muito tempo

Ele parou de a olhar.

REGINA:Quero dizer,eu sou sua prisioneira,sei que me deixa sair e passar um tempo com tu e com Roland porque tem pena de mim e acima de tudo,honra,não me deixaria trancafiada como um animal.

ROBIN:Sinto muito por isso

REGINA:São os fatos,eu sei que se tu pudesse não me entregaria para aquele homem.Não me importo.

ROBIN:Como não?

REGINA:Robin,tu não entendes?!Eu não tenho ninguém nesta vida que se importe comigo.Faça o que tiver que fazer

Ele se entristeceu

ROBIN:Mas não sente medo?Não há algo pelo o que lutar?

Regina queria dizer que valia a pena lutar por sua vida,mas sentia medo pela de Robin e Roland.Não queria machucá-los .Ela também sabia o quanto André era perigoso.

REGINA:Eu sinto medo,sim.Mas não há nada pelo o que lutar.

A conversa foi interrompida quando viram a casa logo a frente e Regina deu a desculpa que precisava de um banho.

(...)

Mas tarde naquela noite....

Todos estavam jantando,o pobre Roland não entedia o porque do silêncio,a tarde tinha sido maravilhosa e ele se divertira muito,logo não via motivos explícitos para seu pai e Regina não conversarem,nem mesmo se olharem.

Mais tarde Regina colocou o menino para dormir lhe contando uma história.Roland as amava.E ouvia tudo atentamente para não perder nenhum detalhe da aventura.Regina narrava as história de modo que pareciam realmente verdade.E isso o fascinava.Do mesmo modo que fascinava um Robin que ouvia tudo por detrais da porta.

Regina abriu a porta de repente e deu de cara com Robin.Os dois sentiram uma onde de eletricidade que emanava dos corpos enquanto se fitavam.Regina se afastou e murmurou um "boa noite" ainda em êxtase por ter Robin tão perto.

ROBIN:Regina... -chamou

REGINA:Sim?

ROBIN:Eu ...deixa para lá -então mudou de assunto -Hã ...tu poderia tomar conta de Roland depois de amanhã para mim?Eu preciso sair para resolver algumas coisas.

Ela somente assentiu,tampouco lhe perguntou que coisas ele faria,ele sabia o quanto ela era curiosa.E por fim ele murmurou um "durma bem".Ele seguiu para o seu quarto e Regina seguiu para o cômodo onde tinha sido montado a cama.Logo a casa mergulhou em um grande silêncio.

(...)

9 DE MAIO

Regina...

Eu estava sentada na cama com um livro nas mãos,mas não o lia.O dia estava nublado e sem graça,Roland estava na escola e Robin fazia alguma coisa lá na sala,na qual eu não tinha interesse em ver o que era.

Eu simplesmente não queria tornar as coisas difíceis,eu não queria me apegar a Roland,e tampouco queria que ele se apegasse a mim.Não queria vê-lo sofrer,ele já tinha perdido a mãe,e não queria o ferir mais.

Não estava me comparando a mãe dele,até porque eu não a conheci,e imagino que Roland não a substituiria,mesmo ele tendo me chamado de mãe.Já Robin tem se mostrado carinhoso comigo,mas eu não podia confundir as coisas.Não poderia confundir cuidado com amor.

No passeio de ontem,estar com ele pareceu ser a única coisa que faria sentido em minha vida,e no exato momento em que esse pensamento me ocorreu,sabia que era um cenário perigoso na minha história,no qual o fim seria trágico,novamente.

Eu não iria me iludir.Não queria tornar as coisas mais complexas,sequer queria admitir que estava apaixonada por Robin de Locksley.Eu tinha passado somente dois meses na companhia dele,e mais da metade do tempo eu ficava trancafiada no quarto.E agora neste mesmo quarto ouvindo a chuva lá fora e com o livro já fechado no meu colo,eu tinha certeza que eu só podia estar ficando doida.

Continua...

Púrpura Régia Onde histórias criam vida. Descubra agora